Em suas matérias sobre a luta contra o ebola, a Time citou apenas alguns profissionais da saúde dos EUA e africanos, as forças especiais do Médicos Sem Fronteiras e os trabalhadores da associação de ajuda humanitária cristã Samaritan's Purse, o que foi repercutido em todos os meios de comunicação. Mas os profissionais da saúde cubanos que foram à África Ocidental representam boa parte da equipe internacional que atualmente combate a epidemia.
Cuba enviou médicos e enfermeiros para os países afetados pelo vírus, especialmente Libéria, Serra Leoa e Guiné, sendo 461 no total, mais do que qualquer outra nação.
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A ilha foi o país que mais se envolveu na campanha contra a epidemia do ebola. Quando a ONU (Organização das Nações Unidas) e a OMS (Organização Mundial da Saúde) fizeram o pedido de assistência internacional contra a doença, Cuba foi o primeiro país a se apresentar para ajudar.
Em outubro, o secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, através de seu enviado à Havana, David Nabarro, agradeceu o empenho de Cuba e ressaltou que o total de trabalhadores cubanos é maior que a soma de todos os outros países juntos, maior que o do Médicos Sem Fronteiras ou da Cruz Vermelha.
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No mês anterior, Ban já havia elogiado "a resposta extraordinária" das autoridades cubanas aos pedidos de ajuda feitos pela ONU, assim como a diretora geral da OMS, Margaret Chan, que ressaltou o papel protagonista de Cuba na medicina mundial e sua solidariedade com outros países. "Espero que o anúncio feito hoje pelo governo cubano estimule mais países a dar seu apoio", acrescentou na ocasião.
Enquanto o mundo tremia de medo dos efeitos do ebola, mais de 15 mil profissionais de saúde em Cuba se ofereceram para salvar a população do oeste da África da terrível epidemia, apesar da alta taxa de mortalidade de trabalhadores desse setor na luta contra o vírus.
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Um dos agentes humanitários cubanos que se arriscou a ir combater o ebola na África foi o médico Félix Báez, que acabou por contrair a doença em novembro, enquanto trabalhava no atendimento às vítimas em Serra Leoa. Ele foi tratado na Suíça e se encontra em Havana, recuperando-se para voltar à África para salvar mais vidas, mesmo após esse terrível acontecimento, o que demonstra o imenso sentimento de solidariedade e comprometimento dos cubanos com os outros povos do mundo inteiro.
A Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância) agradeceu o apoio de Cuba na luta contra o ebola e pede ainda mais a ajuda da ilha para o futuro. "Estamos realizando uma série de encontros com nações que oferecem uma cooperação efetiva como é o caso de Cuba, para contar com sua ajuda no ano que vem nos programas da Unicef para ajudar nações africanas", disse Brigitte Helali, representante do órgão para a África Central.
Cuba também colabora na preparação de profissionais de 53 países da América Latina e África, com o objetivo de transmitir os conhecimentos adquiridos pelas brigadas médicas da ilha que trabalham nos países africanos afetados pelo ebola e desenvolveu e está testando uma vacina contra o vírus, que deve ficar pronta em 2015.
Atualmente, mais de 4 mil médicos cubanos trabalham por todo o continente africano, em 32 países. "Na Guiné, antes mesmo da epidemia do ebola, já havia uma brigada cubana e em Serra Leoa também", lembrou o chefe do escritório da OMS em Havana, José Luis Di Fabio.
A revista Time não cita os funcionários da saúde cubanos que arriscam suas vidas para salvar a África e o mundo desse vírus, mas isso não significa que eles não estejam entre as personalidades do ano, principalmente pelo seu reconhecimento diante dos órgãos máximos a nível mundial e também dos povos de todo o planeta.