O Tribunal Constitucional espanhol suspendeu a votação de 9 de novembro por unanimidade ontem (04/11), mas o Governo catalão mantém-a. anunciou-o o conselheiro da Presidência, Francesc Homs:
'Todo está pronto para o 9 de novembro e o governo mantém o processo participativo. Apresentaremos alegações para fazer entender que aquilo que o TC quer proibir já não o fazemos, desde antes de 14 de outubro. O presidente pediu reunir o Pacto Nacional pelo Direito de decidir porque faz falta fazer força em conjunto para avançar todos juntos no exercício do direito de decidir o futuro político da Catalunha.'
Ainda, anunciou que a Generalitat apresentará uma demanda contra o Governo espanhol perante o Supremo Tribunal desse estado. Homs explicou que a demanda contra o Governo de Mariano Rajó será por atentado contra os direitos fundamentais: de participação, liberdade de expressão e liberdade ideológica.
Faz dois dias, Homs anunciou que Catalunha não rejeitou ainda a ideia de recorrer o veto espanhol nas cortes internacionais. Pouco antes do depoimento de Homs, a vicepresidenta espanhola, a nacional-católica do PP Soraya Sáenz de Santamaría, disse que confiava que a Generalitat catalã (que entretanto não faz mais do que ir a reboque das demandas populares) acataria a suspensão do 9N.
Em qualquer caso, cabe recordar que mais de 30,000 pessoas participarão voluntariamente na organização do 9N junto com mais de 7,000 funcionários e funcionárias públicas da Catalunha.
O Povo Catalão, à frente do processo
Como repetidamente tem analisado a imprensa crítica popular, longe de ser o governo catalão nas mãos da direitista CiU o protagonista, foi e ainda é o Povo Catalão quem em todo o momento tem guiado o processo a arrastado trás de si a Generalitat, principamente através das organizações civis Assemblea Nacional Catalana (ANC) e Òmnium Cultural, para além de partidos de esquerda como CUP ou mesmo a socialdemocrata ERC.
Não está a ser diferente nesta semana, e já começou a espalhar-se através da rede "a informação sobre o 9N que o Tribunal Constitucional proíbe". A intenção e difundir as informações necessárias para votar (locais, horários, processo...) perante a possiblidade de a Generalitat catalã se ver na obriga de apagar ditas informações por causa da proibição de Madrid.
Protestos pela segunda suspensom
Após a nova suspensom do regime espanhol, que contudo parece que vai ficar sem efeito, protestos espontâneos decorreram no Principado da Catalunha para reclamar o direito do Povo Catalão a votar.
Com a hashtag #cassolada, o apelo começou a correr por Twitter de tarde, pedindo para ruído da rua ou das varandas para protestar contra a ação do TC espanhol. E, efetivamente, às dez da noite, os aparelhos da cozinha começaram a sonar das janelas de todo o país.
Em Barcelona, segundo notíciam meios locais, o barulho era impressionante e presente por toda parte na cidade. Um exemplo é o vídeo a seguir, gravado por Jennifer Ortiz Navarro em Sant Andreu
Com informaçons de Vilaweb e outras.
[12/11/2014; 09:42] Catalunha rebela-se à proibiçom espanhola e mantém consulta sobre independência
A Generalitat da Catalunha dá uma resposta clara à segunda proibiçom que Madrid tenta impor ao processo democrático catalám para decidir sobre a independência: “votaremos sim ou sim” - dixo Artur Mas, o Presidente do governo autónomo na sexta-feira.
Foto do Diário Liberdade (CC 3.0)- Dia Nacional da Catalunha em 2011.
Foi poucos minutos após o executivo de Mariano Rajói, do nacional-católico Partido Popular (PP), apresentar um recurso perante o Tribunal Constitucional espanhol (um órgao satélite composto, principalmente, por elementos afins a PP e PSOE). De acordo com as leis de Madrid, vigorantes também nos Países Cataláns, avonda a simples apresentaçom de um recurso polo governo espanhol para suspender provisoriamente quaisquer atuaçons dos governos catalám, galego ou basco.
Mantém-se, pois, em andamento o evento que atualmente tem maior potencial de erosom no decadente regime espanhol.
Rebeliom dos partidos no Parlamento da Catalunha
As intençons de Mas de manter, com ou sem proibiçom, a consulta de 9N suponhem umha rebeliom expressa aos ditados do regime espanhol, ao contradizer as suas leis de forma direta. De facto, ela já está em andamento: as leis de Madrid obrigam a Generalitat a suspender a campanha institucional para promover a participaçom no 9N, mas ao invés disso, ela mantém-se com total normalidade.
Esquerra Republicana de Catalunya (ERC), segundo partido no parlamento autónomo catalám e potencial ganhador segundo os inquéritos numhas eleiçons plebiscitárias, reforçou também a sua mensagem de desobediência, assegurando ontem em declaraçons ao jornal pró-regime espanhol “El País” que a Catalunha só pagará a sua parte de dívida se o Estado espanhol negociar a independência. Ainda, frisou que “a comunidade internacional obrigará Espanha a negociar”.
A esquerda revolucionária das Candidaturas d'Unitat Popular (CUP) nom se mexe da sua posiçom: votaçom passar o que passar para responder as demandas maioritárias do Povo Catalám. Aliás, a CUP mantém a sua campanha polo “sim” à independência.
Ao que parece, a votaçom de 9N nom vai recuar agora. Mesmo cabe a possibilidade, segundo filtragens de informaçom a meios de comunicaçom social, de a Generalitat elevar novamente a categoria legal da consulta apenas a 24 horas da sua celebraçom, o que deixaria Madrid sem tempo para um novo recurso.
'Sim' ao estado próprio e potencialmente à independência nos inquéritos
O terror de Madrid a que a Catalunha expresse a sua opiniom de forma livre é melhor compreendido quando vistos os resultados de inquéritos sobre a questom. Segundo resultados divulgados nesta semana polo Centre d'Estudis d'Opinio (CEO, organismo de pesquisa vinculado à generalitat catalá), o 'sim' à independência poderá superar em até 10 pontos a opçom polo nom.
Entretanto, na mesma semana foi realizado polo jornal espanhol um outro inquérito segundo o qual as e os cataláns querem um estado próprio, mas nom a independência total. A publicaçom desse inquérito contrasta com o silêncio absoluto de órgaos de pesquisa oficiais espanhóis e mesmo da maior parte dos meios pró-Madrid, que praticamente se instalárom num 'blackout' informativo após Barcelona reagir à primeira consulta com a manutençom de um processo democrático de consulta popular.
Isso todo somado, junto com mobilizaçons poucas vezes vistas na Europa (na manifestaçom pola soberania nacional catalá de passado 11 de setembro juntárom-se quase dous milhons de pessoas) parece indicar que as perspetivas para o unionismo espanhol nom sejam muito prometedoras, e que a vitória independentista seja, no dia de hoje, o mais provável.
'Let de catalans vote'
Para desgosto de Mariano Rajói, o processo catalám conta inclusive com destacados apoios internacionais. O último, o de um manifesto intitulado 'Let de catalans vote' ('Deixem os e as catalás votarem') assinado por dez pessoas com papel destacado na resolviçom de conflitos de forma pacífica, entre os quais Desmond Tutu.
Previamente, o Secretário-Geral da ONU Ban Ki Moon já se manifestara a favor de um processo no qual o Povo Catalám expresse a sua opiniom, e mesmo os media mais influentes da burguesia internacional, como por exemplo The New York Times ou Bloomberg, mantiveram linhas e publicaram editoriais direta ou indiretamente favoráveis ao referendo catalám.
Também na Galiza tem havido movimentos de apoio ao Povo da Catalunha. Os últimos, atos conjuntos entre Mar de Lumes e a Assembleia Nacional Catalá (ANC).
Governo Rajói em posiçom de debilidade para parar processo
Proibiçons ou uso da força à parte, o unionismo espanhol chega ao enfrentamento em momento de extrema debilidade na sua legitimidade. Umha operaçom policial nesta semana, tem dado com 40 destacados membros de PP e PSOE, inclusive altos cargos, alegadamente envolvidos em redes de corrupçom.
Nas semanas passadas, o escándalo dos 'cartons black' (cartons bancários com os quais altos diretivos -afins a PP e PSOE, sobretodo- de entidades bancárias públicas alegadamente se enriquecêrom), a patética gestom de um contágio de ébola em Madrid, o desgaste generalizado no PP, principalmente, por ser o braço executor das agressons do capitalismo contra a maioria social... e muito mais, som fatores que jogam contra as teses do unionismo espanhol, e que o colocam numha posiçom de debilidade extrema para qualquer tipo de exigência ou imposiçom contra as legítimas aspiraçons catalás.
Artur Mas arrastado polos factos
Nom é que o direitista Artur Mas se tenha convertido num herói ou revolucionário. Antes sim, está a ser arrastado por umha maioria social esmagadora a favor de realizar o referendo.
Assim, a resposta do executivo catalám à primeira proibiçom, ordeira e que consistiu em rebaixar a categoria legal da consulta, recebeu como resposta multitudinárias manifestaçons exigindo umha consulta séria e eleiçons plebiscitárias antes de três meses, após as quais se declararia a independência de forma unilateral -caso as teses independentistas ganharem. Também o até entom compacto bloco soberanista, com a governante CiU, ERC, CUP e ICV, quebrou a sua unidade na altura, no sentido de exigir ao executivo autónomo posiçons menos submisas a Madrid. Só após factos da Generalitat demonstrando a intençom de convertir o novo 9N num evento massivo foi recuperada a unidade de açom.