Último comício chavista antes das eleições, em Caracas (03/12). Foto: Alejandro Acosta
O próprio presidente Nicolás Maduro se envolveu nos palanques, em várias cidades do país, assim como o fez todo o primeiro escalação e a militância como um todo. Foram inauguradas várias obras. Na quinta-feira, 3 de dezembro, foi inaugurada uma fábrica de ônibus construída pelos chineses, e também foi aprovado o Orçamento de 2016 com 42% do total destinado aos programas sociais, com o voto contrário da direita. A campanha oficial contra a direita se concentrou na manutenção dos programas sociais, na “radicalização da Revolução Bolivariana” e no anti-imperialismo.
A direita tem ocultado o verdadeiro programa. Não fala nada sobre a privatização da PDVSA (Petróleos de Venezuela) nem sobre a eliminação dos subsídios e dos programas sociais. Os nomes dos candidatos e até dos partidos políticos foram ocultados; só se fala na MUD (Mesa de Unidad Democrática). Promete a dolarização dos salários que hoje, devido à mega desvalorização do Bolívar, representam algo como US$ 20 por mês. Promete a eliminação das longas filas para a obtenção dos produtos subsidiados, da cesta básica. Promete o combate à violência urbana e à corrupção.
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O ato do encerramento da direita, da MUD, aconteceu em Caracas no dia 2 de dezembro. Contou com umas centenas de pessoas, muitas delas perceptivelmente que atuavam como contratados, e somente candidatos locais. Isso, apesar da participação de grupos musicais famosos.
Veja fotos do ato da oposição (se tem problemas para visualizar o quadro abaixo, clik aqui):
Veja fotos do ato chavista (se tem problemas para visualizar o quadro abaixo, click aqui.)
O encerramento da campanha chavista aconteceu no dia 3 de dezembro em Caracas com força total. A Avenida Bolívar, a principal da cidade, ficou lotada de ponta a ponta, com vários palanques, além do palanque presidencial. O objetivo foi dar uma demonstração de força, além de fortalecer os ânimos da militância na reta final. Com o slogan 1×10, o chavismo busca que cada militante traga outras dez pessoas para votar, pois, na Venezuela, o voto não é obrigatório.
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As pesquisas, controladas pela direita, apontam para a vitória dos candidatos direitistas de lavada, por 25% a 50% de diferença.
A derrota do chavismo para a direita na Assembleia Nacional, caso aconteça, deverá provocar o colapso dos programas sociais e do próprio chavismo como é conhecido hoje. Além disso, no próximo ano, a direita poderá chamar um referendo revogatório para tirar o governo do presidente Nicolás Maduro do poder. Essa situação poderá levar a rachas dentro do PSUV (Partido Socialista Unido da Venezuela), em torno do qual se agrupa o GPP (Grande Polo Patriótico), que representa a base de apoio do governo. Hoje já aparecem claramente setores do chavismo fortemente ligados aos movimentos sociais e outros mais ligados ao aparato estatal, mais burocratizado.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.