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indigenas mortos1Peru - ADITAL - [Marcela Belchior] O homicídio de quatro líderes indígenas asháninka, da comunidade Alto Tacaya Saweto, situada na província peruana de Coronel Portillo, Departamento de Ucayali, próxima da fronteira com o Brasil, tem gerado forte repercussão entre os movimentos sociais. Eles suspeitam que o crime seja uma ação de narcotraficantes e madeireiros ilegais que atuam na região e ameaçam os direitos da etnia.


No início de setembro, Edwin Chota Valera (foto), Leoncio Quintisima Melendez, Francisco Pinedo Ramírez e Jorge Ríos Pérez, todos dirigentes da comunidade, saíram em viagem para participar de reunião com os asháninkas brasileiros, do outro lado da fronteira, quando foram abordados e mortos. No momento, os quatros haviam se separado do restante do grupo de indígenas para descansar e, depois, seguir viagem. Dando-se conta da demora dos companheiros em alcançar o grupo, um dos membros da comunidade retrocedeu caminho e encontrou os corpos, que não davam sinais aparentes das causas da morte.

Ao receber a notícia dos assassinatos, os membros de Saweto fugiram, apavorados. As quatro viúvas — geralmente as mulheres asháninkas não viajam sozinhas —, uma delas com sete meses de gestação, com seus sete filhos pequenos, empreenderam, então, viagem de bote até a cidade de Pucallpa para avisar as autoridades sobre o ocorrido. A travessia leva três dias e elas o fizeram quase sem comida.

Ergilia Ríos, Julia Pérez, Juanita Ríos e Lita Rojas chegaram ao município no último dia 8 de setembro e passaram a se proclamar publicamente representantes da comunidade. Elas demandam das autoridades justiça e reparação imediata, uma vez que, pela divisão de tarefas tradicional da cultura asháninka, uma mulher sem companheiro não tem como conseguir pesca nem caça, estando condenada ao desamparo.

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As viúvas dos dirigentes também exigem presença policial permanente, negando-se a retornar ao seu território até que sua segurança esteja garantida. As indígenas também requerem a titulação oficial de seu território, argumentando que seus companheiros foram assassinados pela defesa de seu território para toda a comunidade e gerações futuras. Além disso, demandam das autoridades adequada implementação da integração transfronteiriça para combater o narcotráfico na região.

Segundo membros da comunidade, a presença estatal na região se limita a um posto de saúde e uma escola. Próximo a Saweto existe também uma base militar, que inclusive conta com aeródromo, mas as instalações foram abandonadas anos atrás. O único meio de comunicação da área é o rádio, que acaba sendo inseguro, porque seu sinal pode ser captado por qualquer interessado, inclusive por traficantes.

indigenas mortos narcotraficantes2Nesse contexto, os líderes comunitários, encabeçados pelo seu presidente, Edwin Chota, vinham demandando a presença de autoridades estatais encarregadas de fiscalizar a extração de madeira, sem retorno. Além disso, estavam recebendo reiteradas ameaçadas por parte dos extrativistas ilegais e traficantes de drogas. (Com informações da Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos do Perú).

Foto: Povo indígena ashaninka.

Providências do governo peruano

Após o crime, o governo peruano anunciou que deverá tomar uma série de medidas para combater o desmatamento ilegal, designando o general César Fourment como Alto Comissionado no enfrentamento da prática. Em nota divulgada no último dia 23 de setembro, a Coordenadoria Nacional de Direitos Humanos do país avaliou que a providência é positiva na medida em que expressa a determinação do Estado contra esse tipo de crime, que atenta contra a biodiversidade e contra o direito das pessoas, em especial os povos indígenas e seus territórios.

"Além disso, abrange casos de tráfico de pessoas, evasão tributária, entre outras atividades delitivas, e uma competição desleal com as atividades de manejo florestal formal", destaca a Coordenadoria. O órgão público ressalva que, para encarar de maneira eficiente o tráfico de madeira, não basta estratégia militar e repressiva, mas o fortalecimento da institucionalidade florestal em nível nacional, regional e local, com ações de fiscalização e incentivo do manejo florestal sustentável, além da valorização dos povos indígenas e camponeses.


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