Foto: Uma mulher Aché pouco depois de ter sido capturada e retirada da selva, em 1972, Paraguai.
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Entre os povos indígenas que enfrentaram a violência genocida se encontram:
- Os Achés, Paraguai: em um julgamento sem precedentes, que começou no passado mês de abril, a tribo dos achés levou o Governo do Paraguai aos tribunais pelo genocídio que sofreram. Os achés foram dizimados depois que os colonos realizaram verdadeiras caçadas humanas, em que a maioria dos homens era assassinada, capturaram os indígenas e os venderam como escravos durante as décadas de 1950 e 1960.
- Os Akuntsus, Brasil: em 1985, investigadores do governo descobriram uma casa coletiva inteira que havia sido destruída, evidência do brutal massacre praticado por homens armados, que assassinaram a maioria dos integrantes da tribo akuntsu. Os cinco sobreviventes, que se mantêm com vida, são as últimas testemunhas desse genocídio silencioso.
Foto: Cinco akuntsus são os últimos sobreviventes de um genocídio silencioso no Brasil.
- Os Jummas, Bangladesh: o exército de Bangladesh e uma onda de colonos desenvolveram uma campanha genocida baseada em assassinatos, violações, torturas e na queima de comunidades jummas. Um acordo de paz, em 1977, colocou fim às piores atrocidades, mas os assassinatos e o incêndio de aldeias jummas, assim como o roubo de suas terras e as detenções, continuam sendo praticados sem nenhum controle.
Foto: Os jummas sofreram uma campanha genocida nas mãos dos colonos e do exército de Bangladesh.
- Os Yanomamis, limite fronteiriço entre Brasil e Venezuela: em 1933, os exploradores de ouro atacaram, brutalmente, a comunidade yanomami, de Haximú: 16 yanomamis morreram assassinados, entre os quais estavam anciãos, mulheres e crianças. Em uma sentença sem precedentes, quatro dos culpados foram condenados por genocídio. As ameaças continuam até hoje em dia.
Foto: Sobreviventes do massacre de Haximú, no qual 16 yanomamis morreram assassinados nas mãos de exploradores de ouro, mostram as urnas que contêm as cinzas de seus familiares.
-Os Awás, Brasil: especialistas brasileiros qualificaram a violenta invasão e destruição da selva dos awás por madeireiros armados como genocídio. Um representante do governo brasileiro declarou, em 2011: "Se não foram adotadas medidas de emergência com rapidez, o futuro desse povo é a extinção". Em janeiro de 2014, os invasores foram expulsos do principal território awá, graças à intensa campanha de pressão desenvolvida pela Survival.
Foto: Karapiru, homem awá, presenciou o massacre de sua família por estrangeiros, Brasil.
A história voltará a se repetir?
No passado mês de junho, um grupo de indígenas isolados surgiu no Brasil, após ter atravessado, aparentemente, a fronteira com o Peru. Explicaram aos intérpretes que sua comunidade havia sofrido violentos ataques durante os quais a maioria dos anciãos havia sido assassinada e seus lares queimados.
"Disseram que morreu tanta gente que não puderam enterrar todos e que os abutres comeram seus cadáveres". Especialistas brasileiros advertiram que "outro genocídio" poderá acontecer se o território não for protegido dos madeireiros e dos traficantes de drogas, suspeitos de terem praticado essa atrocidade.
Stephen Corry, diretor da Survival International, movimento global pelos direitos dos povos indígenas e tribais, declarou: "As sociedades industrializadas submetem os povos indígenas a uma violência genocida, à escravidão e ao racismo, de modo que possam usurpar suas terras, recursos e mão de obra em nome do 'progresso' e da 'civilização'. Desde o amanhecer da Era do 'Descobrimento', os povos indígenas foram vítimas inocentes de uma colonização agressiva de seus territórios. Retratando-os como atrasados e primitivos, os invasores justificaram a aniquilação cruel e sistemática que ainda seguem praticando até hoje. É hora de colocar fim ao genocídio".
Foto: Indígenas isolados que emergiram próximo da fronteira entre Peru e Brasil. Os especialistas advertem que poderá produzir-se "outro genocídio".
Esta não pretende ser uma lista de todos os casos de genocídio perpetrados contra os povos indígenas durante o século XX.