A China impulsionou a conferência mundial de cibersegurança como parte da contraofensiva pela pressão de sofrer sanções por parte dos EUA sobre a “ciber espionagem”. Entre os palestrantes convidados esteve o General Keith Alexander, antigo chefe do Cyber Comando dos EUA e da NSA. Foto: Presidância do Joint Chiefs of Staff (CC BY 2.0)
Xi participou do foro anual de tecnologia de Seattle, que aconteceu nesse período, onde participaram várias empresas chinesas e o ministro de Tecnologia Lu Wei.
Xi Jiping teve um encontro com o presidente do Conselho da Microsoft, Bill Gates.
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O imperialismo pressiona contra o “roubo” da “propriedade intelectual” da Microsoft e de outras empresas de tecnologia pelas empresas chinesas. Ao mesmo tempo, há a questão da participação dessas empresas nos esquemas de espionagem da NSA (National Security Agency). Essas questões representam questões econômicas e políticas que estiveram no centro da barganha. Com a contração do mercado mundial, o mercado chinês ainda tem o potencial de ser ampliado e os monopólios buscam desesperadamente conter a queda dos lucros.
O governo chinês impulsionou a conferência mundial de cibersegurança como parte da contraofensiva contra a pressão de sofrer sanções por parte dos Estados Unidos em cima da “ciber espionagem”. Entre os palestrantes convidados esteve o General Keith Alexander, o antigo chefe do Cyber Comando dos Estados Unidos e da NSA.
A China e o controle da tecnologia
No dia 1 de julho deste ano, o Congresso Nacional do Povo da China aprovou uma lei que compreende uma lista extensa de questões relacionadas com a segurança. No setor da segurança da tecnologia da informação, a ênfase ficou centrada na defesa contra os ataques cibernéticos e a espionagem. Nesta questão, não há muitas diferenças com a política que os Estados Unidos estão aplicando. Mas a gestão da segurança é realizada exclusivamente pelo governo chinês. Além do “Grande Firewall”, que controla o acesso geral à Internet, o governo impõe o chamado “Muro Verde”, um aplicativo que é instalado nos computadores e dispositivos, para monitorar as atividades.
A China é um país atrasado, em relação ao desenvolvimento tecnológico, e se vê obrigada a recorrer aos monopólios que são os detentores do controle das patentes das tecnologias de ponta. A política de elevar o segmento dos produtos de baixo valor agregado para os de média e alta tecnologia tem na base a queda acentuada das exportações, provocada pelo aprofundamento da crise capitalista mundial e o enfraquecimento da política de fomentar o consumo interno por meio da inundação do mercado com crédito turbinado por meio de dinheiro público.
O setor de tecnologia, junto com o setor financeiro, é um clube fechado, dominado pelos monopólios. A disputa neste segmento é muito acirrada. Por meio das patentes e de outros mecanismos, que incluem a espionagem industrial e militar, conseguem, por meio de mecanismos parasitários, sustentar os lucros.
O mercado chinês é gigantesco. Hoje existem 640 milhões de usuários de Internet por exemplo, principalmente acessada por meio de telefones celulares e tablets. O mercado de varejo movimentou, no ano passado, US$ 450 bilhões, 50% a mais que no ano anterior.
As "tigresas" chinesas da tecnologia
Algumas empresas de tecnologia chinesas, como a Alibaba, têm sido catapultadas a partir do mercado doméstico. Outras se alavancaram diretamente no mercado mundial, como foi o caso da ZTE e a Huawei, que, não por acaso, se encontram no alvo das denúncias de espionagem do governo norte-americano. Quando estas empresas começaram a ganhar mercado nos Estados Unidos, escalou a campanha sobre que, supostamente, representariam ameaças para a segurança nacional. A ZTE tem se tornado uma das empresas líderes mundiais no mercado de telecomunicações em 5G.
Além das áreas de telecomunicações, software e comércio varejista, os chineses tentam entrar em mercados ainda mais fechados, como o de biotecnologia, nanotecnologia, bio-saúde e outras áreas da engenharia.
A dependência das patentes norte-americanas é motivo de alarme para os chineses tanto por motivos de segurança e entrave ao desenvolvimento, quanto pelos custos parasitários envolvidos. O desenvolvimento independente tem sido impulsionado, principalmente, na área militar. Mas, avaliando os vários setores de conjunto, a distância do imperialismo é enorme. Os submarinos nucleares chineses, por exemplo, têm uma defasagem de pelo menos 30 anos.
A visita do presidente chinês, Xi Jinping, ao Vale do Silício, teve como objetivo reduzir a campanha do governo sobre a ciber espionagem e assim evitar as sanções, mas também houve o objetivo de adquirir empresas, como já tem acontecido.
Os monopólios buscam salvar os lucros por meio do controle tecnológico e militar. A abertura do mercado chinês para o mega casino da especulação financeira representa um dos componentes dessa política.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.