Wikimedia Commons (CC BY 3.0)
As revelações realizadas por Edward Snowden (ex-agente da CIA e da NSA) e por Bradley Manning (ex-agente da CIA) trouxeram à tona os verdadeiros interesses por trás da retórica e a brutal ditadura em que o imperialismo norte-americano, com a cumplicidade das demais potências imperialistas, tem jogado o mundo.
O imperialismo busca desmontar a política chinesa de promover um “modelo de governança multilateral da Internet”. Ao mesmo tempo, aparece como uma escalada da pressão da ala direita do imperialismo em relação à China que inclusive se movimentou para que as sanções fossem impostas antes da visita do presidente chinês, Xi Jinping, aos Estados Unidos, que aconteceu no mês passado.
Há cinco meses, o presidente Barack Obama assinou um decreto que passou a permitir a aplicação de sanções sobre os “cibercriminosos”. O Pentágono criou uma divisão especial. Houve ameaças sobre a aplicação de sanções sobre empresas chinesas. Em abril, Obama autorizou o Departamento do Tesouro a congelar os investimentos das “entidades” envolvidas em ciberataques.
A pressão contra os chineses foi relaxada após a visita de Xi Jinping. O presidente Barack Obama declarou: “Nós temos acordado que nem o governo dos Estados Unidos nem o governo chinês conduzirá ou apoiará o roubo cibernético da propriedade intelectual, incluídos segredos comerciais e informação confidencial sobre os negócios para obter vantagens comerciais.” Já o presidente chinês disse que “ambas as partes acordaram aumentar o combate, assistência nas investigações e compartilhamento de informações.”
O novo acordo faz parte da política da Administração Obama de fortalecer a frente única no Oriente Médio relaxando os outros pontos de conflito, principalmente com a Rússia (em relação à Ucrânia), o Irã (acordo nuclear) e a China. Essa ala do imperialismo enfrenta a resistência da ala mais direitista, que tenta impor medidas mais duras contra as potências regionais, que é aliada próxima à reação do Oriente Médio, principalmente a obscurantista monarquia saudita e os sionistas israelenses.
Por mais "neoliberalismo" na China
O acirramento das contradições entre o imperialismo e as potências regionais faz parte da política do “salve-se quem puder” impulsionada pelo aprofundamento da crise capitalista mundial. Na tentativa de salvar os lucros dos monopólios, a pressão por uma espoliação maior tem aumentado, principalmente sobre os países atrasados e por meio do parasitário sistema financeiro. Enquanto gritam sobre o protecionismo chinês e de outros países, os Estados Unidos e a Europa mantêm enormes subsídios sobre os produtos agrícolas, por exemplo.
Os Estados Unidos pressionam o governo chinês pela aceleração da abertura aos monopólios e pelo fim da “manipulação da taxa de câmbio do iuane.”
O governo chinês, assim como as demais potências regionais, têm tentado aplicar uma política independente do imperialismo em alguns aspectos, mantendo os acordos. Iniciativas econômicas, como a do Banco de Infraestrutura, o Banco dos BRICS e o Novo Caminho da Seda, correram por fora do órgãos controlados pelo imperialismo norte-americano. Pior ainda, alguns dos aliados próximos dos Estados Unidos, como a Alemanha, a França e, fundamentalmente, a Grã Bretanha aderiram. Mas os principais controles do mercado mundial são dominados pelos monopólios e foram “repartidos” por meio de gigantescas, recorrentes e sangrentas guerras.
A queda da Bolsa de Xangai e a desvalorização do iuane representaram apenas a ponta do iceberg da crise na China. Mais de US$ 300 bilhões, das reservas, foram utilizados para evitar o colapso do sistema financeiro.
O crescimento do poderio militar chinês e russo, em primeiro lugar, tem subido os alarmes do imperialismo que busca conter o fortalecimento das potências regionais. Uma das políticas de contenção tem acontecido acentuando a disputa territorial no Mar do Sul da China.
Alejandro Acosta é cientista social, colaborador do Diário Liberdade e escreve para seu blog pessoal.