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volks3Alemanha - Diário Liberdade - [Alejandro Acosta] A principal fábrica e a matriz da Volskwagen se encontram localizadas na cidade de Wolfsburg (a 210 quilômetros de Berlim), que foi fundada pelo próprio Adolf Hitler em 1938. A Autostadt, o Centro de Visitantes da fábrica, tem como objetivo impressionar os mais de dois milhões de visitantes que por ali passam todo ano.


Automatização total da produção? – Uma visita à principal fábrica da Volkswagen

A chegada em Wolfsburg, a partir de Berlim, pode ser feita por trem bala, em 50 minutos, ou por AutoBahn, a autopista sem limite de velocidade.

A Autostadt e a fábrica ficam localizadas em meio ao Mittellandkanal, o maior canal artificial da Alemanha. Existem vários pavilhões com exposições sobre a história dos veículos e dos modelos atuais das várias marcas que são propriedade da Volskwagen. O prédio central é imponente. Todos eles foram arquitetados para projetar um show tecnológico.

A retirada dos automóveis “populares” da Volskwagen e da Seat pode ser agendada para ser feita aqui, com direito a estadia no hotel interno. As torres onde são guardados os mais de 1.500 automóveis que são entregues diariamente estão automatizadas, sem qualquer intervenção humana. Daí, os automóveis são transferidos automaticamente ao centro de entregas.

volks5O poder econômico da Volkswagen predomina em toda a região. A título de exemplo, o clube de futebol de Wolfsburg, uma cidade que conta com apenas 120 mil habitantes, venceu a Bundesliga em 2009.

Uma “fábrica dos sonhos”? Pero no mucho...

Mais de 50 mil trabalhadores trabalham na fábrica de Wolsfburg. Um grande número dos trabalhadores trabalham de branco e muitos deles acompanham as linhas robotizadas. De maneira contínua chegam produtos, componentes e matérias-primas, provenientes dos quase 8.500 fornecedores que a Volskwagen possui em escala mundial.

Na aparência, tudo seria lindo e maravilhoso. No entanto, ainda há muitas tarefas que são feitas de maneira manual, conforme pôde ser constatado na visita.

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Há 250 robôs em operação, que formam a base da produção diária de mais de 2.000 veículos, ou um terço do que todas as montadoras brasileiras produzem em conjunto. A título de comparação, somente na área de Armação da fábrica de Taubaté (Brasil), há quase 200 robôs de última geração. No setor de Pintura, são 110. Na Volkswagen Anchieta (Brasil), onde trabalham 13.600 operários, na Unidade de Armação, há 152 robôs de última geração em operações. Na fábrica da FIAT, localizada em Goiana, na chamada Zona da Mata pernambucana, há 700 robôs para menos de 9.000 trabalhadores. A fábrica da Toyota, localizada perto da cidade de Sorocaba (estado de São Paulo) possui centenas de robôs e menos de 2.000 trabalhadores.

O papel da burocracia sindical na “fábrica dos sonhos”

volks1O controle do poderoso setor metalúrgico alemão começou a se enfraquecer na final da década de 1990 com a incorporação de um grande número de trabalhadores provenientes do antigo bloco soviético, que foi usado como pressão para rebaixar os salários.

Desde a década passada foram cortados 20 mil empregos na Volkswagen alemã, enquanto eram abertas fábricas, ou ampliadas, em países onde o custo da mão de obra era muito mais barato.

A queda dos lucros, nos últimos dois anos, por causa da forte queda nas exportações, tem levado à redução dos investimentos em tecnologia e ao congelamento dos investimentos direcionados para a ampliação da produção.

Wolfburg é um dos centros principais do IGMetall, o poderoso sindicato metalúrgico alemão, que conta com mais de dois milhões de associados. A burocracia sindical foi cooptada de forma tal pela empresa, que hoje ela se confunde com a diretoria e os principais acionistas. Ela conta com a maioria do controle do conselho de supervisores, que, entre outras prerrogativas, aponta e demite os membros da diretoria. O Estado (Land) da Baixa Saxônia, onde está localizada a cidade de Wolfburg, representa 20% dos votos totais dos acionistas da Volkswagen. O outro lado da moeda dessa política, que tem como objetivo controlar os trabalhadores, é uma caraterística própria da burocracia, a dificuldade para implementar mudanças e ataques em cheio contra os salários e as condições de vida dos trabalhadores.

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O anúncio feito pelo presidente da Volkswagen, Martin Winterkorn, em julho do ano passado, sobre o corte de custos em cinco bilhões de euros, tem enfrentado forte resistência. Um mês depois, a burocracia sindical forçou a demissão da consultoria que promoveu essa restruturação, a norte-americana McKinsey. Uma semana depois, o diretor responsável pela produção, Michael Macht, renunciou. Em seguida, um novo estudo foi encomendado à Porsche Consulting, uma divisão da unidade Porsche, propriedade da Volkswagen.

A origem do lucro da Volkswagen: a especulação financeira

volks4A Volkswagen, assim como todos os monopólios, enfrenta crescentes dificuldades para extrair lucros da produção. Em realidade, somente as divisões financeiras dos monopólios produzem lucros, por meio da especulação financeira, em cima de fartos repasses de recursos públicos.

A Volskwagen vende em torno de 10 milhões de veículos por ano, mais do dobro que há oito anos. O faturamento supera os 200 bilhões de euros, mas o percentual de lucro oficial reportado, de 2,3%, é menos da metade dos 6% da meta.

As únicas fábricas que dão lucro são as que estão localizadas em países onde o custo da mão de obra é baixo ou muito baixo. E ainda, há a “forcinha” imposta aos governos desses países por meio de inúmeras manobras, como a isenção de vários impostos, a importação pela matriz de automóveis a preços baixos, quando não muito baixos, e a exportação para as filiais de peças, insumos e serviços hiper faturados.

Fotos desta matéria: Alejandro Acosta e Cristian Acosta.


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