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Jones Manoel

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Palavras Insurgentes

Uma derrota, mas não o fim da Revolução Bolivariana

Jones Manoel - Publicado: Segunda, 07 Dezembro 2015 15:10

As forças de esquerda na Venezuela sofreram uma grande derrota. Depois de anos tendo resultados desfavoráveis, a direita voltou a ter maioria na Assembléia Nacional, e o legislativo agora é da oposição. O índice de comparecimento foi bastante alto, 75%, e a votação expressa descontentamento com a situação econômica do país. Contudo, é importante desfazer desde já alguns mitos:


a) na Venezuela, ao contrário do Brasil, o legislativo tem mecanismos múltiplos de participação popular direta. As forças bolivarianas podem centrar-se no uso mais intenso dos mecanismos legislativos diretos, mas isso demanda maior organização e atuação popular.

b) as forças bolivarianas ainda são maioria absoluta nos sindicatos, associação de moradores, movimentos de minorias, movimentos sociais, esfera da cultura, etc. A Venezuela é culturalmente bolivariana e a oposição para ganhar teve que moderar e às vezes esconder sua ideologia neoliberal e pró-EUA. O mesmo sujeito que votou na oposição pode repudiar qualquer medida neoliberal ou pró-EUA, ou seja, esse "eleitor" não está perdido.

Existem nesse momento dois principais desafios para as forças bolivarianas. O primeiro é neutralizar as forças mais conservadoras dentro do PSUV que procuram restringir a revolução a um Estado de Bem-estar social periférico e tentam paralisar ou controlar o protagonismo do poder popular. As 12 medidas do Congresso da Classe obrera não foram aplicadas e encontram forte resistência dentro do próprio PSUV [1], os mecanismos de planejamento econômico e ataque ao poder econômico dos agentes privados não avançam no ritmo necessário e as comunas socialistas, a principal e mais fantástica criação da Revolução, não é apoiada e valorizada como deveria.

É ponto pacífico a ideia de que a Venezuela precisa transformar sua estrutura produtiva; depender menos do petróleo, diversificar sua produção, depender menos de exportações, etc. Mas para isso é necessário um direcionamento político ousado que aposte num processo de industrialização guiado pela planificação estatal e com forte protagonismo popular nas fábricas ocupadas, no aumento da produção nas empresas estatais, nas cooperativas do campo, etc. Enquanto a ala democrático-burguesa do PSUV tiver tanto poder e impedir a radicalização do processo, a Revolução Bolivariana vai de derrota em derrota até o túmulo. Espero que essa derrota potencialize o protagonismo popular e cimente a necessidade de radicalizar o processo bolivariano.

Nota:

[1] - http://www.telesurtv.net/.../Clase-obrera-de-Venezuela-reivin...


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