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Eva Golinger

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A guerra aproxima-se a cada dia mais

Eva Golinger - Publicado: Sábado, 06 Março 2010 02:48

Eva Golinger

“O império não vai deixar de procurar mecanismos e técnicas para conseguir o seu objectivo final, e não podemos descartar a possibilidade no futuro próximo de um conflito bélico nesta região… Se neste ano incluirem a Venezuela na famosa lista de estados terroristas”, estaremos na véspera de um conflito militar”. 


América Latina tem sofrido uma constante agressão dirigida a partir de Washington durante mais de duzentos anos. Todas as tácticas e estratégias da guerra suja têm sido aplicadas nos diferentes países da região, desde golpes de estado, assassinatos, magnicídios, desaparecimentos, torturas, ditaduras brutais, atrocidades, perseguição política, sabotagens económicas, guerra mediática, subversão, infiltração de paramilitares, terrorismo diplomático, intervenção eleitoral, bloqueios e até invasões militares. Não tem importado quem governa na Casa Branca – democratas ou republicanos – as políticas imperiais são mantidas em andamento. 

No século XXI, a Venezuela tem sido um dos principais alvos destas agressões constantes. Desde o golpe de abril 2002 até hoje, tem tido uma escalada perigosa em ataques e atentados contra a Revolução Bolivariana. Ainda que muitos tenham caído sob a sedução do sorriso e as palavras poéticas de Barack Obama, nem temos que olhar para além do último ano para ver claramente a intensificação da agressão contra a Venezuela. A expansão militarista dos EUA através da Colômbia, a reactivação da Quarta Frota da Armada, mais sua presença nas Caraíbas, Panamá e América Central, deve-se interpretar como a preparação para um palco de conflito de guerra na região.

Escalada em agressões

As declarações hostis dadas durante as últimas semanas pelos porta-vozes de Washington, acusando a Venezuela de ser um país narcotraficante, violador de direitos humanos, que “não contribui para a democracia e a estabilidade regional”, além das acusações da Direcção Nacional de Inteligência dos EUA, classificando o Presidente Chavez como “líder anti-estado-unidense na região” fazem parte da campanha coordenada que tenta justificar uma agressão directa contra a Venezuela. As próximas declarações serão sobre as ligações com o terrorismo. Se neste ano situarem a Venezuela na famosa lista de estados terroristas”, estaremos na véspera de um conflito militar.

Tudo indica que vão para esse fim. Como bem dizia o documento da Força Aérea de EUA, de data maio 2009, sobre a necessidade de aumentar sua presença militar na base militar de Palanquero, Colômbia, Washington está preparando e capacitando para uma guerra “expedita” na América do Sul.

Segundo o documento da Força Aérea, o qual foi entregue ao Congresso dos EUA em maio 2009, (mas que depois foi modificado em novembro 2009 para apagar a linguagem que revelava as verdadeiras intenções por trás do acordo militar entre Washington e a Colômbia), “O desenvolvimento de [a base em Palanquero] aprofundará a relação estratégica entre EUA e Colômbia e está no interesse das duas nações…[A] presença também incrementará a nossa capacidade para conduzir operações de Inteligência, Espionagem e Reconhecimento (ISR), melhorará o alcance global, apoiará os requisitos de logística, melhorará as relações com sócios, melhorará a cooperação de teatros de segurança e aumentará nossas capacidades de realizar uma guerra de forma expedita”.

Guerra avisada

O primeiro relatório oficial sobre as prioridades em matéria de segurança e defesa apresentado durante a nova administração de Obama foi o das “ameaças globais” segundo a Direcção Nacional de Inteligência. A Venezuela tem sido mencionado em dito relatório em anos anteriores, mas não com tanta dedicação e ênfase como neste ano. Desta vez, a Venezuela – e particularmente o Presidente Chávez – foi assinalado como uma das principais ameaças contra os interesses estado-unidenses no mundo. “O Presidente de Venezuela Hugo Chávez estabeleceu-se como um dos detractores principais a nível internacional contra os EUA, denunciando ao model democrático liberal e o capitalismo do mercado, e recusando as políticas e interesses dos EUA na região”, dizia o relatório, colocando a Venezuela na mesma categoria que o Irão, a Coreia do Norte e Al Qaeda.

Dias depois, o Departamento de Estado apresentou seu orçamento para 2011 perante o Congresso. Além do incremento em financiamento solicitado através da USAID e a NED para financiar grupos políticos da oposição na Venezuela – mais de 15 milhões de dólares – teve uma solicitação de 48 milhões de dólares para a Organização de Estados Americanos (OEA) para “o despregamento de equipas especiais que ‘promovem a democracia’ em países onde a democracia esta sob ameaça devido à presença crescente de conceitos alternativos como a ‘democracia participativa’ promovido pela Venezuela e a Bolívia”.

E uma semana depois, a Comissão Interamericana de Direitos Humanos (CIDH) da OEA – financiada por Washington – publicou um relatório de 322 páginas, acusando a Venezuela de ser violador dos direitos humanos e a liberdade de expressão, e de minar a democracia regional. Apesar de ser um relatório – e uma Comissão – dedicado ao tema de direitos humanos, nem mencionou os imensos avanços que o governo do Presidente Chávez tinha tido na matéria. Em seu lugar, só analisava aspectos relacionados com os direitos civis e políticos – os únicos direitos reconhecidos nos EUA, ignorando os direitos económicos, culturais e sociais que realmente compõem a essência do que são os direitos humanos. As evidências utilizadas para o relatório da CIDH foram tomadas de depoimentos e meios da oposição na Venezuela, demonstrando a sua tendenciosidade pleno.

Mas apesar da sua postura distorcida e da sua falta de evidências contundentes, estes relatórios são empregues para justificar as acções agressivas de Washington contra a Venezuela diante da opinião pública internacional.

A Orquestra Internacional

Como disse o Presidente Chávez em reacção ao bombardeio de relatórios e acusações contra seu governo, “Há uma orquestra internacional contra a Venezuela nestes momentos, uma agressão permanente dirigida desde o império estado-unidense”. Mas não é novo. Desde o 2005, estes relatórios e declarações têm ido incrementado em sua intensidade e carácter violento.

Faz cinco anos foi a primeira vez que Washington classificou a Venezuela como um país que não colabora com a luta contra o narcotráfico em seu relatório anual sobre o controle de narcóticos no mundo. Meses dantes da saída desse relatório em 2005, Venezuela tinha suspendido a cooperação com a agência anti-drogas de EUA, a DEA, porque tinha descoberto suas acções de espionagem e sabotagem contra os esforços do comando anti-droga de Venezuela. Desde então, Venezuela tem melhorado de maneira significativa as incautaciones de drogas, as detenções de capos narcotraficantes e a destruição de laboratórios de drogas localizados na fronteira com a Colômbia – o país maior produtor de drogas do mundo.

Não obstante, o relatório sobre a matéria do Departamento de Estado deste ano, publicado o primeiro de março, classifica a Venezuela como “país narcotraficante” e país “cúmplice” com o narcotráfico – acusação completamente sem fundamentos nem evidências reais.

Simultaneamente, um tribunal espanhol acusou ao governo venezuelano de apoiar e colaborar com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (FARC) e a ETA – duas organizações consideradas terroristas pelos EUA e Espanha – criando uma polémica internacional através dos meios de comunicação, e provocando uma tensão entre os governos de Espanha e Venezuela. O Presidente Chávez tem reiterado numerosas vezes que seu governo não tem nenhuma ligação nem com as FARC nem com a ETA, nem com nenhum grupo terrorista. “Este é um governo de paz”, declarou Chávez, logo explicando que a presença de alguns membros da ETA na Venezuela se deve a um acordo realizado faz quase 20 anos pelo governo de Carlos Andrés Pérez para ajudar com um tratado de paz entre o governo espanhol e o grupo irregular.

A política imperial não tem cor

Nesta semana, de tourné na América Latina, a Secretária de Estado Hillary Clinton tem lançado dardos contra a Venezuela em suas diferentes declarações ante os meios de comunicação. Expressou a sua “grave preocupação” com a democracia na Venezuela, acusando o governo do Presidente Chávez de não “contribuir de maneira construtiva” ao desenvolvimento regional. Cinicamente, Clinton aconselhou a Venezuela a “olhar mais para o sul” em lugar de se relacionar tanto com Cuba.

A tourné de Clinton deve-se a uma estratégia já anunciada pela administração de Obama, de criar uma divisão entre o que consideram a esquerda “progressista” e a esquerda “radical” na América Latina. Não é coincidência que sua viagem pela região – o mais longo desde o começo do governo de Obama – se realiza justo após a Cimeira de Unidade em Cancún, onde foi lembrado a criação de uma Comunidade de Estados Latinoamericanos e Caribeños, sem a presença dos Estados Unidos e Canadá.

A antiga Secretária de Estado durante o governo de George W. Bush, Condoleezza Encrespe, declarou em janeiro 2005 que “Hugo Chávez é uma força negativa na região”, encentando uma política de hostilidade e agressão para Venezuela. Clinton tem continuado com as mesmas políticas de sua antecessora, procurando isolar e desacreditar o governo venezuelano e a figura de Hugo Chávez. Sua intenção é pôr em andamento o plano de mudança de regime” no país com as maiores reservas de petróleo do mundo.

A guerra que vem

O tempo de preparar um conflito bélico não é de um dia para outro. É um processo que envolve primeiro o condicionamento da opinião pública internacional - demonizando o líder ou governo adversário para justificar a agressão. Depois, capacitam e localizam as forças militares na região para assegurar a efectividade e potencial de uma acção militar. Ao mesmo tempo, tácticas como a subversião e a contrainsurgência são empregues para debilitar e desestabilizar o país alvo a partir de dentro, assim colocando em uma situação mais vulnerável e menos preparado para se defender.

Tudo isto está em andamento contra a Venezuela desde faz em vários anos. A consolidação da unidade de integração regional ameaça a cada dia mais a recuperação do controle imperial sobre o hemisfério. E os avanços internos da Revolução Bolivariana impedem o “auto-destruição” que as forças imperiais actuando dentro do território venezuelano constantemente estão a provocar. Não obstante, o império não cessará em procurar mecanismos e técnicas para conseguir seu objectivo final, e não podemos descartar a possibilidade no futuro próximo de um conflito bélico nesta região.

 Fonte: Kaos en la Red.


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