A 21 de Janeiro os trabalhadores da Platex decidiram encetar uma jornada de luta que compreendia a realização de uma série de entrevistas: governadora civil de Santarém, Assembleia da República, partidos, etc. – com o objectivo de os sensibilizar e obter apoio institucional e político. Pediram e agendaram as audiências. Chegado o dia, para surpresa sua, a governadora civil não os recebeu devido a “compromissos inadiáveis”. Revoltados, seguiram para Benavente, onde foram recebidos pelo vice-presidente da autarquia, que lhes manifestou apoio e ofereceu o almoço. Voltaram então ao Governo Civil, e à segunda lá foram recebidos, tendo-se a governadora civil comprometido em transmitir as preocupações dos trabalhadores ao Ministério do Trabalho.
Dirigiram-se então para Lisboa, onde esperavam ser recebidos pela Comissão Parlamentar do Trabalho mas, “devido a uma falha de comunicação”, além do PCP, ninguém os recebeu. Rumaram então à residência oficial do primeiro-ministro, agora acompanhados pela comunicação social e numerosos polícias, e lá foram recebidos por um assessor de Sócrates. De concreto, nada.
Os trabalhadores dizem que não vão baixar os braços e marcaram um plenário para discutir a continuação da luta.
Ficam as palavras de António Basílio, trabalhador da Platex, numa sessão pública de solidariedade realizada no dia 23 em Tomar, em que também participaram os ex-trabalhadores da construtora João Salvador: “Os trabalhadores não querem viver às custas da Segurança Social ou fazer parte das intermináveis listas de desempregados. Temos direito ao trabalho. Parece que os órgãos políticos que podiam mudar a nossa situação se querem esquecer de nós. Não fomos recebidos no Governo Civil de Santarém e, na Assembleia da República, nem a Comissão Parlamentar de Trabalho nos ouviu. Só com muito esforço, e talvez devido à presença em peso da comunicação social, conseguimos ser atendidos por um assessor do primeiro-ministro”.