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Fidel Castro

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Reflexões do companheiro Fidel

O gigante das sete léguas (I) e (II)

Fidel Castro - Publicado: Terça, 24 Agosto 2010 02:00

Fidel Castro

Primeira Parte


Soube-o através de Aristóteles, o filósofo mais famoso da história do homem.

O ser humano é capaz de ações maravilhosas ou das piores iniqüidades.

Sua assombrosa inteligência é capaz de usar as leis inalteráveis da natureza para fazer o bem ou o mal.

Com muita menor experiência da que possuo hoje, nos dias em que era gestada nossa luta armada nas montanhas de Cuba, na grande nação mexicana - onde qualquer cubano viu sempre algo próprio - vivimos um fugaz porém inesquecível período no qual todas as maravilhas reuniam-se num canto da Terra.

Não teria forma nem palavras para descrever minhas impressões tal como o fez um mexicano que, não por acaso, é a pessoa com maior autoridade para falar da tragédia desse país, visto que foi eleito governador do importantíssimo distrito eleitoral da Cidade do México, Capital da República, e nas passadas eleições de 2006 foi o candidato da "Coligação pelo bem de todos".

Apresentou-se às eleições e ganhou a maioria dos votos perante o candidato do PAN. Mas o império não lhe permitiu assumir o comando.

Eu conhecia, da mesma maneira que outros dirigentes políticos, como Washington tinha elaborado as idéias do "neoliberalismo" que vendeu os países da América Latina e o resto dos países do Terceiro Mundo como a quinta-essência da democracia política e o desenvolvimento econômico, mas jamais tive uma idéia tão nítida da forma em que o império utilizava essa doutrina para destroçar e devorar as riquezas de um importantíssimo país, rico em recursos naturais e lar de um povo heróico que teve cultura própria desde antes da era pré-cristã, há mais de dois mil anos.

Andrés Manuel López Obrador, com quem jamais conversei, nem manteve relação de amizade, é o autor de um pequeno volume editado recentemente, a quem agradeço por sua brilhante exposição a respeito do que acontece nesse país irmão. Intitula-se "A máfia que se apropriou do Méxicoâ... e o 2012".

Chegou a minhas mãos há quatro dias, em 7 de agosto, à tarde, após meu regresso da reunião com os deputados da Assembléia Nacional do Poder Popular de Cuba. Li-o com muito interesse. Descreve a forma em que os Estados Unidos devoram a dentadas um país irmão deste hemisfério, ao qual já uma vez arrebatou mais de 50% de seu território, as maiores minas de ouro com altíssima lei, e a riqueza petrolífera explorada intensamente durante mais de um século, da qual ainda são extraídos diariamente quase três milhões de barris. Omito a referência a sua enorme extração de gás, por ignorar os dados.

No capítulo 1 explica o estranhíssimo fenômeno de que no México tenha desaparecido a ferrovia, criada na época de Benito Juárez, quando foi iniciado o primeiro tramo de Ciudad México a Veracruz.

Durante a administração de Porfirio Díaz estendeu-se em mais de 20 mil quilômetros, esforço que com posterioridade a Revolução Mexicana ampliou consideravelmente.

Atualmente existe uma ferrovia que "vai de Chihuahua, Chihuahua a Los Mochis, Sinalo. Num piscar de olhos, os tecnocratas acabaram com a ilusão dos liberais do século XIX, que viam na ferrovia a opção idônea para fazer com que o México progredisse" - relata o livro de Obrador.

"A chegada de Fox à Presidência da República serviu apenas para dar nova forma ao velho regime e continuar com a mesma corrupção. Realmente tratou-se do sexênio do gatopardismo, essa manobra na qual, aparentemente, tudo muda para que tudo continue igual. Fox, desde antes da sua posse à presidência, subordinou-se aos organismos financeiros internacionais e, logicamente, continuou servindo aos potentados do país. E tem mais, não só manteve inalterável a política econômica, mas também apoiou-se no mesmo grupo de tecnocratas que atuava desde a época de Salinas."

Algumas páginas mais para frente o autor salienta " hoje em dia, quase todas as instituições bancárias pertencem a estrangeiros, não outorgam créditos para fomentar o desenvolvimento do país, investem em valores governamentais, cobram as taxas de juros mais altas do mundo, obtêm ganhos fabulosos e são fonte fundamental de transferência de recursos para suas matrizes na Espanha, nos Estados Unidos e na Inglaterra."

"Durante a presidência de Fox continuou a entrega dos bens do povo e da nação a particulares, nacionais e estrangeiros [...] estendeu-se sem limites a entrega do território nacional para a exploração do ouro, da prata e do cobre [...] foi modificada a Lei Mineira, para outorgar concessões únicas em busca e exploração com vigência de 50 anos e com a possibilidade de ser prorrogada [...] até dezembro de 2008, tinham sido concedidos 24 milhões 816 mil 396 hectares, 12 por cento do território nacional, equivalente à extensão do estado de Chihuahua, o maior do país."

Algo verdadeiramente assombroso e surpreendente, inclusive para aqueles que têm a pior opinião do neoliberalismo, são os dados que oferece López Obrador na parte final do capítulo 1 de seu livro.

Durante o Governo de Fox, afirma: "... em 2005, durante o Foxismo, foi modificada mais outra vez a Lei de imposto sobre a renda, para conceder novamente 100 por cento dos benefícios às grandes corporações. Para compreender melhor o que isso significa, devemos ter presente que, em 2008, segundo cifras oficiais, 400 grandes monopólios que obtiveram obtuvieron receitas por cinco bilhões de pesos, - segundo cifras oficiais - mais da mitade do produto interno bruto desse ano, apenas pagaram 1,7 por cento do imposto sobre a renda e do imposto empresarial a taxa única (IETU)."

"Adicionalmente, durante o Governo de Fox, foi feita a maior quantidade de devoluções de impostos em favor dos chamados grandes contribuintes e, obviamente, tanto os governos do PRI quanto os do PAN tentaram justificar esta prebenda fiscal com a falácia do fomento ao investimento. De ser verdade, nos últimos 27 anos tivéssemos tido crescimento económico e não a paralisia que tem prevalecido. Assim mesmo pode ser demonstrado que as devoluções de impostos são superiores ao incremento do investimento privado; só no período 2001-2005, enquanto o investimento privado aumentou para 279 000 bilhões de pesos, as devoluções de impostos atingiram 604 000 bilhões, ou seja, mais do dobro. A corrupção na cúpula do poder está tão oficializada, que o Instituto Federal de Acesso à Informação Pública (IFAI) resolveu manter em sigilo durante 12 anos - até 2019 - os nomes das empresas que em 2005 foram beneficiadas com o Serviço de Administração Tributária (SAT) com a devolução multimilionária de impostos."

Essas foram com exatidão as palavras de Carlos Ahumada, quando foi preso em Cuba por violar nossas leis. López Obrador conhece-as porque lhe enviamos a ata juntamente com o deportado Carlos Ahumada, em 28 de abril de 2004.

O fato constituiu sem dúvidas, o maior calote político da história da América. Há outros pontos a mais os quais esclarecerei com total precisão.

No próprio capítulo 1, sob o título "Os amos do México", López Obrador escreve: "Durante o tempo em que fui Chefe de Governo da cidade do México (2000-2005), conheci quase todos os integrantes dessa elite..."

Também estou de acordo com a opinião de López Obrador sobre Carlos Slim. Eu também o conheci. Sempre que viajei ao México fui visitado por ele, em Cuba me visitou uma vez. Presenteou-me com uma televisão - o mais moderno nessa altura - que conservei em minha casa até há apenas um ano. Não o fez com a intenção de me subornar. Também nunca lhe pedi favor algum. Apesar de ser o mais rico de todos, com uma fortuna que ultrapassa os 60 bilhões de dólares, é um homem inteligente que conhece todos os segredos das bolsas e mecanismos do sistema capitalista.

Haveria multimilionários, com Salinas e sem Salinas, com Fox ou sem Fox, embora logicamente, nunca tanto quanto foi sob a máfia que se apoderou do México. López Obrador os inclui em seu livro e identifica o poder da máfia que se apoderou do país.

O Capítulo 2 é intitulado "Abandono, corrupção e pobreza". Assinala o PIB dos países do mundo no período 1982-2009; com admiração refere-se ao da China: 10,1. É mais, diz num outro parágrafo o PIB em 2009. Assinala que "para piorar as coisas - nesse ano - o México ocupou, nesta matéria, o último lugar entre todos os países do continente americano e, embora pareça incrível, estivemos por baixo do Haití".

"Os tecnocratas atuaram como fundamentalistas. Não só acataram a ortodoxia dos organismos financieros internacionais, mas também convertiram em ideologia suas recomendações."

"O México rural tem sido o mais afetado com as chamada s políticas neoliberais. O abandono do campo é dramático. Ainda me lembro que Pedro Aspe, secretário da Fazenda no governo de Salinas, ufanava-se dizendo que o fomento das atividades produtivas do setor agropecuário não tinha importância porque num mundo globalizado era más económico comprar o que consumimos no estrangeiro."

"O conjunto de políticas neoliberais aplicadas no campo originaram um grave atraso produtivo do setor agropecuário em relação com o crescimento da população. Do triênio 1980-1982 ao 2007-2009, o PIB agropecuário, florestal e pesqueiro por habitante dimuniu em 15.2 por cento. Dito de outra maneira, enquanto a produção total de alimentos avançou a um ritmo anual de 1.5 por cento, a população do país cresceu, no período de referência, a uma taxa de 1.7 por cento anual."

"A partir de 1996, a produção de petróleo continuou aumentando até atingir em 2004 a cifra recorde de mil 231 milhões 145 mil barris. Entre 1996 e 2004, as exportações de pretróleo aumentaram de 563 para 683 milhões de barris por ano. Este incremento concidiu com a superexploração do complexo Cantarell, que de 2000 a 2004 incrementou sua produção de 47 a 61 por cento da produção nacional, convertindo-se no campo petrolífero de maior rendimento na história do mundo."

"Enquanto a extração de petróleo aumentava, as reservas provadas registaram uma estrepitosa diminuição: em 1982 as mesmas eram de 48,3 bilhões de barris; contudo, em 2009 caíram para 10 bilhões. Somente durante o governo de Fox foi consumida uma terceira parte das reservas provadas."

"Também esta absurda política tecnocrática produz estragos na refinação, o gás e a petroquímica. As empresas envolvidas nestas atividades foram privadas de receber recursos para sua expansão e modernização. Desde 1979 não se constrói uma nova refinaria no país. Recentemente, devido ao nosso movimento, Calderón viu-se obrigado a dizer que construiria uma; contudo já transcorreram dois anos após o anúncio e ainda não colocam um tijolo."

"E ao mesmo tempo foi estabelecido como preço de referência o designado nos Estados Unidos, que é o mais caro do mundo. Por esta causa, convertemo-nos em importadores de gás."

"No caso da petroquímica, perante a falta de investimento e o abandono, o único que se tem feito é diminuir as perdas dos complexos petroquímicos através da suspensão de linhas de produção."

"... as grandes corporações empresariais e financeiras, optaram por confiscar todas as receitas da Pemex. De 2000 a 2009, esta empresa registou vendas acumuladas por oito bilhões 841 mil milhões de pesos e pagou impostos por seis bilhões 185 mil milhões de pesos, isto é, o equivalente a 70 por cento de suas vendas. [...] o investimento público direto em Pemex (sem incluir dúvida) foi de 437 bilhões de pesos, cifra que representa cinco por cento de suas vendas totais."

"Como é lógico, a partir da aopção da política neoliberal, vinculou-se estreitamente ao setor energético com os interesses externos. Neste período se afastou ainda mais a possibilidade de integrá-lo e utilizá-lo como alavanca de desenvolivmento nacional, e todos os governos neoliberais mantém a idéia e o propósito de privatizar tanto a indústria elétrica quanto a indústria petroleira."

"Não aceitamos nenhuma ocupação de nosso território. O México deve continuar sendo um país livre, independente e soberano. Não queremos virar colônia."

"... nessa ocasião terminei recordando-lhes o que alguma vez disse o General Lázaro Cárdenas del Río: ...Governo ou indivíduo que entrega os recursos nacionais a empresas estrangeiras trai a Pátriaâ... . Não obstante, em estes tempos, infelizmente, pode mais a corrupção do que o patriotismo."

"Um dos negócios mais proveitosos em benefício dos funcionários e contratistas foi a compra de gás a empresas estrangeiras. Por esta razão, na verdade, os tecnocratas nunca se importaram com a extração do gás nem com evitar o seu esbanjamento. O México é o país petroleiro que mais gás lança na atmosfera."

"Nestes dias o que mais preocupa as pessoas é a falta de trabalho. O desemprego é assustador. A cifra tem aumentado de forma exponencial. Calcula-se que anualmente ingressam no mercado de trabalho um milhão de jovens e os novos postos que são criados na economia formal não chegam para satisfazer nem sequer 25% da demanda."

"Ainda os que puderam conservar o seu emprego têm receitas que não dão nem sequer para o mais indispensável. Num relatório de investigação, do mês de janeiro de 2010, o Centro de Análise Multidisciplinar da Faculdade de Economia da UNAM afirma-se que 17 milhões 776 mil pessoas, que recebem menos de dois salários mínimos e representam 41por cento da população economicamente ativa, recebem rendas que não lhes permitem adquirir uma cesta alimentar recomendável, levando em conta aspectos nutritivos, culturais e econômicos."

"No que se refere à educação, essa cifra é impressionante: a população de 15 anos ou mais sem concluir o ensino primário atinge 34 por cento e o analfabetismo é de 9.46 por cento, mas nos estados com maior grau de marginação como Oaxaca, Guerrero e Chiapas a cifra atinge até 23 por cento."

"No México, apenas dois em cada 10 jovens têm acesso à educação superior, 20 por cento. A UNESCO estabeleceu como parâmetro de referência para este nível, entre 40 e 50 por cento."

"No mês de fevereiro de 2010, o doutor José Narro Robles, reitor da UNAM, informou que dos 115 mil 736 estudantes que prestaram o exame vestibular, só foram selecionados 10 mil 350: 8.9 por cento."

"Nos últimos 20 anos em conseqüência do abandono da educação superior por parte do Estado, a matrícula nas escolas privadas incrementou-se de 16 para 37 por cento."

No capítulo 3 López Obrador reafirma: "...La oligarquia, a máfia do poder sentiu-se ameaçada e não se importou por destruir o pouco que tinha sido construído para estabelecer a democracia no México."

"O tempo e a realidade têm demonstrado que a fraude causou um dano imenso: feriu os sentimentos de milhões de mexicanos, socavou as instituições, envileceu completamente a chamada sociedade política..."

"Hoje, no dia 9 de março de 2009, aqui em Tamazula, Durango, onde nasceu o primeiro presidente do México, Guadalupe Victoria, findo o percurso pelos dois mil e 38 municípios de regime de partido que existem no país. Agora apenas me resta por percorrer os 418 municípios indígenas de usos e costumes do estado de Oaxaca, que visitarei no último quadrimestre deste ano."

"Durante 430 dias percorremos 148 mil e 173 quilômetros de caminhos pavimentados e de terra para chegar até os povos mais afastados do México."

"É notória a carência de infra-estruturas e de serviços básicos nos municípios. Dos dois mil 38 que visitei 108 não têm caminhos pavimentados até os principais assentamentos populacionais municipais. O estado mais atrasado neste aspecto é Oaxaca; dos seus 152 municípios de regime do partido há 36 sem pavimento. A seguir aparece Puebla com 15 e na região montanhosa de Guerrero, constatei não só o mau estado dos caminhos, vi que os novos, os que agora estão a ser construídos, são de tão má qualidade que no máximo de um ano voltarão a se transformar em caminhos sem pavimentar."

"É lógico que seja consumida tanta Coca-Cola ou o seu equivalente...".

"Acho que este consumo de refrigerante, calculado em um milhão de litros por dia é devido fundamentalmente à publicidade e chegou a ser, nalgumas regiões, algo que dá status."

"É indispensável eliminar a atual política económica que nem sequer em termos qualitativos deu resultado. O México é um dos países do mundo que menos cresceu nos últimos anos."

"É necessário mudar a forma de fazer política. Este nobre ofício perverteu-se totalmente. Hoje a política é sinônimo de engano, de arranjos cupulares e de corrupção. Os legisladores, líderes e funcionários públicos estão afastados dos sentimentos do povo; continua prevalecendo a idéia de que a política é coisa dos políticos e não assunto de todos."

"A transformação que o país precisa não apenas deve ter como objetivo alcançar o crescimento económico, a democracia, o desenvolvimento e o bem-estar. Implica também e, sobre tudo, cristalizar uma nova corrente de pensamento baseada na cultura de nosso povo, em sua vocação de trabalho e em sua imensa bondade; acrescentando valores como o valor da tolerância, o respeito à diversidade e a proteção do meio ambiente."

"No mês de março de 2009 findei o meu percurso pelos dois mil 38 municípios de regime do partido do país, por esse motivo elaborei um texto chamado "O país desde abaixo: notas sobre meu percurso por México". No dia 20 de novembro terminei de visitar os 418 municípios indígenas, de usos e costumes do estado de Oaxaca..."

"O povo de Oaxaca tem podido sobreviver dessa cultura. Dela emanam a sua mística de trabalho, o seu talento e suas fortes relações familiares e comunitárias. Ajuda-lhes a sua vinculação com a terra para manter uma economia de autoconsumo baseada na produção de milho, feijão e aves de curral, bem como a cultura de café, o aproveitamento das florestas, o tecido do petate e o chapéu, os artesanatos e outras atividades. Nas cidades do país, nos campos agrícolas do norte e no estrangeiro é muito apreciada a sua criatividade e a força de trabalho. Nos Estados Unidos os mixtecos ganharam a pulso a fama de serem os melhores operários do mundo."

"Devido ao abandono do governo, Oaxaca é o estado com maior pobreza e marginação no país. E nestes tempos ressentem-se delas ainda mais. Partamos do fato de que as pessoas têm três fontes fundamentais para o sustento: a economia de autoconsumo, os apoios governamentais e o dinheiro procedente da migração. No primeiro caso, o principal é a cultura do milho. Esta bendita planta é o que garante que não faltem os alimentos básicos, entre outros, a omelete, que é complementada com feijão, chile, nopal e permite paliar a fome. No entanto, no ano 2009, pelo retraso das chuvas perderam-se as colheitas e tiveram que comprar o milho."

"Por último, a terceira fonte de receitas são as remessas, que no ano 2009 diminuíram em aproximadamente 18 por cento, devido à crise económica nos Estados Unidos e em nosso país. No ano 2008 através dessa fonte foram recebidos em Oaxaca mil e 456 milhões de dólares e estima-se que em 2009 apenas se receberam mil e 194 milhões de dólares."

"Sofri muito quando vi homens chorando quando me expressavam a difícil situação que padecem e o abandono no qual se encontram."

"No que respeita à saúde também é constante o abandono. Há municípios sem médicos e embora que nos principais centros populacionais hajam clínicas do primeiro nível, os médicos só trabalham de segunda a sexta-feira e em todos lados há carência de remédios."

"No que se refere à educação, apesar do esforço de alunos e professores, o retraso é notável. As escolas estão abandonadas, com tetos em más condições, faltam quadros-negros, mesas-bancas, há salas de aulas construídas com materiais precários. E o mais lamentável é que muitas crianças e adolescentes caminham até duas horas para ir à escola e quase todos chegam sem ter tomado o café da manhã."

"Desde o ponto de vista pessoal muitos me tacham de messiânico e louco. Aqui abro um parêntesis para contar que recentemente participei em um ciclo de conferências no Colégio do México e o historiador Lorenzo Meyer me perguntou que se eu tinha pensado fazer algo para contrarrestar os ataques contra mim, porque se no ano 2006 fui associado com Chávez, a quem não conheço, não era exagerado pensar que, visando as eleições presidenciais de 2012, tentaram me comparar com Osama Bin Laden."

"A campanha contra nós chegou tão longe que muitas pessoas acreditaram nos boatos de que tenho bastante dinheiro e luxosas residências no país e no estrangeiro. Uns ofuscados por seu direitismo e outros, de fato, manipulados por completo, não podem aceitar que não sou corrupto e que luto por ideais e princípios, o que acho mais importante na minha vida."

No entanto, é motivo de orgulho que, apesar de que quiseram destruir-nos, não o conseguiram nem o conseguirão. Não apenas porque temos autoridade moral, senão porque as mulheres e os homens que participamos nesta luta, professamos um profundo amor por nossos semelhantes e, além da perfídia e perante todo tipo de adversidades, mantemos a firme convicção de construir uma sociedade mais justa, mais humana e mais igualitária."

Neste capítulo final López Obrador indica 10 objetivos como síntese de seu pensamento político:

"1. Resgatar o estado e colocá-lo ao serviço do povo e da Nação."

"2. Democratizar a mídia."

"3. Criar uma nova economia."

"4. Combater as práticas monopólicas."

"5. Abolir os privilégios fiscais."

"6. Exercer a política como imperativo ético e levar à prática a austeridade republicana."

"7. Fortalecer o setor energético."

"8. Conseguir a soberania alimentar."

"9. Estabelecer o estado de bem-estar."

"10. Promover uma nova corrente de pensamento."

Ele se pergunta: "O que fazemos com a máfia?"

"...nossa pergunta sobre o que fazemos com a máfia, isto é, o que faremos com os oligarcas, vai noutro sentido e parte da nossa concepção de que o principal problema do México é, exatamente, o predomínio de um punhado de pessoas que têm o poder e são os responsáveis da atual tragédia nacional. E como é evidente, se estamos empenhados no estabelecimento da democracia e na transformação do país, é melhor que desde já seja conhecido o que faríamos com os oligarcas após triunfar nossa causa."

"...infelizmente, o que tem predominado no país é a cobiça e o fazer dinheiro custe o que custar sem escrúpulos morais de nenhum tipo. Quer dizer, prevalece a cultura do agandalle (apropriação indevida) e o provérbio de que "quem não trança, não avança".

Ele conclui na página 205 com as palavras seguintes:

"Já está em andamento a revolução das consciências para construir a nova República. A tarefa é sublime, nada na área do público pode ser mais importante do que conseguir a renascença do México. Nenhuma outra atividade produz mais satisfação do que a de lutar pelo bem-estar dos outros. É um orgulho viver com ousadia e além disso, ter a fortuna de fazer a história."

O seu livro é uma valente e irrefutável denúncia contra a máfia que se apoderou do México.

1. Não se fala sobre o fato de que nos Estados Unidos da América criou-se um colossal mercado de drogas e que a sua indústria militar fornece as mais sofisticadas armas, que transformaram o México na primeira vítima de uma sangrenta guerra na qual morrem já anualmente mais de 5 mil jovens mexicanos. Embora perceba que um homem que incessantemente percorre os mais afastados municípios do país, não poderia abordar esse assunto. Não obstante, da minha parte, acho que meu dever é lembrar ao povo mexicano que este problema soma-se aos fatos indicados na corajosa denúncia de López Obrador.

2. Também não se aborda o fato de que a mudança climática tem-se transformado em um colossal perigo para a sobrevivência da espécie, que já, de fato, está criando gravíssimos problemas como o que sofre atualmente a Rússia, onde a cifra de vítimas do calor e da fumaça provocada pelos incêndios que provoca nas florestas e no carvão mineral, dobraram em muito a cifra de pessoas que precisam dos serviços funerais em Moscou e em outras cidades. O México é, exatamente, o país onde será realizada a futura Cúpula da Mudança Climática e outras muitas atividades vinculadas com ela.

3. Omite-se qualquer referência ao iminente risco de uma guerra nuclear que poderia provocar o desaparecimento de nossa espécie. No entanto, é justo assinalar que no dia 24 de maio de 2010, quando López Obrador concluiu o seu livro, o Conselho de Segurança das Nações Unidas ainda não tinha adotado a Resolução 1929 de 9 de junho de 2010, onde ordena a inspeção dos navios mercantes iranianos e cria uma situação da qual já não poderia fugir.

No entanto, López Obrador será a pessoa de mais autoridade moral e política do México quando o sistema se derrube e, com ele, o império. Sua contribuição à luta por evitar que o Presidente Obama desate essa guerra será de grande valor.

Continuará amanhã.

Fidel Castro Ruz

11 de agosto de 2010. 21h53


Segunda Parte

Em 12 de março de 2004, soubemos através da Interpol que um cidadão de origem argentina naturalizado mexicano, era procurado por operações ilícitas.

As investigações demonstraram que havia entrado no país em 27 de fevereiro desse mesmo ano, num avião privado, junto a outra pessoa, e estava hospedado numa casa de aluguel registrada legalmente.

Foi preso no dia 30 de março.

No dia 31, a Chancelaria mexicana encaminhou a solicitação de extradição de Carlos Ahumada Kurtz para o Ministério das Relações Exteriores (MINREX) de Cuba, por existir uma ordem de apreensão contra ele por sua provável participação num delito de fraude genérica.

Cinco dias mais tarde, foi-lhe imposta a medida cautelar de prisão provisória como resultado das investigações.

Nos interrogatórios declarou que, desde novembro de 2003, ele tinha combinado com líderes políticos dos partidos Ação Nacional (PAN) e Partido Revolucionário Institucional (PRI), o senador Diego Fernández de Cevallos e o ex-presidente Carlos Salinas de Gortari denunciar os manejos fraudulentos dos funcionários do governo do Distrito Federal, colaboradores próximos do governador pelo PRD, Andrés Manuel López Obrador. Em vídeos filmados por ele ou por seus colaboradores, aparecia o secretário pessoal do governador, René Bejarano, recebendo milhares de dólares entregues por Ahumada, bem como outros vídeos em que aparece o secretário das Finanças do Distrito Federal, Gustavo Ponce Meléndez, gastando avultadas quantias num cassino de Las Vegas, Estados Unidos – materiais que foram divulgados pela televisão mexicana.

Bejarano caiu numa armadilha ao ser entrevistado num programa de televisão, onde criticava duramente os atos de corrupção de funcionários do governo e, ao concluir sua intervenção, foi convidado para passar a um estúdio contíguo e ali passaram um vídeo em que foi flagrado recebendo dinheiro. Tudo isso constituiu um grande escândalo com conseqüências destrutivas para seu prestígio.

Salinas de Gortari e Fernández de Cevallos viram os vídeos com antecedência e organizaram com o secretário de Governação e com o procurador-geral da República do governo do presidente Fox, Santiago Creel e Rafael Macedo de la Concha, respectivamente, a denúncia e sua posterior divulgação, oferecendo-lhe em troca disso apoio econômico em seus negócios e proteção judicial para ele e para sua família.

Ahumada teve vários contatos com Fernández de Cevallos, analisando a qualidade dos vídeos, melhorando os mesmos, e inclusive, ocultando seu rosto nas imagens. Além disso, a denúncia foi ratificada por ele num apartamento do Hotel Presidente da Cidade do México, onde se encontravam representantes da Procuradoria Geral da República.

Após serem divulgados os vídeos, Salinas, através de seu advogado Juan Collado Mocelo e de seu ajudante pessoal Adán Ruiz, lhe indicou que abandonasse o México e se refugiasse em Cuba, o que fez comunicando-se com ele, mediante as visitas dos empregados supracitados e via telefônica.

O objetivo fundamental, segundo as declarações de Ahumada, era prejudicar López Obrador e o PRD, visando enfraquecê-lo como candidato às eleições presidenciais de 2006.

Em 28 de abril de 2004, Carlos Ahumada Kurtz foi deportado para o México, entregue às autoridades policiais, ficando preso sob a jurisdição do juiz do Distrito Federal, que tinha ditado ordem de apreensão. Nessa mesma data, foi publicada a confirmação do Ministério das Relações Exteriores de Cuba sobre o processo impetrado contra Carlos Ahumada e sua deportação.

Durante sua detenção em Cuba, recebeu a visita da mulher, teve acesso consular e, excepcionalmente, foi autorizado a entrevistar-se com Juan Collado, advogado de Salinas.

Em torno deste caso, gerou-se uma forte campanha midiática.

Quanto à deportação, foram emitidas opiniões favoráveis para Cuba por parte de dirigentes partidários de diversas organizações, particularmente do PRD, assinalando-se num relatório do Ministério do Interior de Cuba, recebido ontem e datado em 11 de agosto de 2010, que López Obrador estava satisfeito com essa medida.

Por outro lado, num “Relatório valorativo das informações sobre a deportação de Carlos Ahumada” comunicava-se num dos parágrafos: “O presidente do 'PRD', Godoy, ligou para nossa embaixada mostrando-se 'satisfeito' com a declaração 'cubana' e a 'deportação'. Disse que López Obrador 'está muito satisfeito'. Era o que mais nos interessava.

O procurador-geral do Distrito Federal “ligou para nossa embaixada para agradecer a deportação e pedindo dados sobre o vôo”.

Assim, numerosas personalidades, representantes de organizações e partidos políticos, representantes e senadores exprimiram sua satisfação e gratidão.

Blanche Petrich e Gerardo Arreola, enviada e correspondente do jornal La Jornada, enviaram uma informação que apontava: “O detento envolve diretamente funcionários que ocupam altos cargos no governo, afirmou o chanceler cubano.”

“Havana, 5 de maio. Sentado na borda de um sofá de tecido brocado, caído de moda, com bom feitio, o empresário Carlos Ahumada diz aos seus interlocutores, situados ao lado da lente da câmara que filma: ‘Porque eu não queria largar os vídeos, porque era, dalguma maneira, o único modo de poder negociar o que queria negociar, ou seja, que me ajudaram. E, infelizmente, terminei largando-os todos e, até hoje, não me deram nada, porque eles ainda não me deram proteção jurídica, ao contrário, fui acusado de lavagem de dinheiro, e também não me deram a ajuda econômica e afinal, não houve nada, e  estou aqui preso.'”

“Com esta microdose, não mais de quatro minutos dos anunciados e temidos vídeos na posse do governo cubano, o chanceler Felipe Pérez Roque apresentou 'as provas' que o secretário das Relações Exteriores, Luis Ernesto Derbez, lhe exigiu.

“'Infelizmente – concluiu Pérez Roque- os fatos têm uma considerável conotação política, porque no planejamento, execução e difusão dos vídeos com fins políticos estão diretamente envolvidos altos funcionários do governo.'”

“Nestes trechos apresentados aquela tarde à imprensa, Ahumada não mencionou nenhum nome da equipe de Vicente Fox, nem deu detalhes do complô contra a figura política do chefe de governo do Distrito Federal, Andrés Manuel López Obrador, nem sombra da identidade dos que estavam por trás do empresário. Tudo isso, apesar de o próprio chanceler garantir que autoridades judiciais cubanas contavam com declarações ‘de várias horas’ gravadas ao réu. 'O que Ahumada disse aos nossos funcionários é muito mais.’

“A quem se está referindo Ahumada? A quem entregou os vídeos?

“Cabe ao governo mexicano esclarecer isso. Nós dissemos que ele tinha afirmado que altos funcionários estavam envolvidos no planejamento de tudo. Ele declarou que existiam objetivos e fins políticos. É no México onde tudo isto deve ser investigado. Não é nosso objetivo. Nós temos a obrigação de fornecer estes elementos, porque o chanceler Derbez nos emprazou a apresentarmos provas. Esse pronunciamento nos obriga a ampliar e aprofundar o que já foi feito.

“'Durante um mês, Cuba esteve recebendo um monte de acusações e versões de que estávamos protegendo Ahumada. Enfatizo que, cabe às autoridades mexicanas prestar contas ao sistema político e ao povo mexicano sobre estes fatos', insistiu.”

Esta interessante notícia dos autores continua durante longas páginas, das quais nem sequer tento fazer um resumo, porque não devo me alongar nesta Reflexão como ontem.

Além disso, desejo incluir uma imprescindível ordem que dei ao vice-chefe do Departamento das Relações Internacionais do Comitê Central do Partido, em 2 de abril de 2004, José Arbesú, de viajar para o México a fim de deixar bem clara nossa posição quanto ao caso Ahumada:

“É preciso fazê-lo com todas as cúpulas dos partidos, que o nosso pessoal vá lá para falar com eles, incluindo não apenas o PRD, mas também o PT, Convergência. Também é preciso falar com Bolaños (embaixador de Cuba no México). A ideia é explicar-lhes como foi que aconteceu tudo, como soubemos, responder a todas as perguntas que eles estão fazendo.”

“ Devemos dizer a Obrador, em primeiro lugar, que nós nem fazemos parte de um complô contra ele, nem de nenhuma conspiração contra ele, nem nos conluiamos com ninguém para o prejudicar, que nós soubemos de que Ahumada estava aqui e não somos capazes de fazer isso.

“Que nós saoubemos da presença de este indivíduo no país através da solicitação que fez a Interpol...”

“Que a verdade é que nós temos muitos muitos problemas e estamos atendendo outras questões e a direção do país não tinha sido sequer informada daqueles escândalos...”

“Que soubemos disso, e assim que soubemos foi ordenada a investigação. Inclusive, o cara foi detido para saber; que ele não era a única vítima, mas também nós, a honra, o prestígio do país e da Revolução. Não deve haver confusão com isso. Ao contrário, interessa-nos muito tudo o que ele tenha que dizer a respeito desse assunto.”

“Quermos pedir opinião aos do PRI, aos outros, a todo mundo, o que queremos é que nos digam. E encaminhar para todos o discurso de nossa posição e como nos envolveram nisto, e que não permitiremos que nos envolvam em coisas sujas, acusando-nos de abrigar e apoiar...”

A gente do partido de López Obrador queria que enviássemos a cópia filmada das declarações de Ahumada, mas não pudemos comprazê-la. Enviamo-la, como era devido, à autoridade que solicitou a extradição. Outra atitude não tivesse sido séria.

Compreendemos perfeitamente a desconfiança de López Obrador. Foi traído por pessoas que considerava honestas e essas circunstâncias foram aproveitadas por aqueles que estavam dispostos a apunhalá-lo.

Havia também um outro motivo. Quando Ahumada lhe mostrou o material, qualificado por ele de “míssil nuclear” contra Obrador, Salinas estava em Cuba. Homem extremamente hábil, sabia movimentar todas as peças como um experto enxadrista, com muito mais talento do que os que estavam ao seu redor.

Quando foi presidente do México, seu adversário era Cuauhtémoc Cárdenas, com quem, por razões óbvias, tínhamos excelentes relações. Os grandes, médios e pequenos Estados o reconheceram.

Cuba foi o último. Apenas uns dias antes de assumir o cargo, fizemo-lo aceitando seu convite para participar da cerimônia de posse.

Não tinha provas de se houve fraude ou não. Era o candidato do PRI, partido em que os eleitores mexicanos sempre votaram durante décadas. Somente o coração fazia com que eu pensasse que tinham roubado a eleição a Cuauhtémoc.

Foi amável demais comigo, conversou bastante e mostrou-me sua gigantesca biblioteca cheia de livros por todo lado, e com dois andares. Não os tinha ali de enfeite.

Aconteceu algo ainda mais importante. Num momento de séria crise migratória entre Cuba e os Estados Unidos, em agosto de 1994, o presidente dos Estados Unidos nesse momento, William Clinton, que não estava de acordo com Carter — e se propôs como mediador e a quem nós preferíamos —, designou Salinas e não tive outra saída que aceitá-lo.

Comportou-se bem e desempenhou-se verdadeiramente como mediador e não como aliado dos Estados Unidos. Foi assim que teve lugar o acordo, que foi uma zombaria na primeira crise, durante os anos de Reagan.

Quando Zedillo, um homem realmente medíocre que o substitui na presidência, talvez receoso por sua influência política, o proibiu de residir no México, nesse momento Salinas tinha uma difícil situação pessoal, e solicitou residir em Cuba. Sem hesitação, autorizámo-lo e aqui nasceu a primeira filha de seu segundo matrimônio.

Quis investir em nosso país, e não o autorizamos. Adquiriu legalmente a residência de um particular na capital de Cuba.

William Clinton não se comportou bem. Cumpriu os acordos migratórios assinados, porém manteve o bloqueio econômico, a Lei de Ajuste Cubano, e quando teve uma oportunidade, fez pressão econômica mediante a Lei Helms-Burton, que o governo desse país mantém contra Cuba.

Quando Salinas escreveu num livro sobre seu papel nas negociações migratórias, falou a verdade e coincidiu com o jornal de esquerda New Yorker, que divulgou as atividades realizadas por Richardson, que era secretário de Energia, durante sua visita a Cuba e prôpos a Clinton proibir as provocações dos teco-tecos usados na guerra do Vietnã para violar nosso espaço aéreo na Cidade de Havana, que levaram a que comunicássemos a Richardson que não toleraríamos tais violações.

Quando ele regressava aos Estados Unidos me disse que não aconteceria novamente, e não me ocupei mais do problema. Infelizmente, não foi assim e teve lugar o incidente.

Salinas continuou visitando frequentemente Cuba, conversava comigo e jamais tentou me enganar. Adoeci gravemente em 26 de julho de 2006 e não soube mais dele.

Não mudei. Continuarei fiel aos princípios e à ética que pratico desde que que sou revolucionário.

Hoje tenho a honra de concordar com os pontos de vista de Manuel López Obrador, e não duvido de que antes do que ele imagina, tudo mudará no México.

“ ... as árvores hão-de se alinhar para impedir a passagem do gigante das sete léguas! É hora da retrospectiva e da marcha unida, e havemos-de andar em bloco apertado, como a prata nas raízes dos Andes”, afirmou José Martí há quase 120 anos, em 1º de janeiro de 1891.

Fidel Castro Ruz

12 de agosto de 2010, 21h30

 


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