A solução exprimida por Bukharine para dar saída à revolução consistia, basicamente, em diminuir os preços industriais e, desse jeito, sossegar os campesinos favorecendo a transferência de valor em direção ao sector agrícola, que haveria fornecer matérias primas para a indústria e as indispensáveis exportações com as que mercarem nos exteriores bens manufacturados. Os capitais privados seriam reparados mediante impostos e empréstimos ajudando, então, o fundo de inversões para o acrescentamento da indústria e, por sua vez, permitia-se que a burguesia gozasse dum mercado para os seus produtos. Qualquer adiamento de recursos que tirasse parte da quantia da renda agrária não faria mais que demorar o desenvolvimento industrial. Isto é o que significava “enriquecei-vos!”[54] e o “socialismo ao passo de tartaruga”[55]. Um incremento de emprego industrial, segundo a argumentação de Bukharine, coadjuvaria um aumento das inversões estatais que enfrearia a produção de alimentos e, polo tanto, o descendo da demanda dos sustentos para os trabalhadores da indústria causando tensões inflacionárias e importações alimentícias em vez da compra de elementos industriais. Isto exigia, dentro do método discursivo, que na rama industrial a produção teria de ser levada para um programa que favorecesse as indústrias intensivas em trabalho e poupadoras de capital, isto é, as de bens de consumo vinculadas à agricultura. A partires de aqui a conclusão tornava-se absolutamente lógica: o medre dos bens de produção só poderia ser efetive em tanto acrescentasse a indústria ligeira que de vez demandasse bens da pesada articulando deste jeito os sectores produtivos. No seu escrito “A nossa política econômica e os nossos objectivo”[56] diz:
“A acumulação na agricultura significa a demanda crescente de produtos da nossa indústria. O que, por sua vez, estimula um forte desenrolamento da nossa indústria, que produze um efeito positivo sobre a agricultura.”[57]
Um outro discurso consistia em lançar um plano industrializador centralizado que favorecesse do mesmo modo a coletivização do campo. Esta era a moção da Oposição de Esquerda e nomeadamente a proposta por Preobazhenski e Trotski.
A Oposição de Esquerda chegara à conclusão de que na estratégia fazia-se indispensável articular um fundo de acumulação socialista, quer dizer da indústria estatal, sem por isso reduzir as rendas no agro. Mas, nas contradições que operavam no seio da formação social Soviética onde pugnavam dous sistemas antagônicos: a lei do valor, que tratava de dominar o conjunto da economia submetendo tudo o processo produtivo à lógica do mercado, e a lei de acumulação socialista primitiva, onde “a acumulação nas mãos do Estado dos recursos materiais obtidos principal ou, à vez, de fontes situadas além do complexo da economia do Estado”,[58] apenas se poderiam obter esses recursos através da economia agrícola mercantil, submetendo a produção agrária para o desenvolvimento industrial.
O desconjuntamento da economia Soviética tinha como resultado o enfraquecimento do socialismo. Para emendar isto impunha-se uma planificação econômica que desse lugar a uma acumulação de orientação socialista que combatesse a lei do valor. Este planejamento organizaria ao conjunto da economia harmonicamente: a moeda, as inversões, a fiscalidade, a política de preços, as finanças e o comércio exterior.
De necessidade isso obrigava uma série de medidas que, grosso modo, consistiam: uma discriminação ao sector privado do uso dos créditos fornecidos pola banca do Estado, o afastamento dos intermediários privados entre os sectores estatais e os particulares e, paralelamente, a presencia principal do Estado dentro dos intercâmbios dos mesmos sectores privados; em atenção à política alfandegária um apoio para os interesses estatais defronte dos privados, uma política fiscal que tivesse maior pressão sobre os intermediários privados e incrementos de cargas impositivas em razão dos ingressos de cada camada campesina; empréstimos do campesinato para o Estado e uma política monetária expansiva que deprecasse temporalmente o valor da moeda em circulação.
Os razoamentos de Preobazhenski e de Trotski eram que, pola política levada na diminuição dos excedentes agrários e pola medrança dos preços, os camponeses não tinham necessidade de vender uma parte maior da produção para obter um saldo positivo nas contas e, mesmo por isso, incrementavam o consumo próprio reduzindo a oferta de disponibilidade.
A industrialização acelerada coadjuvava determinar os ritmos e as preferências do crescimento, principalmente para os sectores da indústria pesada, que implicava tanto uma maior taxa de medre da produção como uma ampliação dos fundamentos da acumulação e da reprodução ampliada.
Trotski e a Oposição de Esquerda procuraram, bastante longe de entusiasmos esfuziantes e esteris peugadas, embora inseridas nas noções de base marxista, impulsionar a industrialização do país dos sovietes mais cedo do que Estaline, de forma mais racional e com menor sofrimento sem dúvida nenhuma, mas também compreenderam que a sorte da Revolução de Outubro elucidar-se-ia, em definitivo, polo desfecho da luita de classes no plano internacional. Esta férrea defesa dos pressupostos segue a ser válida, tanto ontem como hoje, enquanto é científica, enquanto é a única correta.
Notas:
[53] Na carta dirigida ao Comitê Central em 27 de Dezembro de 1927 chama a atenção para pôr em meditação a flexibilização do monopólio para o comércio externo. [Michael Reiman, Die Gerburt des Stalinismus, Franforte, EVA, 1979].
[54] Discurso no Teatro Bolschoi o 17 de Abril de 1925.
[55] XIV Congresso (18-31 de Dezembro de 1925).
[56] No volume que regista a polêmica entre Bukharine e Preobazhenski com o título La acumulación socialista. Editorial Comunicación, Madrid, 1971.
[57] Op. cit., pág. 223.
[58] Otra vez más sobre la acumulación socialista, em La acumulación socialista, pág. 93.