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António Barata

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A 'nova' esquerda ordeira e a NATO

António Barata - Publicado: Segunda, 09 Agosto 2010 17:39

António Barata

Uma jornalista do Diário de Notícias, conhecida por ser uma espécie de porta-voz oficiosa das polícias, decidiu desta vez investir, não contra os "gangues" de jovens negros dos ditos "bairros problemáticos", mas contra a PAGAN (uma das coligações que em Portugal contestam a realização da Cimeira da NATO em Lisboa, nos dias 19 e 20 de Novembro, constituída por pessoas e organizações vulgarmente tidas como da área revolucionária e anti-capitalista – anarquistas, bloquistas, ecologistas, etc.) tentando-a conotar com os grupos "violentos", como o Black Block, que costumam confrontar as "forças da ordem" que protegem os encontros dos ricos e poderosos que governam o mundo.


Até aqui nada de extraordinário. Seguindo a ordem natural das coisas, os governos e as polícias fazem o seu trabalho, tal como o "jornalismo" a soldo. O que já é estranho, e sintomático do estado comatoso em que se encontra aquilo que faz de "esquerda" em Portugal, foi a reacção da PAGAN (Plataforma Anti-Guerra e Anti-Nato) que, em vez de chamar a tenção para o reforço de meios de repressivos – está prevista a colocação uma vasta rede de câmaras de vigilância em Lisboa para recolher e gravar imagens; a aprovação de leis de excepção e a suspensão do tratado de Schengen; a expulsão imediata de estrangeiros; a limitação do direito de manifestação e a criação de vários perímetros de segurança de check-points; a aquisição de blindados semelhantes aos que estão a ser usados no Iraque; o recrutamento à pressa de mais 60 elementos para a polícia de choque; a elaboração pelas polícias europeias e norte-americanas de uma listas de elementos e organizações radicais a ter debaixo de olho; infiltração das secretas, etc. – resolveu abjurar (mais uma vez e em nome do pacifismo) a acção directa e os "violentos" jurando que "recusa liminarmente a associação do seu nome a actos violentos ou ameaçadores da ordem pública" e insurgindo-se contra "o facto de o Diário de Notícias subverter o nome da PAGAN, cujo acrónimo se traduz em Plataforma Anti-Guerra Anti-NATO, omitindo a expressão anti-Guerra e sublinhando a expressão anti-NATO, configura-se como uma tentativa de distorção do carácter pacifista desta plataforma de cidadãos."

Que Deus guarde a PAGAN e o seu pacifismo.


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