Segundo o inspirador da lei promulgada por Obama, o senador Bob Menéndez – um homenzinho a serviço da máfia anticastrista de Miami imerso em uma densa trama de processos judiciais por tráfico de influências, prostituição de menores, tráfico de pessoas, etc – a nova legislação era um triunfo para o povo venezuelano. O único problema é que parece que este não a entende assim, porque segundo a consultora Hinterlaces “64% dos venezuelanos rechaça que o Governo dos EUA imponha sanções a funcionários venezuelanos”, mesma posição adotada por organismos defensores dos direitos humanos e várias organizações regionais da América Latina e Caribe.
Além disso, chama a atenção a inconsistência do critério de Obama: primeiro, porque a sanção ignora que a maior parte das vítimas da violência desencadeada (com aprovação e apoio escancarado da Casa Branca) são chavistas ou funcionários das forças de segurança ou da justiça da República Bolivariana e que o governo de Nicolás Maduro processou e conseguiu condenar os membros da polícia ou da guarda nacional responsáveis por esses atos (coisa que os Estados Unidos não fizeram com os policiais que nos últimos tempos assassinaram a sangue frio afro-americanos ou latinos, nenhum dos quais está preso).
Segundo, que não utiliza o mesmo discurso para sancionar os funcionários civis e militares da Colômbia, responsáveis pela morte não de 43, mas de quase 6 mil civis entre 2000 e 2010; ou os governantes e forças de segurança de Honduras, que desde o golpe de 2009 mergulharam esse país em um interminável banho de sangue; para não falar dos responsáveis pelo “desaparecimento” de 26 mil pessoas no México em anos recentes e o crime perpetrado contra os 43 estudantes em Ayotzinapa. Se o fundamento da sanção é a violação dos direitos humanos (e suponhamos que isso tenha acontecido na Venezuela), por que se penaliza esse país enquanto que se recompensa com ajuda militar e apoio político Colômbia, Honduras e México?
Obama e seus publicistas não podem enganar a ninguém. Isso não tem nada a ver com os direitos humanos, a liberdade e a democracia, como pregam em Washington, coisas pelas quais o império não costuma zelar.
É o petróleo, estúpido!
Tradução do Diário Liberdade