O apoio da Venezuela na Integração Latino-Americana é o maior medo de Obama
Para responder a essa questão, é essencial começar pela abordagem enganadora de Obama e pelas responsabilidades insubstanciais da Venezuela ser um "perigo para a segurança nacional e para a política externa".
Primeiramente, a Casa Branca não apresenta evidências... Porque não há nada para apresentar! Não há mísseis venezuelanos, planos de luta, navios de guerra, Força Especial, agentes secretos ou bases militares munidas para atacar facilmente as residências americanas ou instalações estrangeiras.
Em contrapartida, os Estados Unidos tem navios de guerra no Caribe, sete bases militares na Colômbia com tripulação composta por dois mil oficiais da Força Especial dos Estados Unidos e bases da Força Aérea na América Central. Washington tem financiado mandatos políticos e operações militares na Venezuela com a intenção de derrubar a Constituição legal e o governo eleito democraticamente.
A reclamação de Obama se assemelha a um papel que os governantes totalitários e os imperialistas frequentemente usam: acusando essas iminentes vitimas dos crimes que eles mesmos preparam contra elas. Nenhum país ou líder, amigo ou inimigo, apoiou as acusações de Obama contra a Venezuela.
A acusação de Obama que a Venezuela representa uma "ameaça" para a política estrangeira dos Estados Unidos exige uma explicação: Primeiramente, quais elementos da política externa dos Estados Unidos estão ameaçados? A Venezuela propôs e ajudou com sucesso várias organizações de integração regionais, que são voluntariamente ajudados por seus companheiros Latino-Americanos e Caribenhos. Essas organizações regionais, em grande parte, copiam a estrutura de dominação americana, que serve os interesses imperiais de Washington. Em outras palavras, a Venezuela ajuda organizações com alternativas diplomáticas e econômicas, as quais os membros acreditam que será melhor servir ao próprio interesse político e econômico, do que servir ao regime de Obama.
A Petrocaribe, organização de países da América Central e Caribe ajudados pela Venezuela, atende melhor às necessidades de desenvolvimento de seus membros do que a organização dominante dos Estados Unidos, como a Organização dos Estados Americanos ou a então chamada "Iniciativa Caribenha". O mesmo vale para a ajuda da Venezuela para a CELAC (Comunidade dos Estados Latino-Americanos e Caribenhos) e UNASUL (União das Nações Sul-americanas). Essas são organizações latino-americanas que excluem a presença dominante dos Estados Unidos e Canadá e são designadas para promover a grandiosa independência regional.
A reclamação de Obama de que a Venezuela representa uma ameaça para a política externa americana é uma acusação direta a todos os governos que escolheram livremente abandonar as organizações centrais dos Estados Unidos e que rejeitam a hegemonia estadunidense.
Em outras palavras, o que desperta a ira de Obama e motiva sua agressividade em direcionar ameaças à Venezuela é o guia político de Caracas em mudar o Imperialismo da política externa dos Estados Unidos.
A Venezuela não tem bases militares no resto da América Latina e nem invade, ocupada ou patrocina golpes militares nos outros países latino-americanos – como Obama e seus antecessores fizeram.
A Venezuela condenou a invasão americana no Haiti, o suporte no golpe militar em Honduras (2009), Venezuela (2002, 2014, 2015), Bolívia (2008) e Equador (2010).
Claramente, a "emergência" de Obama decretada e sancionada contra a Venezuela, é fruto da imutável supremacia imperial dos Estados Unidos na América Latina e diminui a independência venezuelana, sua política externa democrática.
Para entendermos corretamente a política de Obama em atacar a Venezuela, nós temos que analisar por que ele escolhe fazer ameaças justamente nesse momento.
A Guerra de Obama ameaça resultados da falha política
A principal razão de Obama ter intervindo diretamente nas políticas venezuelanas é o que suas outras opções políticas designadas a derrubar o governo de Maduro falharam.
Em 2013, os Estados Unidos financiaram o opositor presidencial, Henrique Capriles, para derrubar o governo Chavista. O Presidente Maduro derrotou a escolha de Obama e desviou a "via eleitoral" de Washington para a mudança de regime.
Na sequência, Obama tentou boicotar e desacreditar o processo de votação da Venezuela através de uma campanha de difamação internacional. A Casa Branca boicotou por seis meses e não recebeu nenhuma ajuda da América Latina ou da União Europeia, já que houve grandes observadores internacionais na eleição, que vão desde o ex-presidente James Carter aos representantes da Organização dos Estados Americanos que certificaram o resultado.
Em 2014, o regime Obama apoiou tumultos violentos em grande escala, que deixaram 43 pessoas mortas e dezenas de feridos, (a maioria das vítimas foram civis pró-governo e agentes da lei) e milhões de dólares em danos à propriedade pública e privada, incluindo usinas de energia e clínicas. Dezenas de vândalos e terroristas de direita foram presos, incluindo o terrorista formado em Harvard Leopoldo Lopez. No entanto, o governo Maduro libertou a maioria dos sabotadores como um gesto de reconciliação.
Obama, por sua vez, escalou a campanha de terror da violência interna. Ele recrutou seus agentes e, em fevereiro de 2015, apoiou um novo golpe. Vários funcionários da embaixada dos Estados Unidos (os EUA tinham, pelo menos, 100 americanos em sua embaixada), eram agentes da inteligência e utilizaram cobertura diplomática para se infiltrar e recrutar uma dúzia de oficiais militares venezuelanos para tramar a derrubada do governo eleito e, assim, assassinar o presidente Maduro, bombardeando o palácio presidencial.
O Presidente Maduro e sua equipe de segurança nacional descobriram a tentativa de golpe e prenderam os líderes militares e políticos, incluindo o prefeito de Caracas.
Obama, agora furioso por perder seus agentes principais e seus representantes internos, voltou para o seu último recurso: a ameaça de uma intervenção militar americana direta.
Os múltiplos usos de Obama de 'emergência nacional'
A declaração de uma emergência de segurança nacional de Obama tem objetivos psicológicos, políticos e militares. Sua postura belicosa foi projetada para reforçar o espírito de seus agentes presos e desmoralizados para que eles saibam que eles ainda têm o apoio dos EUA. Para isso, Obama exigiu que o presidente Maduro libertasse os líderes terroristas. As sanções de Washington foram dirigidas, principalmente, contra as autoridades de segurança da Venezuela, que julgou procedente a constituição e manteve presos os capangas de Obama. Os terroristas em suas celas de prisão podem se consolar com o pensamento de que, enquanto eles passam por um "momento difícil" de servir como tropas e fantoches dos Estados Unidos, seus procuradores terão vistos negados pelo presidente Obama e não podem mais visitar a Disneylândia ou fazer compras em Miami ... Tais são as consequências das atuais "sanções" dos Estados Unidos nos olhos de uma América Latina altamente crítica.
O segundo objetivo da ameaça de Obama é testar a resposta dos governos da Venezuela e da América Latina. O Pentágono e a CIA buscaram conferir como os militares, a inteligência da Venezuela e os líderes civis vão lidar com este novo desafio, a fim de identificar os elos fracos da cadeia de comando, ou seja, os funcionários que irão correr para se esconder, que irão se acovardar ou buscar conciliar, por ceder às exigências de Obama.
Lembre-se de que, durante o apoiado golpe estadunidense em abril de 2002, muitos autointitulados "revolucionários chavistas'' passaram a se esconder, alguns em embaixadas. Além disso, vários oficiais militares desertaram e uma dúzia de políticos foi a favor com os líderes do golpe, até que a maré virou e mais de um milhão de venezuelanos comuns, incluindo moradores de favelas, marcharam para cercar o Palácio Presidencial e, com o apoio de paraquedistas legalistas, derrubou os golpistas e libertou seu Presidente Chavez. Só então é que os chavistas bundões saíram de debaixo de suas camas para comemorar a restauração de Hugo Chávez e o retorno da democracia.
Em outras palavras, a postura belicista de Obama é parte de uma "guerra de nervos", para testar a resistência, determinação e lealdade dos oficiais da Venezuela quando as suas posições são ameaçadas, suas contas bancárias nos Estados Unidos são congeladas, seus vistos negados e seu acesso à Disneylandia cortado.
Obama está colocando o governo venezuelano sobre a observação: o aviso, desta vez, é uma próxima invasão
A retórica da Casa Branca também se destina a testar o grau de oposição na América Latina - e se Washington pode esperar o apoio na América Latina e em outros lugares.
Cuba respondeu com força com o apoio incondicional à Venezuela. Equador, Bolívia, Nicarágua e Argentina repudiaram as ameaças imperiais de Obama. A União Europeia não adotou as sanções dos Estados Unidos, embora o Parlamento Europeu fosse a favor da demanda de Obama para libertar os terroristas presos. Brasil, Uruguai, Chile e México não apoiaram os EUA e nem o governo venezuelano. O vice-presidente uruguaio Raul Sendic foi o único oficial na América Latina que não foi contra a intervenção dos EUA. No entanto, no dia 16 de março em uma reunião emergencial da Unasul em Quito, Equador, os ministros das Relações Exteriores da Argentina, Bolívia, Chile, Colômbia, Equador, Guiana, Peru, Suriname, Uruguai e Venezuela denunciaram em unanimidade as sanções e a intervenção militar proveniente dos Estados Unidos.
Presidente Maduro se mantém firme: Eles não passarão
O mais importante, o presidente Maduro se manteve firme. Ele declarou uma emergência nacional e pediu forças especiais. Ele convocou, para todo o país, duas semanas de exercícios militares, envolvendo 100 mil soldados a partir do dia 14 de março. Ele deixou claro para o Pentágono e para a Casa Branca que a invasão norte-americana seria objeto de resistência, que milhões de combatentes da liberdade com quem os venezuelanos se confrontam não seriam uma "caminhada do bolo" - que haveria baixas americanas, sacos para corpos e novas viúvas e órfãos dos EUA a lamentar regimes imperiais de Obama.
Conclusão
Obama não prepara uma invasão imediata, porque seus agentes fracassaram em dois anos consecutivos, e nem desiste da "mudança de regime". Sua postura militarista é projetada para polarizar a América Latina: para dividir e enfraquecer as organizações regionais e para separar os chamados "moderados" no Mercosul (Brasil / Uruguai / Paraguai) da Venezuela e da Argentina. Apesar de suas falhas, até agora, Obama vai avançar para ativar a oposição às políticas de segurança venezuelanas entre os chilenos, peruanos, mexicanos, e regimes neoliberais colombianos.
Washington está construindo pressão externa e se preparando para uma nova rodada de manifestações internas violentas para provocar uma resposta do governo.
Em outras palavras - a invasão militar de Obama seguirá o cenário ensaiado de "intervenção humanitária" orquestrada na Iugoslávia, Líbia e Síria - com tais consequências desastrosas para os povos desses países. Obama, no momento, não tem apoio político internacional da Europa e América Latina, então, ele não pode se arriscar a invasão norte-americana unilateral e sangrenta, uma prolongada guerra imediatamente.
No entanto, ele está inexoravelmente se movendo nessa direção. Obama aproveitou as prerrogativas executivas para atacar a Venezuela. Ele alertou e mobilizou as forças de combate dos EUA na região. Ele entende que suas equipes atuais de cooperativas na Venezuela demonstraram ser incapazes de vencer as eleições ou de tomar o poder sem grande apoio militar estadunidense. Obama agora está envolvido em uma guerra psicológica, bem como física: derrubar a economia venezuelana, para intimidar os fracos de coração, e enfraquecer os militantes através de constantes ameaças e sanções alargadas ao longo do tempo.
O governo venezuelano de Nicolas Maduro aceitou o desafio. Ele está mobilizando as pessoas e as forças armadas: seu regime democraticamente eleito não vai se render. A resistência nacional estará lutando em seu próprio país para o seu próprio futuro. Eles estarão lutando contra um poder imperial invasor. Eles representam milhões e têm um mundo a perder se os “escuálidos” (a quinta coluna do país) sempre tomarem o poder, se não tomarem suas vidas, os seus meios de subsistência, a sua dignidade e seu legado como um povo livre e independente.
Epílogo
O presidente Maduro procurou e garantiu apoio militar russo, solidariedade aos venezuelanos e um acordo para participar de manobras militares conjuntas para enfrentar os desafios da guerra de Obama ... O presidente Putin enviou uma carta pública de apoio ao governo venezuelano em resposta às ameaças de Obama.
Obama está engajado em uma estratégia econômica e militar em duas vertentes, que irá convergir para uma invasão militar norte-americana.
As ameaças militares evidentes emitidas no início de março de 2015 são projetadas para forçar o governo Maduro a desviar recursos financeiros em larga escala, longe de satisfazer a crise econômica para a construção de defesa militar de emergência. Através de uma escalada de ameaças militares e econômicas, a Casa Branca espera diminuir os subsídios do governo para a importação de produtos alimentares de base e outros produtos essenciais durante uma campanha interna de açambarcamento e escassez artificial cometida por sabotadores econômicos. Obama está contando com seus representantes venezuelanos e com os meios de comunicação locais e internacionais para culpar o governo pela deterioração econômica e de mobilizar os grandes protestos de consumidores irados. Estrategistas da Casa Branca esperam uma enorme multidão, que vai servir como uma cobertura para os terroristas e franco-atiradores de se envolver em atos violentos contra as autoridades públicas, provocando a polícia e as forças armadas a responderem, repetindo o "golpe" em Kiev. Nesse ponto, Washington procurará assegurar alguma forma de apoio da Europa ou da América Latina (através da OEA) a intervir com tropas em que o Departamento de Estado vai dublar como "mediadores de paz em uma crise humanitária".
O sucesso do envio dos fuzileiros navais dos EUA para a Venezuela em uma missão de paz vai depender da eficácia das forças especiais e agentes do Pentágono na Embaixada dos Estados Unidos em garantir colaboradores de confiança entre os militares venezuelanos e as forças políticas, prontos para trair seu país. Uma vez que os colaboradores aproveitarem um pedaço de território, Obama pode montar a farsa de que fuzileiros navais dos EUA estão lá por convite ... das forças democráticas ...
Sob condições de ameaça militar explícita, Maduro deve mudar "as regras do jogo”. Em condições de emergência, segurar o tesouro não é mais apenas uma contravenção: torna-se um crime capital. Os políticos de reuniões e de consultoria com os representantes do país invasor devem perder a sua imunidade e ser sumariamente presos. Acima de tudo, o governo deve assumir o controle total sobre a distribuição de bens de primeira necessidade, estabelecer a política de racionamento para garantir o acesso da população; enfermagem escassa de recursos financeiros por limitar ou impor uma moratória sobre o pagamento da dívida; diminuir ou vender os ativos nos EUA (CITCO) para evitar a perda ou a sua colocação à liquidez ("congelado") por um novo decreto de Obama. Na frente externa, a Venezuela deve aprofundar os laços militares e econômicos com os países vizinhos e com as nações independentes para suportar os militares dos EUA e a ofensiva econômica. Se Obama agrava as medidas militares contra a Venezuela, as eleições parlamentares marcadas para setembro devem ser suspensas temporariamente até que a normalidade seja restabelecida.
Tradução de Iris Tolonia para o Diário Liberdade.