Só nos países estranhos, como este, a festa coletiva é também a festa do patrono do poder. Patrono de pátrias compatíveis. Muro com muro, na mesma porta a que chegará Ratzinger, pola que entrará um Borbóm para ganhar (ganhar) prebendas, dentro duma semana haverá milhares de pessoas com bandeiras compatíveis.
Mas nada que não mate é perigoso. E muito mais perigosa é a paz total, a resistência total. No entanto, continuará o diálogo fingido, muro com muro. Não é esse o caminho. Uma outra bandeira é necessária, e não tem forma. Não deve ser a bandeira dos símbolos, mas qualquer cousa desnatural, hoje difícil de conceber. E será num dia diferente, longe dos fastos. Ou em nenhum dia particular. Ou em todos: o dia da vida diária. Não é preciso somar números, contra os que sempre se perde. Os possuidores dos números possuem-nos a consciência, e nem sequer o sabemos. É precisa outra edificação, sem santos. O 25 de julho é o mais grande erro da construção coletiva. As palavras repetidas perdem sempre. Os cânticos perdem sempre se por detrás não há, isso, uma constância, uma certa lucidez do necessário. O 25 de julho das pátrias compatíveis não é um desafio, mas um jogo tolerado. Para o caminho, só existe uma bandeira, e está dentro. E por isso é ilógico chamá-la bandeira. Se não resistirmos também contra as nossas próprias cores, vamos perder sempre. São três cores velhas, manchadas de diálogo. Desenham de forma errada a linha do caminho: para abaixo. A estrela é demasiado solitária e portanto ineficiente, como qualquer absoluto. E o plácido azul claro não é o dos nossos mares. Qualquer bandeira é uma paródia da utopia. Já o sofremos há alguns dias, esse tristíssimo estrondo de duas cores. Não a 25 de julho, por dous motivos comparáveis. É letal associar-se com o inimigo na concorrência liberal por um dia, por um símbolo. Haverá que encontrar outra maneira. Em grupo, sim, mas dando as costas ao inimigo com solene silêncio.