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Immanuel Wallerstein

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Israel: fantasias e realidades

Immanuel Wallerstein - Publicado: Segunda, 02 Abril 2012 02:47

Immanuel Wallerstein

O Primeiro-Ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, visitou os Estados Unidos no começo do mês de março de 2012. Veio dizer, mais uma vez, que um Irã com energia nuclear seria uma ameaça existencial para Israel, e que Israel se reservava o direito de tomar ações no tempo apropriado para contra-arrestar esta situação.


O presidente Obama expressou com um vigor equivalente que sim, que um Irã nuclear implicaria uma ameaça existencial para Israel e que os Estados Unidos não aceitariam essa situação, mas que a sincronia proposta por Netanyahu não era correta. As ações não militares contra o Irã deveriam se esgotar antes de pensar em outras ações.

Examinemos as premissas. Porque o Irã, com armamento nuclear, seria uma ameaça existencial para Israel? Ou seja, quem acredita que se o Irã tivesse armamento nuclear as autoridades desse país o utilizariam para bombardear Israel? De fato, ninguém com algum cargo de responsabilidade em Israel, nos Estados Unidos, nem no resto do mundo, acredita nisso. Só dizem que acreditam.

Comecemos pelos argumentos ostensivos. Os funcionários israelenses mencionam o fato de que o presidente Ahmadinejad e outros disseram que desejariam "arrasar" (ou algum termo semelhante) com Israel.

Claro, muitos especialistas afirmam que esta tradução dos eventos é incorreta. Mas inclusive se fosse precisa, é isto algo mais do que a repetição da posição duradoura de um grande número de pessoas no Oriente Médio que se opõem ao conceito de um Estado judeu e que favorece outros resultados para a prolongada disputa?

Porque o Irã iria bombardear Israel? Se o fizesse, isto mataria, pelo menos, o mesmo número de árabes e israelenses. E Israel responderia imediatamente, já que está muito bem armado com armas nucleares. Que o Irã bombardeie Israel é uma fantasia que nenhum líder responsável acredita.

Então, se não acreditam, porque dizem isso? A resposta parece clara. Se o Irã possuísse algumas armas nucleares, de fato mudaria alguma coisa. Mudaria o equilíbrio geopolítico no Oriente Médio e enfraqueceria a posição de Israel. Isto também levaria à rápida aquisição de armas nucleares por outros países. Penso na Arábia Saudita, Egito e Turquia, para começar.

Se Israel ou os Estados Unidos bombardeassem o Irã de forma preventiva, teria enormes consequências políticas imediatamente. Em primeiro lugar, existe a quase absoluta certeza de que seria relativamente ineficaz quanto a parar o projeto iraniano. Segundo, enfraqueceria a posição política de Israel e Estados Unidos em todo o mundo. Os dois motivos juntos explicam porque existe tanta oposição dos serviços militares e de inteligência, tanto de Israel como dos Estados Unidos, a todo o discurso militar. O que temem é que o discurso incentive e permita que alguns líderes políticos, que por enquanto não controlam os governos de Israel nem dos Estados Unidos, sejam o suficientemente insensatos para iniciar a guerra.

Israel e os Estados Unidos estão encalhados em uma situação onde perdem de qualquer forma. Façam o que fizerem, perderão no âmbito político. Acredito que estão conscientes disto, e na realidade, nem Netanyahu nem Obama pode imaginar o que vão fazer nem como manter seus próprios interesses políticos no âmbito interno. Então, desperdiçam tempo se culpando e chantageando um ao outro. Enquanto isso, a liderança iraniana utiliza o discurso para agitar as bandeiras do patriotismo e fortalecer a postura interna, que sofreu sérios ataques recentemente.

Enquanto isso, na Palestina, que continua sendo um ponto real para Israel e não só uma fantasia, o Hamas decidiu vincular a sua estratégia com o Egito e com a Irmandade Muçulmana - que parece estar a ponto de controlar o governo egípcio. É claro que o Fatah teme, corretamente, perder o controle da Cisjordânia para o Hamas. Encurralado entre o Hamas e o governo estadunidense, o presidente Mahmoud Abbas, da Autoridade Nacional Palestina, está em uma posição onde perde de qualquer forma e também não sabe o que fazer. Então, hesita, o que não parece a melhor estratégia de sobrevivência.

O futuro está nas ruas palestinas. E eu simplesmente não acho que possam se manter latentes. Israel poderia chegar a um acordo com as ruas palestinas? Saberemos em breve.

Fonte: Cubadebate.Tradução: TeleSUR


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