Nada justifica os atos covardes que teriam sido praticados por Mehra. Mas sua intolerância encontra equivalente nas atitudes do governo francês. Para Sarkozy não há apenas mortos em excesso. Ele tem repetido que “há estrangeiros demais na França”.
Em agosto de 2010, Sarkozy ordenou a expulsão de ciganos do país depois de destruir seus acampamentos. Em abril de 2011, entrou em vigor a proibição do uso do véu islâmico em locais públicos. Em outubro passado, o presidente francês declarou:
Em nossas democracias, nos preocupávamos com a identidade de quem estava chegando e não suficientemente com a do país. Se alguém vem à França, tem de aceitar participação em uma só comunidade.
Difícil é determinar o que seja essa tal identidade francesa. O próprio Sarkozy é filho de pai húngaro e sua mãe é descendente de gregos. Talvez, a definição do presidente francês se explique pela mulher com quem escolheu casar, a italiana Carla Bruni.
Ou seja, para ser francês é preciso ser branco, se encaixar nos padrões de beleza reinantes e ter escolhido a religião e a “civilização” certas.
O fato é que existe a França que se orgulha de ser berço da “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”. E existe a França que colaborou com Hitler, através da “República de Vichy”, e entregou centenas de judeus aos nazistas.
Sarkozy já deixou claro qual foi sua escolha.