Foi o que procurou fazer a filósofa Marilena Chauí em palestra para o 1º Ciclo de Debates do Fórum Direitos e Cidadania, realizado em julho passado no Palácio do Planalto. Com o tema “Classe Média: como desatar o nó?” a professora falou a um público que, talvez, faça pouco ou nenhum uso de suas conclusões.
De acordo com Marilena Chauí, “a distribuição das classes pela sociologia e pelos institutos de pesquisa de mercado se faz com base na renda, na propriedade de bens imóveis e móveis, na escolaridade e na ocupação ou profissão”. Entretanto, diz ela, “há outra maneira de analisar a divisão social das classes. Aquela que se originou com o marxismo”.
Na opinião da filósofa, é costume identificar os segmentos da classe média como sendo aqueles ligados à ciência e à técnica. “Hoje, porém” diz ela:
...com a revolução eletrônica e a informática, as ciências e as técnicas tornaram-se parte essencial das forças produtivas e por isso cientistas, técnicos e intelectuais passaram da classe média à classe trabalhadora. Dessa maneira, renda, propriedades e escolaridade não são critérios para distinguir entre os membros da classe trabalhadora e os da classe média.
Ou seja, diminuição da pobreza e aumento do consumo pode levar ao conformismo e ao individualismo. Mas também significa mais gente em contato com as contradições do capitalismo. É o que mostram, por exemplo, as mobilizações em várias partes do mundo. Com grande participação de universitários, diplomados e profissionais especializados.
“Proletários, uni-vos!” continua valendo.