Entre os que denunciaram este caráter da PM está Gilberto Maringoni. Em seu texto ele descreve o brasão da PM paulista, que inclui a figura de um bandeirante. Talvez, fosse bom lembrar que os bandeirantes não passaram de mercenários da pior espécie. Bandidos que viviam do aprisionamento de índios e cometiam barbaridades por onde passavam.
Foram responsáveis, por exemplo, pelo massacre de milhares de indígenas nas missões jesuíticas no sul do Brasil e no Paraguai. Chegaram em pequenas expedições que matavam ou levavam presos muitos índios. A partir de 1628, começaram a formar verdadeiros exércitos para destruir as aldeias, matando velhos e crianças e aprisionando centenas de homens e mulheres guaranis.
Tamanha crueldade e violência chamou a atenção dos donos de engenho pernambucanos, que chamaram Domingos Jorge Velho para acabar com o Quilombo dos Palmares. Mas sua fama era péssima até entre os portugueses. Um deles foi o governador de Pernambuco, Caetano de Melo e Castro. Ele escreveu ao rei dizendo que os paulistas eram:
...gente bárbara, indômita e que vive do que rouba (...). Não julgo útil ao Real serviço de Vossa Majestade que aquela gente fique fazendo sua morada nos Palmares, porque experimentarão as capitanias vizinhas maiores danos em seus gados e fazendas que aquele que lhes faziam os mesmos negros levantados.
Outro a fazer comentários nada simpáticos sobre os bandeirantes foi o bispo de Pernambuco na época. Em 1697, ele falou o seguinte sobre Domingos Jorge Velho:
Este homem é um dos maiores selvagens com que tenho topado. . . nem se diferencia do mais bárbaro tapuia mais que em dizer que é cristão.
Defender as ações da PM contra os estudantes da USP equivale a cuspir na memória dos guerreiros e guerreiras de Palmares.