Fizeram-no evocando os direitos humanos e com os votos piedosos do costume por um mundo melhor. Graças à paciente pedagogia democrática das bombas da NATO e bênção da ONU os diversos povos líbios foram persuadidos a libertar-se do "sanguinário Kadaffi". Até que em finais de Agosto começaram a soar apresadas trompetas rejubilando com a libertação da Líbia e fazendo vista grossa à tortura de prisioneiros e às execuções sumárias realizadas pelos "libertadores", à perseguição e prisão sistemática dos trabalhadores estrangeiros só por serem negros, e á intervenção de tropas de elite ocidentais, como as SAS britânicas. Entretanto, a fome, a guerra e os regimes de terror campeiam na maior parte do mundo, os ditadores amigos intocáveis prosseguem a matança, com a ajuda da Arábia Saudita no Barhaime, e no Iémen; os palestinianos continuam o seu martírio. É o preço que os povos do chamado Terceiro Mundo têm de pagar para que os países do Norte desenvolvidos prossigam a sua espiral de concentração de riqueza e controlo dos recursos naturais e fontes energéticas.
A retórica "humanistas" dos donos do mundo encobre mal a sua prática de gangsters – arrogância securitária, papão terrorista, compromissos rasgados, pretextos inventados – tudo serve para que prossiga a exploração desenfreada dos povos. Os mesmo que intervêm na Líbia, no Afeganistão e no Iraque declaram-se impotentes face à repressão na Síria, Israel, Barhaime, Iémen, Arábia Saudita e à fome no Corno de África. Porque o que conta são os "arranjos" e as conveniências para a partilha do mundo entre os centros imperialistas e financeiros.
Perante esta situação e a domesticação das revoluções no Egipto e na Tunísia e das civilizadas e ordeiras mobilizações que, inspiradas nelas (mas sem a sua vontade e determinação para derrubar seja lá o que for) um pouco por todo o mundo encheram as praças das grandes cidades com centenas de milhar de pessoas, impõe-se proclamar o direito humano ao comunismo e à liquidação do capitalismo.