Os crimes, como leremos em todos os jornais, serão descritos como ato de “pessoa desequilibrada” que “agiu individualmente”. Ergo [Logo], a única ameaça que continua a pesar sobre a civilização é a “ameaça terrorista” “dos islâmicos”. Ergo, o foco de toda a legislação e de todos os esforços antiterror deve continuar apontado contra o mundo muçulmano e as comunidades muçulmanas na Europa e nos EUA.
A advertência tem grande chance de se mostrar verdadeira. Os países nórdicos (Noruega, Suécia, Dinamarca, Finlândia e Islândia) costumam ser vistos como paraísos de justiça social. Neste cenário, fica fácil mostrar uma carnificina da extrema direita como um raio num céu azul.
No entanto, pele alva e cabelos loiros não são garantia de comportamento angelical. Uma das características mais lembradas das sociedades nórdicas são seus generosos sistemas de bem-estar social. Mas, a verdade não é tão rósea como muitas bochechas norueguesas.
A eliminação de indivíduos considerados “imperfeitos” é chamada de eugenia. Foi praticada em larga escala até a Segunda Guerra, em vários cantos do planeta. Entre suas práticas estava a esterilização forçada de mulheres tidas como deficientes ou inferiores. Nos países nórdicos não foi diferente. Mas, acreditava-se que tinha sido abandonada após a derrota do nazismo.
Nada disso. Em 1997, o jornalista Maciej Zaremba revelou que a esterilização em massa continuou a ser praticada por muitos anos. Segundo ele, na Dinamarca, 11 mil pessoas foram esterilizadas entre 1929 e 1967. Noruega e Finlândia foram responsáveis por mil casos, cada uma. Diante disso, há que se perguntar a quem exatamente pretendia servir o estado de bem-estar social.
Justiça social para os “puros”. Crise econômica. Tolerância em relação ao terrorismo loiro. É assim que se chocam os ovos das serpentes peçonhentas do fascismo.