O polemico acordo militar entre a Colômbia e os EUA, assinado no passado 30 de outubro, significa a maior expansão militarista de Washington na América Latina em toda a história. O acordo permite a presença de pessoal terceirizado privado à serviço das necessidades das agências de Washington em território colombiano, com todas as mesmas imunidades outorgadas aos funcionários e militares norteamericanos. Isto não é novo. Dentro do acordo do Plano Colômbia, há mais de dez anos, Washington utiliza mais de 30 empresas terceirizadas para executar operações militares e de inteligência e espionagem na Colômbia. Algumas delas são as empresas mais poderosas do complexo militar industrial, como a DynCorp, Bechtel, Lockheed Martin, Grupo Rendon e Raytheon, entre outras.
Dentro do novo acordo militar, a quantidade de terceirizados – ou mercenários da guerra – aumentaram. A privatização da guerra e o uso de empresas privadas para executar ações de segurança, defesa e inteligência, é hoje o modus operandi de Washington. A empresa mais controvertida é, sem duvida a Blackwater agora conhecida por Xe Services. Durante os últimos oito anos a Blackwater obteve mais de 1,4 bilhão de dólares em contratos com o Departamento de Estado e o Pentágono. Desde 2005 a Blackwater também participou de contratos semi-secretos com o Departamento de Segurança Interna (Homeland Security) nos EUA para realizar operações de segurança e defesa dentro do país, que tem sido vistas como o inicio da criação de um Estado policial privatizado para reprimir e controlar uma população que se encontra em situação econômica mais desesperadora a cada dia.
No inicio de 2008, o Comando de Mísseis e Defesa Espacial do Exército dos EUA, assinou contratos no valor de 15 bilhões de dólares com um grupo de empresas privadas, incluindo a Blackwater. O contrato, que inclui operações de inteligência, espionagem e reconhecimento entre outros, está orientado para os países da América Latina, México e Colômbia. O contrato detalha especificamente o “fornecimento de treinamento aéreo” às forças armadas colombianas bem como “apoio estratégico de relações públicas” ao governo colombiano (leia-se operações psicológicas). No caso do México, a Blackwater está encarregada de dar apoio a missões contra o narcotráfico.
Há alguns dias foi revelado que a Blackwater foi contratada pela CIA para assassinar a supostos insurgentes no Iraque e Afeganistão. Mercenários da Blackwater participaram de algumas das atividades mais sensíveis e clandestinas da CIA, incluindo o transporte de prisioneiros até as prisões secretas da CIA. Ex-mercenários da Blackwater indicaram que o seu papel nessas operações clandestinas foi tão rotineiro que a divisão entre a CIA, o Pentágono e a Blackwater já não mais existia.
Agora esta empresa, fachada da CIA e do Pentágono, opera com liberdade na Colômbia. Nos EUA existem dezenas de processos e casos legais contra a Blackwater por violação das leis, assassinato arbitrário e violações dos direitos humanos. Entretanto, o governo de Álvaro Uribe abriu a porta à presença desta perigosa empresa na América do Sul, a qual significa uma grande ameaça contra a paz e a segurança regional.
Os países do ALBA e membros da UNASUL deveriam proibir coletivamente a presença de terceirizados – mercenários – da guerra na América Latina. Caso contrário podemos esperar mais morte, conflitos, violações da soberania e guerra.