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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Por trás do fumo, a persistente realidade

Ramiro Vidal - Publicado: Quinta, 25 Novembro 2010 00:09

Ramiro Vidal Alvarinho

56.000 lares galegos recebem ajuda em forma de mantimentos, para nom passarem fame.


É a face mais terrível da crise. Umha realidade teimosa que nom cessa, apesar do fumo. Apesar da música triunfal. Quem apresentou este trágico dado nom foi um sindicato de classe, nem umha organizaçom revolucionária; foi a ONG católica Cáritas. Portanto, nom é suspeita esta informaçom de se tratar de propaganda subversiva.

Nom tem intuito subversivo por parte de Cáritas fazer público esse dado, mas para nós tem umha utilidade inegável sabermos isto. É a confirmaçom de que nos estám a passar a nós a factura do que nom rompemos. Os que estám na cúpula do sistema som os que esfarelárom a maquinaria, mas a austeridade, os cortes e o desemprego sofremo-lo nós. O eterno calote capitalista.

Quiçá se os que governam em Sam Caetano pugessem atençom neste dado, encontrariam umha eloqüente razom para que a visita de Ratzinger à Galiza fosse um sonoro fracasso. (A realidade é sempre demagógica?)

Com efeito, nada a celebrar perante um alarde de opulência absurda, ainda que logicamente para os reaccionários tenha sido umha festa, umha injecçom de auto-estima, como foi o jogo da selecçom espanhola de futebol em Riazor ou como fôrom outros circos. Que vai celebrar o povo galego, o bem que luze o dinheiro espoliados do património público para receber um líder sectário, abandeirado máximo no mundo ocidental da homofobia, a missogínia e do obscurantismo cultural e o reaccionarismo social e político? Ainda que desejássemos ser estúpidos, nem a ignoráncia mais surda tapa a verdade. A propaganda nom se come. As diatribas papais, também nom.

E agora achega-se o insuportável Entruido em que o regime espanhol se celebra a si próprio. Que ironia que a Constituiçom espanhola seja reivindicada com essa beatífica ênfasse que se costuma pôr exactamente nos artigos que incumpre sistematicamente. A igualdade perante a lei, derrogada pola contradictio da inviolabilidade e irresponsabilidade do monarca. Essa aconfissionalidade emendada nela própria sobre o papel. O direito à vivenda, o direito ao trabalho... que deveríamos celebrar no dia 6 de Dezembro?

Quiçá o herdeiro de Franco ("o rei que Franco nomeou", como di Justo de la Cueva) invada nessa jornada feriada os nossos televisores para nos instruir sobre esse magnífico tesouro que temos na Carta Magna. Alguns receberám esse discurso almorçando bolachas da Cruz Vermelha. O absurdo que nos oprime. (A realidade é sempre demagógica?)

A 4 de Dezembro, a Esquerda Independentista estará na rua para recordar que há outras vias a tomar, além daquelas polas que nos querem levar. Espanha, essa queda ao vazio de obscenidade insuportável, para a podrémia, vende-nos fumo colorido e pestilente. O dogma di que Espanha é a única naçom; a realidade supera o dogma e adianta-se à demagogia. A falta de soberania da Naçom Galega (negada e, ainda assim, real) é a que nos deriva a esta paisagem de destruiçom. Nom fai falta nem fazer discursos, porque neste momento o nosso discurso se escreve sozinho.


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