Quem vos escreve, que é um apaixonado do cinema de Buñuel, há tempo reparou que o seu fotógrafo da etapa mexicana, Gabriel Figueroa, é de origem galega.
Custa-me citar Luís Buñuel e nom dizer nada dele. Nom exageraremos se o postarmos à beira dos grandes realizadores da sétima arte. O seu nome mantém-se rijo ao ligarmo-lo aos de Truffaut, Hichtkoc, Visconti, Eisenstein, Kurosawa ou Kubrick; só por citarmos alguns dos imprescindíveis. Os filmes de Buñuel som engenhosos divertimentos que reflectem sobre temas tam de actualidade como o machismo (El), o racismo (A jovem), a sexualidade (Bela de dia), a burguesia (O charme discreto da burguesia), a desigualdade social (Os esquecidos) ou a Igreja (Viridiana), só por nomear algumha das suas recomendáveis obras mestras. Suponho que por isso som tam pouco vistos na casposa Espanha pós-franquista. Nom me resisto a afirmar que o cinema espanhol merece estar no porom da ruindade apenas polo facto de expulsar do seu território Buñuel, o homem que, sem dúvida, fijo o melhor cinema de quantos nascêrom nesse reino. O cinema do aragonês que, felizmente, pouco tem de espanhol e muito de mexicano e de francês, demonstra por onde pudo caminhar a sétima arte no Estado espanhol se nom houvesse alçamento fascista em 36.
Porém, deixemos o cinema para os críticos e voltemos à nossa língua e, dentro deste vasto território, à maravilhosa comarca dos apelidos.
De Figueroa logo se aprende que tem de ter a sua origem nessa árvore cuja frenqüência é habitual em lendas e aldeias galegas, a figueira. A forma original do apelido foi, no seu berço, com certeza, Figueiroa. Tal deturpaçom só pode ser produto da teima castelhana por dar cabo da nossa identidade.
Os apelidos galegos som um valioso compêndio lexical. Muitos deles som nomes de árvores que designavam um lugar da geografia galega onde ora havia muitos, Souto, ora apenas um, Pereira.
Pinheiro, Castinheiras ou Maceiras convivem entre nós nom só como árvores, mas de cote substituindo o nome de pia de muitos galegos e galegas.
É triste comprovar o desleixo da sociedade galega pola recuperaçom dos maltratados apelidos galegos. Assim, é mais comum dar com um Ameijeiras do que com um Ameixeiras, que ainda hoje designa um lugar onde crescem as fruteiras que dam a saborosa ameixa.
Nom há muito, João Aveledo, poeta e biólogo que conhecim há alguns anos no concelho de Monfero, donde é originária a sua estirpe, escrevia um bonito artigo sobre o teixo.
Teixeiro é outro apelido comum nestes lares. Porém, tal como esta formosa conífera, foi maltratado pola ignoráncia castelá e hoje aparece grafado com um esperpêntico j.
Confiamos em que algum dia galegos e galegas orgulhosas do seu corrijam estas aberraçons e devolvam às geraçons futuras os nomes da nossa natureza, dos nossos apelidos.