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Jones Manoel

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Palavras Insurgentes

Sobre a tortura, direita e esquerda

Jones Manoel - Publicado: Quinta, 21 Abril 2016 13:45

Em 1946 o Departamento de Defesa dos EUA funda a “Escola das Américas”. O objetivo da instituição era realizar treinamento militar e doutrinação ideológica nas forças armadas da América do Sul com vistas a garantir em todo continente um aparato militar reacionário, anti-esquerda e avesso a qualquer processo de emancipação nacional. Em 1961, sobre o impacto da Revolução Cubana, a “Escola das Américas” se torna especialista em "formação de contrainsurgência anticomunista"; isso significava, dentre outras coisas, cursos de TORTURA. A “Escola das Américas” formou toda uma geração de militares pela América do Sul na “arte” da tortura e preparou-os ideologicamente para não mostrar dúvidas no “combate ao comunismo” praticando todos os tipos de horrores imagináveis: tortura de mulheres grávidas e crianças, estupros coletivos, mutilação de órgãos (especialmente genital) como técnica de “arrancar confissões” etc. – muitos deles tiveram professores nazistas recrutados pela CIA ao final da Segunda Guerra Mundial.


Todas as ditaduras militares na América do Sul aplicaram a tortura em massa como forma de terror político contra as esquerdas e os movimentos sociais (especialmente contra os comunistas). Os comunistas não só foram às maiores vítimas da tortura como os que mais lutaram contra essa barbárie elevada à política de Estado. Enquanto isso, em Cuba, quando a ditadura de Fulgêncio batista foi derrubada pela Revolução, foram descobertos vários centros de tortura. A Revolução cubana não só devolveu os corpos às famílias das vítimas e puniu os torturadores em julgamentos públicos, justos e com o devido processo legal, como criou uma política de banição total da tortura no sistema carcerário e na polícia. Mas não foi só isso: Cuba serviu como uma base mundial de denúncia das torturas realizadas pelas ditaduras militares na América do Sul e em África.

O pensamento liberal e reacionário adora apontar a esquerda como antidemocrática e totalitária, mas, na realidade, quando Bolsonaro elogia um notório torturador como Brilhante Ustra ele não está mais que seguindo a tradição histórica da direita continental; e quando a esquerda repudia esse tipo de postura política, ela também não faz mais que seguir seu histórico de combate a esse brutal crime contra a humanidade! De resto, a tentativa da direita de igualar os “justiçamentos” das guerrilhas urbanas e rurais que lutavam contra a ditadura com a tortura do Estado não passa de uma tentativa desesperada e falsa de tentar igualar o inigualável: a esquerda armada nunca cometeu estupros, matou mulheres grávidas, torturou crianças ou idosos, usou a “cadeira do dragão” ou coisas do tipo. Os “justiçamentos” não passavam da eliminação de agentes da tortura capturados em combate – algo extremamente raro – na luta inglória de jovens corajosos contra o maior e mais poderoso Estado militarizado da América do Sul!


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