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Milton Temer

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Coreto da Praça

"Ponte" para o passado II - Por que foi dado o golpe de abril de 64?

Milton Temer - Publicado: Quinta, 07 Abril 2016 00:05

Em 1º de abril de 1964, as forças reacionárias contrárias às Reformas de Base propostas pelo presidente João Goulart conseguiram impor um golpe de Estado.


Leia antes: "Ponte" para o passado - Por que foi dado o golpe de abril de 64?

Golpe de Estado que essa direita já vinha tentando concretizar desde 1954, no processo que levou ao suicídio de Vargas. Um processo que já visava Jango, principalmente a partir do decreto em que, como Ministro do Trabalho, promoveu aumento substancial do salário mínimo.

Ainda tentaram em 55, na tentativa frustrada de impedir a posse de Juscelino, do qual Jango era vice. Golpe frustrado, graças à intervenção dos segmentos legalistas do Exército, liderados por Lott.

Voltaram ao ataque em 1961, com a tentativa de impedir a posse de Jango, então vice de Janio Quadros, após a renúncia do destrambelhado. Dessa vez, não foi o segmento legalista do Exército, mas a ousadia de Leonel Brizola, lançando a Cadeia da Legalidade a partir de mensagens irradiadas no Palácio Piratini, sede do governo gaúcho, sob sua batuta.

Cadeia da Legalidade que, a partir da iniciativa de Brizola, se estendeu por todo o País, terminando, pela força da pressão social, por cindir a cadeia de comando golpista - porque conduzida pelos ministros militares de então -, e levando um anódino general que comandava o III Exército , a tomar posição decisiva. Machado Lopes, que, quando se dirigia ao Palácio para encontrar Brizola, ninguém sabia se viria para mais uma das tentativas de prender e isolar o governador Chegou para aderir à Cadeia da Legalidade, e os golpistas foram batidos, embora Jango necessitasse do acordo parlamentarista para ser aceito pacificamente.

Logo depois, promoveu o plebiscito onde, por esmagadora maioria, reimplantou o presidencialismo que compunha nossa tradição republicana.

Coincidência trágica, é nesse momento que Kennedy inaugura o serviço de gravação das conversas e reuniões realizadas no Salão Oval da Casa Grande. E qual é a primeira gravação?

Lincoln Gordon, embaixador americano no Brasil, convencendo Kennedy quanto à necessidade de o governo americano entrar pesado na manobra de destituição de Jango, visto nesse momento como um presidente próximo dos comunistas. Era apontado, portanto, como alguém capaz de promover no Brasil uma segunda Revolução nos termos da que se realizara em Cuba poucos anos antes.

Por que se colava essa pecha em Jango? Por uma razão simples. Jango, um grande fazendeiro, se propunha a Reformas radicais, chamado então de Reformas de Base, pela radicalidade do que propunham, tanto na área rural como na área urbana, para além de iniciativas tributárias progressivas, visando principalmente o grande capital multinacional e suas remessas pantagruélicas de lucros para o exterior.

O golpe veio, com a ajuda fundamental da mídia conservadora - o Globo na linha de frente dos que pediam repressão dura sobre os partidários de Jango no parlamento e na vida sindical. Ataque cruel se deu principalmente contra as lideranças dos movimentos camponeses, tornando-se célebre a imagem do saudoso e inesquecível Gregório Bezerra, amarado pelo pescoço, vestido apenas com um short escuro, sendo arrastado pelas ruas de Recife por um jipe ordenado pelo abjeto coronel Ibiapina.

Neste 1 de abrir de 2016 [1], é fundamental que se recorde o que veio a seguir da derrubada de Jango e da repressão que a ela se seguiu.

O que veio a seguir foi o verdadeiro golpe: anuladas todas as medidas progressistas tomadas pelo governo Jango, e um ataque feroz aos excelentes serviços de saúde e educação públicas, através do massacre de suas instituições, e da entrega da hegemonia da exploração dessas áreas estratégicas, como mercadoria, ao setor privado. Liquidação de direitos sociais e salário mínimo justo vieram a seguir, com a proibição de greves.

Lembro de tudo isso, por conta da dita "ponte" proposta como governo por um grupo de economistas neoliberais, coordenados pelo medíocre Moreira Franco, e apresentado por Michel vice como proposta de um governo que ele viria a conduzir, na sequência do im[peachment de Dilma.

Sem tanques, mas com as mesmas entidades patronais - Fiesp e Firjan, batendo bumbo - e o massacre midiático da Rede Globo, objetiva-se um golpe nos mesmos termos programáticos de 64. Uma ponte para o passado, agora com a liquidação da Seguridade Social e das estatais ainda restantes no patrimônio público, especialmente uma Petrobras com suas ações vendidas na bacia das almas.

É contra isso que, a despeito de todo o desprezo pela vilania da traição ideológica que o lulopragmatimso, o luzinha-paz-e-amor, impôs ao saudoso PT, todos os democratas têm que se empenhar contra esse impeachment.

Não se trata de proteger o mandato de Dilma porque ela o mereça. Nem pensar, principalmente pelo estelionato eleitoral que nos impôs e, seu segundo mandato.

Trata-se, sim, de impedir o que vem através do acordo espúrio entre tucanos, pmdb, e a escumalha do voto-à-venda no Congresso - todos sob a batuta da Rede Globo, mobilizadora e organizadora do senso comum - para levar michel vice e sua quadrilha ao poder.

Essa é a batalha. E, a partir de vence-la, colocar nas ruas as massas e movimentos sociais que nesta luta se empenharam, para impedir que novas leis antiterror sejam assinadas por Dilma no restante do seu mandato.

Jango, sempre Presente!!

Luta que Segue!!!

Nota:

[1] Artigo escrito no dia 31 de março. Retirado do perfil do autor no facebook.


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