Ou seja: na repetição da tragédia, um novo tipo de golpe. Que não necessita de tanques. Trabalha diretamente sobre o inconsciente coletivo para impor uma dominação mais sofisticada na imposição de retrocessos sociais que as próprias vítimas considerarão necessárias, tal o grau de decomposição orgânica permitido pela confusão ideológica gerada na rendição programática do lulopragmatismo.
Evidentemente, nem de perto se pretende comparar Lula ou Dilma a Jango. Nem se pretende comparar também os cenários de confronto. JANGO foi derrubado por conta de REFORMAS descritas em letra maiúscula, impensáveis nos dias de hoje: Agrária, Urbana, tributação pesada de remessa de lucros das multinacionais. Era o mundo do trabalho contra o grande capital em tentativa de modificação profunda da estrutura social e econômica do país.
Ou seja: recorreu-se ao golpe militar para instaurar um regime que, para além de anular avanços, destruiu conquistas fundamentais das classes trabalhadoras - Estabilidade no emprego após 10 anos; desconstrução de um avançado sistema público de Saúde e Educação, tudo num clima de repressão brutal, tal o nível de consciência política a ser destruído nos diversos segmentos sociais do mundo do trabalho.
Para isso, principalmente, se deu o golpe de 64, onde o combate ao comunismo - o Vai pra Cuba de hoje -, era apenas argumento aglutinador da reação conservadora.
E é o que se repete hoje através do explicitado na "Ponte" para o passado, proposta pelo PMDB, na esteira do que vem sendo dito e feito pelo PSDB desde a década de 90.
Já têm a Saúde e Educação transformadas em mercadoria geradora de lucro. Mas falta desmontar o que resta de Seguridade Social e privatização do que ainda não foi privatizado nas empresas públicas.
Falta dar mais liberdade ainda para que patrões demitam empregados. Falta dar mais liberdade ainda para o livre trânsito de capitais, de molde a tornar-nos, definitivamente, parte menos significante da globalização financeira.
Na transição de ontem, Ranieri Mazzilli. Na de hoje, Michel Vice. Ontem como hoje, duas vacas de presépio com vida curta nos quintais do Planalto, com o tempo apenas suficiente para implantação de uma equipe definitiva na condução dos ajustes que tornarão ainda maiores a participação e apropriação, pelo grande capital, daquilo que restará à classe trabalhadora produzir a preço vil, para escapar ao desemprego estrutural.
É CONTRA ISSO, e não para defender governo Dilma ou lulopragmatismo, que as forças democráticas devem se mobilizar. É para continuar fazendo OPOSIÇÃO DE ESQUERDA contra o mal menor, diante da ameaça do que possa vir com a ascensão tucano-pefelista ao Poder. Fora disso, como dizia Marx, é propor o doutrinariam utópico, que termina imobilizado por conta de ausência de base social de sustentação.
Luta que Segue!!
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