Esta terminação identifica por igual galegos, portugueses e brasileiros e é um dos elementos que age de catalisador da unidade linguística galego-luso-brasileira.
É por isso que muitos termos privativos do português americano soam aos nossos ouvidos tão galegos, apesar de se terem gerado de forma autónoma no Brasil, que bem poderiam servir, pontualmente, para cobrirem as lacunas do erodido léxico galego.
Histórias em quadrinhos, é o nome que recebe no Brasil o que na Galiza e Portugal chamamos banda desenhada ou BD. Muitas vezes designados simplesmente quadrinhos ou pola sigla HQ, são, junto com o cinema, a expressão artística emblemática do século XX. Hoje o Brasil é o país da lusofonia com mais cartunistas em língua portuguesa. Artistas como Adão Iturrusgarai, Angeli, Laerte, Lourenço Mutarelli ou o clássico autor da Turma da Mônica, Maurício de Sousa, são alguns recomendáveis chargistas do rico panorama dos quadrinhos brasileiros.
Outros vocábulos exclusivos do português brasileiro formados a partir do sufixo inho-a são: figurinhas, na Galiza e Portugal cromos; bolinhas, em português europeu berlindes; calcinhas, roupa interior feminina -em Portugal, para piada dos brasileiros, as mulheres também usam cuecas; garotinho, copo de cerveja menor que o chope (imperial); massinha, plasticina com a que brincam as crianças; lanterninha profissão quase esquecida que consiste em indicar com uma lanterna o lugar dos espetadores nas salas de cinema e que também recebe o bucólico nome de vaga-lume; coroinha, menino que auxilia o padre durante a missa; casquinha, cone de biscoito sobre o que se colocam as bolas de gelado; potinho, nós conhecemo-lo pola marca comercial tupperware; caixinha, conjunto das gorjetas recolhidas num estabelecimento; quentinha, recipiente térmico de alumínio ou isopor, para transportar comida; pedalinhos, pequena embarcação de lazer movida a pedais; chapinha, tampa circular metálica para garrafas que em Portugal é chamada carica; camisinha, da palavra composta camisa-de-Vénus, poético nome que recebem os preservativos –Vénus é a deusa do amor-, e que também designa uma capa de isopor que mantém as bebidas como são consumidas no Brasil, bem geladas.
Muitas outras palavras construídas com este sufixo fazem parte do léxico comum da língua portuguesa. Por citarmos dous exemplos, bandeirinha, juiz de linha num jogo de futebol e campainha mecanismo sonoro nas portas das casas. Ainda, na Galiza e nos Açores existe uma forma riquinho, no sentido de alguém que é alvo de afeto, e que no resto da lusofonia equivaleria a fofinho ou bonitinho.
Polo seu valor afetivo, o sufixo –inho/a é muito empregado em nomes próprios –Paulinha, Dieguinho, Robertinho- e comum na formação de hipocorísticos. Assim, Toninho é forma carinhosa de António na Galiza e no Brasil e menos habitual em Portugal ou Deinha, é a voz familiar que recebem no Brasil as mulheres chamadas Andreia. Deste uso surgiram os vocábulos mauricinho e patricinha de que já falamos num artigo anterior.
Por último, gostaria de lembrar que a bebida mais típica do Brasil, a caipirinha, formou-se sobre o lexema caipira, possivelmente de origem tupi, sinónimo de labrego ou camponês, com o sufixo –inha. Simbólica simbiose entre o substrato indígena e a base galego-portuguesa da língua falada no Brasil.
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Imagens: 1. Pedalinhos na Lagoa de Rodrigo de Freitas, na cidade do Rio de Janeiro. 2. Caipirinha de maracujá.