Temer escreveu uma carta que têm três funções bem claras:
a) mostrar-se como o homem capaz de trazer a estabilidade política e unir todos os grandes partidos burgueses num governo de "salvação nacional"; b) prometeu um governo mais privatizante, de mais ataques aos direitos trabalhistas e totalmente alinhado com os EUA e UE; c) mostrou-se publicamente ser a pessoa certa para operacionalizar o impedimento e numa cartada só tirar o PT e Eduardo Cunha do jogo!
Antes da divulgação da carta, Temer realizou duas manobras estratégicas: procurou apoio da cúpula do PSDB para sua manobra e o empresariado de São Paulo, pois, a FIESP está cada vez mais distante do Planalto. Temer terá sucesso? É difícil dizer. O que me parece evidente é que ele tem mais chances de operar o impedimento que o natimorto Eduardo Cunha. O que Temer precisa para chegar ao poder é:
a) garantir que o impedimento seja um processo rápido unindo todos os principais partidos burgueses, mas para isso é necessário unificar o PMDB, uma missão nada fácil; b) garantir que as principais frações da burguesia apoiem seu nome como o representante da "união nacional", contudo, até agora não temos sinais claros disso; c) Conseguir aparecer como um nome de popularidade nacional e isso só acontecerá se os monopólios de mídia, em especial o grupo Globo, lhe prestarem auxílio.
Temer não tem, ainda, nenhum desses elementos garantidos. Existe uma forte possibilidade de sua manobra não gerar nada, mas, sem dúvida, com ele como alternativa, o impedimento ganha mais força.
Notas:
[1] Cena política e impeachment: a correlação de forças – Parte I: http://goo.gl/U4zjzK.
[2] Carta do vice-presidente - Temer - a presidente - Dilma: http://goo.gl/NxWnRX.