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Jones Manoel

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Palavras Insurgentes

Cena política e impeachment: a correlação de forças – Parte II

Jones Manoel - Publicado: Sexta, 11 Dezembro 2015 01:15

No primeiro texto que produzi sobre o impedimento [1], afirmei que a tendência era Eduardo Cunha ficar isolado, pois não conta com apoio suficiente dentro do sistema político ou de qualquer fração da grande burguesia. A tendência foi se confirmando e percebendo a correlação de forças, o Governo Federal tentou semana passada acelerar o processo para derrotar logo a oposição. Temos com a carta de Michel Temer [2] o primeiro grande acontecimento que pode mudar a correlação de forças.


Temer escreveu uma carta que têm três funções bem claras:

a) mostrar-se como o homem capaz de trazer a estabilidade política e unir todos os grandes partidos burgueses num governo de "salvação nacional"; b) prometeu um governo mais privatizante, de mais ataques aos direitos trabalhistas e totalmente alinhado com os EUA e UE; c) mostrou-se publicamente ser a pessoa certa para operacionalizar o impedimento e numa cartada só tirar o PT e Eduardo Cunha do jogo!

Antes da divulgação da carta, Temer realizou duas manobras estratégicas: procurou apoio da cúpula do PSDB para sua manobra e o empresariado de São Paulo, pois, a FIESP está cada vez mais distante do Planalto. Temer terá sucesso? É difícil dizer. O que me parece evidente é que ele tem mais chances de operar o impedimento que o natimorto Eduardo Cunha. O que Temer precisa para chegar ao poder é:

a) garantir que o impedimento seja um processo rápido unindo todos os principais partidos burgueses, mas para isso é necessário unificar o PMDB, uma missão nada fácil; b) garantir que as principais frações da burguesia apoiem seu nome como o representante da "união nacional", contudo, até agora não temos sinais claros disso; c) Conseguir aparecer como um nome de popularidade nacional e isso só acontecerá se os monopólios de mídia, em especial o grupo Globo, lhe prestarem auxílio.

Temer não tem, ainda, nenhum desses elementos garantidos. Existe uma forte possibilidade de sua manobra não gerar nada, mas, sem dúvida, com ele como alternativa, o impedimento ganha mais força.

Notas:

[1] Cena política e impeachment: a correlação de forças – Parte I: http://goo.gl/U4zjzK.

[2] Carta do vice-presidente - Temer - a presidente - Dilma: http://goo.gl/NxWnRX.


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