Ela busca a razão de tais fatos terem ocorrido, sem aceitar a visão mística de que a vida é produto de um destino que o ser humano não controla.
A solidariedade incondicional aos familiares dos civis franceses atingidos pelo ato de barbárie cometido em Paris não pode se limitar à condenação exclusiva dos fanatizados kamikazes que os produziram. Eles são a ponta imbecil de um perigoso iceberg que tem, na sua profundidade escondida, a crueldade fria dos interesses do complexo industrial-militar-petrolífero que controla o governo das principais potências capitalistas. E que determina suas decisões táticas e estratégicas.
Quem armou, militar, religiosa e ideologicamente esse bando de criminosos bárbaros que se esconde atrás de uma falsa denominação de "Exército Islâmico"? Quem financia as Toyotas super equipadas de modernos canhões e metralhadoras, presentes nos desfiles acintosos desses criminosos bárbaros?
Não se fabricam kalanishkovs, nem armamentos modernos, nos países árabes do Oriente Médio. Não se fabricam os canhões e metralhadoras que equipam as Toyotas. Não existe um Banco Central islâmico bancando a sobrevivência material do EI. Quem está por trás de tudo, portanto? Quem são os mandantes - como os que, no Brasil, foram condenados pelo pagamento dos matadores de Chico Mendes, Dorothy e dos fiscais do trabalho em Minas-?
Não raro se revela que são bem mais pusilânimes e cruéis do que os próprios executores dos assassinatos.
É difícil identificar o que Cheney, Rumsfield e Bush representaram no saque dos petróleo iraquiano através da destruição de um dos dois países mais avançados da região? É difícil identificar que está por trás dos mercenários da "oposição externa" a Assad, na tentativa de destruir um dos países melhor servidos de serviços públicos da região? Estão, em todos os casos, os Estados Unidos, as ex-potências colonialistas, e o principal cúmplice regional - a Arábia Saudita. O próprio governo francês não cessa de se afirmar como tal.
São estes que, desde a década de 70, financiam os grupos fundamentalistas para se contraporem à ascensão crescente das correntes marxistas no bojo da resistência palestina, e dos movimentos nacionalistas árabes. São estes o geradores dos monstros que hoje se voltam contra seus valores, por conta dos contra-valores que foram estimulados e gerar na consciência das populações oprimidas.
Que tais mandantes, portanto, não sejam esquecidos na denúncia da barbárie injustificada, burra sobretudo, promovida em Paris.
É a forma mais justa de ser solidário com o povo francês nestes momentos trágicos.