Esse foi o delito das pessoas detidas na manhá da sexta feira 30 de Outubro; ser independentistas. Estar ligadas a umha organizaçom que se fai eco das açons assinadas sob o carimbo de Resistência Galega (mas, Resistência Galega era um grupo armado?) e, bom, ante tudo, conspirar por esse crime tam horrendo que é a libertaçom de um povo. Um povo ao que lhe negam ser ele próprio, ao que obrigam a conformarem-se com umha identidade de emprestado.
Esse absurdo que é o ordenamento jurídico espanhol tem na sua literatura recursos para enviar a prisom a esses indivíduos fanatizados que perseguem objetivos tam criminosos como que o povo galego tenha instituiçons próprias, estado próprio, poder para organizar a sua economia e redistribuir a sua riqueza, méios para defender a sua língua e a sua cultura, legislaçom que garanta a sua soberania alimentar, capazidade para proteger o seu méio natural...quê crimes tam infames!!! Nom me estranha que o mais granado da inteletualidade “neocon” nos compare com os nazis.
Sim, definitivamente somos todos seres feitos à imagem e semelhança do anticristo. Somos uns malditos “illuminati” tam obsessionad@s com alcançar os nossos perversos objetivos, que nom paramos de auto-organizarmo-nos para os atingir. Claro, nom me estranha que o estado espanhol tome cartas no assunto e envie a polícia...centros sociais, escolas populares, clubes desportivos...é que isto nom pode ser! E ainda por cima, organizad@s políticamente para defender o que acreditam correto! Participando no movimento vizinhal, no sindicalismo...
É curioso que se nos penalice por aspirar ao que aspiraria umha sociedade normal com um mínimo de auto-estima coletiva. Mas, com efeito, ser independentista na Galiza e luitar polo bem da imensa maioria do povo galego, além de ser umha cousa maldita socialmente, também te pode levar à cadeia.
O independentismo na Galiza é como o punk da política. Abrir a boca, manifestar-te independentista, estigmatiza de maneira automática. É umha experiência verdadeiramente extrema.
Se ser independentista é terrorismo, eu sou um terrorista. É curioso, porque nom me sinto umha pessoa especial. Nom recebim umha educaçom tendente a fazer de mim o que ideologicamente sou. Nom me adoutrinou ninguém. Simplesmente para mim o lógico é querer viver numha sociedade forte e solidária. E luitar todos os dias nesse sentido. Nom veu nengum gurú a predicar-me a última verdade revelada. Eu sou assim, tenho umha ideia do que sou eu e do que somos nós. Pois aos detidos no 30 de Outubro acontece-lhes igual. Nom som nem mais nem menos terroristas do que poida ser eu, ainda que agora o regime os assinale.
O que acontece é que vivemos numha grande mentira montada sobre as falsidades da democracia e o estado de direito, e a este regime presupom-se-lhe umha veracidade nos seus motivos para a perseguiçom ideológica que nom é tal. Portanto, funciona o razonamento do “algo farias”.
O único que fixerom as nove pessoas detidas no dia 30 de Outubro foi manifestar-se independentistas. Nom extorsionarom, nem sequestrarom a ninguém, nem puxerom nengumha bomba. Já sabedes a quê me refiro...