Também o consumismo tem o seu reflexo no galego-português. Muitos nomes comerciais passaram a alargar o léxico galego, brasileiro e português.
Kispo é uma marca registada portuguesa responsável polo verbete do dicionário quispo, definido como casaco acolchoado, geralmente recheado de penas. Gillette, marca estadunidense de máquinas de barbear, também ganhou um lugar nos dicionários de português, gilete, para nomear os aparelhos de barbear.
Na Galiza, os autocarros costumavam ser chamados castromil, uma das primeiras companhias de transportes que ligavam as principais cidades do país. Ainda hoje, o povo de Vigo chama vitrasa aos autocarros urbanos por ser essa a empresa de transporte coletivo da maior cidade da Galiza.
Há pouco tempo a Volkswagen continuava a fabricar no Brasil dous veículos emblemáticos: O fusca –carocha em Portugal- e a Kombi.
A Kombi é uma carrinha – van ou perua, no Brasil- muito usada no transporte alternativo do Rio de Janeiro. Pegar kombi passou a significar ir nessas vans que junto às moto-táxis são os meios de transporte habituais das classes populares cariocas.
Parte do vocabulário privativo do português brasileiro são marcas de produtos comercializados no Brasil. Assim, polenguinho, é um tipo de queijo; o catupiry, um requeijão; toddynho, leite achocolatado e leite moça ou simplesmente moça é a designação vulgar do leite condensado. Todos eles nomes comerciais que viraram substantivos comuns para designarem alimentos.
No caso do leite moça, essa denominação generalizou-se por ter o desenho da Nestlé uma mulher na embalagem. Isso mesmo aconteceu com o leite ninho. Neste caso foi o logotipo da Nestlé, um ninho de pássaros, o que popularizou o termo. O leite ninho, simples leite em pó, é habitual cobertura do açaí, fruta amazónica que a modo de gelado é muito consumida no Brasil.
Os chinelos de praia foram rebatizados no Brasil como havaianas, multinacional paulistana especializada na fabricação deste tipo de sandálias.
Água sanitária é como dizem em português americano o que para galegos e portugueses é lixívia. Em São Paulo, no entanto, a palavra corriqueira é cândida, empresa que comercializa o produto. Mais um exemplo é bombril marca que dá o nome à lã de aço no país sul-americano.
A marca Xerox não só substituiu o substantivo fotocópia senão que mesmo criou xerocar, verbo brasileiro para fotocopiar.
De resto, temos um caso de falsos amigos entre as variedades de português da Europa e da América. A fita-cola no Brasil é chamada de durex enquanto na outra beira do oceano durex é uma marca de preservativos.
Por último, podemos citar band aid, estrangeirismo no português brasileiro para os pensos-rápidos, e mertiolate. Que criança brasileira não chorou enquanto os pais, a resmungar, aplicavam mertiolate nos ferimentos por brincar na rua?
Imagens: 1. Quispo; 2. Antigo Castromil; 3. Kombi e fusca; 4. Leite condensado marca Moça; 5. Lojas de xerox.