Todos podem desfrutar de uma vida de luxo e lazer se a riqueza produzida pelas máquinas for compartilhada, ou a maioria das pessoas pode acabar miseravelmente pobre se os proprietários das máquinas conseguirem fazer lobby contra a distribuição da riqueza. Até agora, a tendência parece acompanhar a segunda opção, com a tecnologia aumentando cada vez mais a desigualdade.
Hawking é especialista em buracos negros. Mas parece estar começando a descobrir uma nova versão desses fenômenos estelares. A mesma que o engenheiro e escritor Dmitry Orlov descreveu em artigo publicado na Carta Maior, em 02/09, referindo-se à atual crise econômica:
O buraco negro suga a medula de famílias (embora às vezes também sugue cidades inteiras como Detroit, Michigan ou Bakersfield, na Califórnia, e Camden, em New Jersey). Ele suga casas, e as regurgita cheias de dívidas podres. Com a ajuda da indústria médica, suga os doentes e os cospe de volta arruinados. Com a ajuda do extorsivo ensino superior, suga a esperança dos jovens, e os cospe de volta com diplomas e presos a uma dívida estudantil vertiginosa. Com a ajuda do complexo industrial-militar, o buraco negro suga praticamente tudo o que há pela frente, e regurgita cadáveres, inválidos, desastres ambientais, terroristas e a instabilidade mundial.
Tal como seu equivalente cósmico, o buraco negro capitalista continua a devorar luz e a defecar trevas.