Trata-se de uma crise econômica que, lado a lado com o despreparo e com interesses políticos distintos ao da maioria da população, leva a novos ciclos de crise em setores específicos, como a Segurança Pública e a Educação.
As “saídas” para a crise que o governo Sartori tem encontrado são de corte muito semelhante às medidas que vêm sendo aplicadas no nível federal pelo governo da presidenta Dilma Rousseff (PT). São caminhos que, em vez de buscar soluções para a crise, tentam acalmar os ânimos das elites políticas e econômicas e, assim, garantir a sustentação dos governos. “Soluções” que atacam os trabalhadores, violentam o Estado e colocam a crise na conta dos “de baixo”, como historicamente tem ocorrido na maioria dos países – a Grécia tentou fazer o contrário e foi impedida pelas pressões internacionais.
A crise política, ao mesmo tempo, não se instala no Rio Grande do Sul com a mesma força com que se instalou no governo federal. Isso porque a oposição gaúcha não aparece com a mesma força com que aparece a nacional. A velha direita está quase toda dentro ou próxima do governo Sartori, assim como o grande empresariado. E ambos apoiam as medidas de seu governo, com esfacelamento do Estado, ataques aos trabalhadores e manutenção dos velhos privilégios das elites políticas e econômicas. No caso nacional, essa velha direita – bastante fortalecida – está tanto dentro do governo quanto na oposição e, entre os opositores, faz barulho em parceria com a mídia dominante tentando derrubar o governo e abandonar os que foram seus intermediários durante os últimos doze anos.
A esquerda, por sua vez, se encontra enfraquecida tanto no nível nacional quanto no estadual, embora os rearranjos que vêm se desenhando projetem potencialidades interessantes para as próximas etapas de luta. No caso do Rio Grande do Sul, há tentativas de unificação entre os servidores públicos estaduais, mobilizados contra o parcelamento de salários – já uma realidade – e as ameaças de entrega de importantes instituições do Estado à iniciativa privada, atacando seu caráter público e, portanto, seu compromisso com o conjunto do povo gaúcho. Assim, o sindicalismo no RS vem ganhando novos contornos, novas articulações e parcerias, e mesmo as direções menos combativas são empurradas à luta pelas bases indignadas.
Por outro lado, continua havendo uma grande dificuldade em dialogar com movimentos populares fora do sindicalismo e, assim, em ajudar o conjunto da população a compreender e apoiar as lutas necessárias contra os “ajustes” tanto do governo federal quanto do governo estadual. A (quase) ausência de uma mídia alternativa combativa é um acréscimo a mais nessa dificuldade, já que, por mais que a mídia dominante ataque determinados governos, não estará jamais de fato ao lado dos interesses dos trabalhadores e da juventude.
No Brasil e no Rio Grande do Sul, as saídas para as crises políticas e econômicas não podem penalizar a classe trabalhadora, ou serão apenas paliativos e maquiagens. A auditoria das dívidas públicas, a taxação das grandes fortunas e o fim das isenções fiscais para o grande empresariado nacional e internacional são passos iniciais para sanar as contas. A entrega do Estado ao capital privado, o parcelamento dos salários do funcionalismo público e outras medidas de corte neoliberal devem ser respondidas com intensa mobilização por parte dos “de baixo”.
Fonte: Jornalismo B.