A proposta política que passou a governar o país em 2003 não quis acabar com o neoliberalismo, apenas suavizá-lo.
Provam-no a manutenção quase intacta dos seguintes fundamentos neoliberais sob os governos petistas:
- O chamado tripé macroeconômico, composto pelo regime de metas de inflação, metas fiscais e câmbio flutuante, ainda que sofrendo alguns abalos sob o governo Dilma.
- Respeito sagrado ao pagamento dos juros da enorme, ilegítima e imoral dívida pública.
- Adoção de políticas sociais por meio dos mercados: imobiliário (Minha Casa, Minha Vida), educacional (Prouni, Fies) e de saúde (subsídios e liberalização/internacionalização da medicina privada).
- Permanência e reforço do caráter privatista das agências reguladoras.
- Manutenção e fortalecimento do mercado especulativo de energia, água, saneamento.
- Conservação e fortalecimento da estrutura fundiária e patrimonial concentrada. Nada de Reforma Agrária, Reforma Urbana ou Reforma Tributária distributivista.
- Aprovação de (ou disposição para adotar) legislações e regulamentações liberalizantes e restritivas de direitos: Reforma da Previdência e restrição de direitos previdenciários, Lei das Falências, flexibilização de leis trabalhistas, predomínio do negociado sobre o legislado.
- Permanência da dependência da economia ao mercado externo, principalmente em relação à China e à venda de commodities (petróleo, gás, agronegócio).
- Permanência do País na condição de exportador de matérias-primas e importador de manufaturados. Ou seja, vendedor de mercadorias de baixo valor e gerador de poucos empregos e comprador de produtos de alto valor, cujo consumo não cria postos de trabalho no Brasil.
Fracassada a suavização do neoliberalismo, é hora de voltar ao neoliberalismo puro-sangue.