Existe umha teima por implantar umha cousa que nom tem nem demanda nem resposta. Umha manifestaçom cultural alheia, que resulta nom ter a simpatia da maioria da populaçom galega. Por motivos vários, mas, em rigor e fundamentalmente, na nossa maioria rejeitamos as touradas por ser um ritual cruel onde se tortura a touros e cavalos.
Um governo que esteja ao serviço do povo deve nom organizar nem financiar de maneira qualquer os festejos taurinos. Financiar um negócio minoritário e injustamente protegido polas instituçons noutras latitudes, é corrupçom.
Por motivos fundamentalmente de estrutura de classe, o negócio taurino sempre tivo a proteçom das administraçons do estado espanhol. Há um negócio minoritário e em decadência trás os espetáculos e festejos taurinos. Uns poucos privilegiados, famílias terratenentes vivem deste tema. Por isso é vital para eles ganhar território; que surjam feiras taurinas onde nunca as houvo. O nacionalismo espanhol, por seu turno, planteja isto como umha batalha política pola identidade. Quem quer a aboliçom dos festejos taurinos quer negar a pátria espanhola.
O discurso pró-taurino segue ultimamente o esquema reacionário de acusar à massa social anti-taurina (cada vez mais amplia e, de sempre, muito plural) de estar comandada por umha força exterior e de ter agitadores profissionalizados, encarregados de enganar à gente mau informada para ganhá-la em favor da causa. Como quando as ditaduras acusam aos seus opositores de estar ao serviço de umha potência estrangeira.
Ultimamente anda a falar-se muito da Fundaçom Franz Weber que, segundo alguns, é quem financia toda a rede de oposiçom contra os festejos taurinos. Desde a Holanda! Confesso que da Fundaçom Franz Weber sei pouco, ainda que sei que está presente nas mobilizaçons anti-taurinas. A mim nom me mobilizam eles, a mim mobiliza-me o meu posicionamento contrário á celebraçom deste tipo de rituais sádicos, um posicionamento ao que cheguei sem necessidade de que ninguém “me convença”. O de ser anti-taurino vem-me mais bem de sentimentos primários: nom gosto de ver sofrimento. Nom me causa prazer, nem satisfaçom, nem euforia...nom me divirte. O motivo polo que fago deste sentimento um posicionamento político é porque penso que há que ter umha ética do público e que nom tudo vale. Nom me vale que haja que sustentar economicamente nem validar com presença institucional umha exibiçom de sadismo, dor e morte “porque seja umha tradiçom”. Evidentemente, na Galiza nom é umha tradiçom, mas ainda se for, nom todas as tradiçons som interessantes de serem conservadas.
Umha tradiçom deve ser resgatada quando com ela um povo recupera o melhor de si próprio. Quando essa tradiçom degrada a quem a presença e a quem a encena e tortura cruelmente seres vivos, a dignidade humana e animal exigem desprendermo-nos dela.
Ainda que para o lobbie taurino e para a caverna seja impossível de entender, os miles de pessoas que, em número crescente se manifestam todos os anos contra as touradas em várias localidades galegas, mas também noutros lugares com maior tradiçom taurina, manifestam-se por pura convicçom e nom porque lhes paguem previamente nem sob promessa de pagamento. O móbil económico real seria em todo caso a negativa a que cámaras municipais, deputaçons e outras administraçons financiem festejos taurinos, e a opiniom de que as prioridades para o investimento público teriam que ser outras, nos tempos que correm sobre tudo, ainda que nom só agora mas em qualquer caso.
Eu nom sei, as pessoas que nas mobilizaçons aparecem como vinculadas à Fundaçom Franz Weber, qual é a natureza do seu vínculo...se som sócias, assalariadas ou exatamente o quê. E nom me preocupa, é assunto delas e dessa entidade cujo funcionamento interno nom conheço nem me interessa. Os maiores criadores de discurso pró-taurino sim que estám vinculados a interesses económicos, às vezes claros e às vezes nom tam claros. Os jornalistas, empresários taurinos, gandeiros, matadores e demais família já se sabe de quê teto mamam. Os políticos pró-taurinos, também cobram por serem políticos, do erário público e por várias vias; também por via partidária...e, se calhar, pola via dos famosos envelopes de cor castanha. A maioria dos que nom estamos polo labor de sustentar com os nossos cartos o tinglado taurino nem queremos que se permitam touradas ou atos similares nos lugares onde moramos, nom cobramos um cam por manifestar as nossas opinions nem falta que nos fai. Nom o necessitamos, sabemos que vamos ganhar.
O maior problema das touradas na Galiza, em todo caso, nom o constitui o movimento anti-taurino, que como digo é crescente e diverso. Por certo, certo lamentável personagem um dia intentou “fazer categorias” em funçom da sua legitimidade entre o movimento pró-taurino. Trapalhadas que nom despistam nem ao mais ingénuo. Como no seu dia no movimento anti-militarista, cadaquem tem os seus motivos para ser anti-taurino (na minha consciência nom manda ninguém...ainda)
Mas, insisto, o maior problema nom é esse movimento que cresce de maneira imparável. O maior problema é essa maioria que se pronuncia nom com as palavras, mas com os factos. Essa maioria que simplesmente nom vai às touradas nem ainda que lhes presenteiem os bilhetes. Nom há conspiraçons, nem redes ocultas; há desinteresse por umha manifestaçom cultural nom própria, em declínio no seu próprio contexto de origem (nom o esqueçamos) e ligada intimamente a estrategias de fortalecimento de um projeto nacional em crise e à corrupçom política (falemos claro) E, ante tudo, há que falar de umha prática bárbara e lamentável.
Que nom inventem teorias da conspiraçom. O povo nom quer, isso é tudo.