Há dez, vinte anos, quando os comunistas falavam da morte do Euro e condenavam a União Europeia, havia sempre algum imbecil, pós-moderno e bem-citado, que atirava um «anti-europeísta» e dizia qualquer coisa sobre o norte da Europa. Mas quem, neste ano do Senhor de 2015, veja o que vai pelo velho continente, não pode deixar de ouvir o implacável rugir do motor da História. É o som do fim da velha e caduca social democracia, do retorno do fascismo e também do regresso do socialismo, nos termos ousados em que Lenine o plasmou no mundo, como única solução para quem trabalha.
E, mesmo em Portugal, a percepção do mundo que o momento político está a parir não voltará nunca mais ao vocabulário de António Guterres: não se falará mais em «pelotão da frente» nem em «europeísmo», nem tão pouco em «democracia europeia». As ferida são demasiado profundas e já todos compreendemos que não se tira a carne da boca da fera com palavras mansas. O referendo grego provou-o taxativamente.
A Grécia abriu a caixa de Pandora: a confusão reina da direita neoliberal à esquerda social-democrata. As fracturas, que até agora pareciam superficiais tornam-se letais e violentas; o futuro tem a marca de uma incerteza violenta; os velhos nacionalismos vomitam novos fascismos: as premissas dos comunistas provam-se acertadas com os mais terríveis exemplos: é este, meus caros, o implacável espírito do tempo. É esta a luta final.
Fonte: Manifesto74