Mauro Vieira, ministro das Relações Exteriores (?) e sua equipe acertaram o pagamento e em junho Dilma e Obama assinam vários acordos lesivos ao Brasil e aos brasileiros, na visita da brasileira a Washington.
Passou batida uma entrevista do chanceler de Lula, Celso Amorim, advertindo que a ALCA – Aliança de Livre Comércio das Américas – está de volta com toda a força. Amorim sentiu o cheiro dos negócios ajustados e denunciou. A mídia colonizada e a serviço de interesses do capital e dos EUA, lógico, ignorou a entrevista.
Dilma vai aos EUA firmar um acordo que introduz no Brasil a chamada experiência dos Community Colleges na formação de técnicos nos Estados Unidos, segundo visão e interesses dos norte-americanos. Na prática equivale ao acordo MEC/USAID assinado no período da ditadura militar. Formação de robôs americanófilos que acham que o McDonald's é sinal de progresso.
Vai acertar com Obama um acordo de cooperação militar que irá implicar em importação de armas e de tecnologia, logo de submissão, em contraponto aos acordos dos BRICS. A indústria bélica brasileira hoje é dominada por empresas de Israel, principal acionista de ESTADOS UNIDOS S/A. Vamos engolir perspectivas de independência no setor A própria compra dos caças suecos já está se mostrando um desastre, com o relatório do parlamento daquele país sobre as falhas do caça, escondidas pelo fabricante.
Obama vai pedir e Dilma já fez declarações nesse sentido, que o presidente da Venezuela liberte os "presos políticos" e para com "perseguições" contra as forças de oposição. É a primeira vez desde a eleição de Lula que o Brasil se coloca na posição de "mediador" e a pedido de um chefe de governo dos EUA. Um golpe mortal no processo de integração sul americana. Maduro vai sofrer pressões do Brasil, monitoradas e arquitetadas em Washington. Vamos ser parte da constante tentativa de golpe contra a Venezuela.
A dispensa de vistos para que brasileiros entrem nos EUA é uma contrapartida de Obama que, na prática, não vai mudar nada.
A política externa do Brasil com Mauro Vieira inexiste. Deixamos de ser protagonistas para sermos acessórios.
Joaquim Levy ficou nos Estados Unidos de 15 a 22 de abril negociando com o FMI e o Banco Mundial que, entre outras "sugestões", quer que o governo brasileiro acabe com o SUS – Sistema Único de Saúde – e deixe o assunto ao sabor dos planos privados.
E o pior. Um acordo para o uso de tecnologias norte-americanas para exploração das áreas do pré sal. Equivale a abrir as portas para o controle da imensa riqueza nacional para as grandes petrolíferas estrangeiras.
Dilma é oriunda do PDT, partido de Leonel Brizola e o ex-governador do Rio a chamava de "oportunista". Está dando razão a Brizola. Em seu primeiro mandato se valia de Lula e do PT para governar. Tinha a reeleição como perspectiva. No segundo e último mandato afasta-se de Lula, de quem já recebeu críticas e trata o PT a ferro e fogo, obrigando o partido a engolir um ajuste fiscal que só diz respeito às grandes empresas e ao capital estrangeiro.
Os BRICS e a América do Sul parecem ter virado poeira, ou disfarce para o entreguismo da presidente em todo esse jogo em que se vê acuada por sua própria culpa e falta de dimensão para o cargo que ocupa.
O projeto de lei que permite a terceirização de atividades fins e que numa primeira nota da presidência seria vetado na íntegra, noutra oportunidade já se afirma que vai ser vetado em alguns pontos.
É um governo em processo de desmanche, uma presidente com fama de brava, mas que busca caminhos, quaisquer que sejam, de sobrevivência. Uma ou outra medida populista não afeta o cerne do processo de submissão ao neoliberalismo.
E o PT? A militância petista impactada pela ameaça Aécio Neves, pela ditadura do juiz Sérgio Moro, as dificuldades com o Congresso, majoritariamente de direita e o Poder Judiciário marcado pelo partidarismo, ainda crê que Dilma esteja apenas usando de uma estratégia para mais à frente retomar o rumo do primeiro mandato.
Leda ilusão.
O Congresso Nacional do partido, ameaçado inclusive de extinção no jogo sórdido da mídia, tem a oportunidade de enquadrar a presidente e exigir políticas que retomem sua história de partido de lutas. Perdida nos desvãos do poder.
É hora de voltar às ruas com espírito de combate e crítico, mesmo porque há duas formas de críticas a Dilma. Aquela como a de Celso Amorim, que mesmo sem citar o nome da presidente, advertiu para os riscos da ausência de governo e política externa e a tucana, cujo único objetivo é acertar a entrega do Brasil de forma mais acelerada. A da direita, que gosta de exibir cartazes em inglês, pedir a volta dos militares e mostrar "patriotas" nuas em busca de fama e páginas da PLAYBOY.
Os recuos de Dilma soam a recuos desonrosos e de puro oportunismo político, de quem quer apenas continuar presidente, sabedora das poderosas forças que se movem contra ela.
Optou pelo mais vergonhoso. Um acordo com o principal inimigo.