A matéria refere-se ao livro “Representações da fauna no Brasil - Séculos XVI-XX”, organizado pela historiadora Lorelai Kury. Segundo o estudo, os indígenas não tinham uma relação utilitária com os animais. Flávia exemplifica:
Papagaios, araras, periquitos, macacos, porcos do mato, quatis e até mesmo serpentes e tantos outros animais eram recolhidos das florestas tropicais e criados nas aldeias como mascotes.
Já para os colonizadores, “o gato servia para caçar ratos, enquanto que o cachorro era usado no pastoreiro, no transporte, em tarefas diárias nas cidades ou no campo na Europa.”
Esta foi a regra até a chegada dos europeus às Américas. Assim, diz a reportagem, a “intimidade que temos hoje com nossos animais de estimação foi aprendida a partir do período da colonização”.
Na verdade, os índios adotam os animais e cuidam deles como se fossem suas crianças. Mas, assim que são capazes de se cuidar, eles têm que sobreviver às próprias custas.
É uma concepção bem diferente da que prevaleceu com o domínio do capitalismo, sob o qual vale o imperativo de que é preciso transformar tudo em objeto de exploração. Inclusive, e principalmente, a vida.
Felizmente, estudos como o divulgado pela reportagem mostram que outras lógicas são possíveis. E nosso cotidiano, cheio de lulus, bichanos, loros, revela que nossa espécie ainda tem salvação. É possível nos relacionar com a natureza por seus valores de estimação e não pela estimativa de seus valores.