Esta separação costuma criar a ilusão de que políticos e empresários têm interesses diferentes e até opostos. É ela que permite que os políticos profissionais sejam vistos como campeões da corrupção, enquanto seus corruptores fingem ser vítimas do Estado vilão.
De vez em quando, essa mitologia sofre abalos. É o caso das recentes operações da Polícia Federal. Aquela que foi batizada de Zelotes flagrou grossa corrupção envolvendo corporações como Bradesco, Santander, BR Foods, Petrobras, Light e Rede Globo.
Os valores podem chegar a R$ 19 bilhões, mais que o dobro do estimado para a Operação Lava-Jato, outro esquema revelado pela PF e que também beneficia o alto empresariado.
Empresários graúdos também são citados no chamado "Swiss Leaks", que envolve um enorme esquema de evasão fiscal através da filial suíça do banco HSBC.
O fato é que os políticos profissionais são despachantes de luxo, cuja eleição é generosamente financiada pelo grande capital.
O fim do financiamento privado das campanhas eleitorais pode até aliviar essa situação. Mas o que precisamos realmente é da grande maioria fazendo política para não deixá-la sob controle dos grandes empresários e seus office-boys engravatados.
A separação entre política e economia acaba valendo só para os trabalhadores. Redução da jornada de trabalho e salários dignos são algumas medidas econômicas que dariam aos explorados mais tempo e condições para participar da vida política.