Trabalho nada fácil para um ser de dupla moral e que pouco entende de dignidade, de respeito à raiz e aos seus descendentes. Por um lado, é certo que foi uma imensa conquista a sua chegada à presidência, pois havia todo um “Ku Klux Klan” que estava contra. E esta oposição ainda existe, pois o Congresso e a Câmara Baixa estadunidenses são “Ku Klux Klan” e também o são os imigrantes cubanos capitalistas emigrados que querem vê-lo morto por falar de restabelecer as relações com Cuba – mas aplaudem a ingerência que promove Obama na América do Sul (boas) –, bem como Hollywood. Este último tem um peso tão grande nos EUA que é capaz de encher de minhocas a mente das massas. As propagandas contra Obama ainda continuam. O extremismo caucásico ainda está atravessado na garganta e se perguntam “quando foi que este ‘negro’ entrou?”
Entretanto, o que acontece é que Obama é dos que envergonha a herança negra. Por este lado conseguiu encontrar o equilíbrio e manter os extremistas contentes e, embora alguns não queiram compará-lo com líderes do nível de Martin Luther King ou Malcolm X, é impossível não fazê-lo, pois ele logrou chegar aonde nenhum outro afro-descendente chegou neste país. Martin Luther King ou Malcolm X jamais tivessem continuado com a guerra contra o Iraque ou passando por debaixo dos panos suporte a Israel para atacar a Síria e destruir a Palestina. Além disso, jamais apoiariam um bloqueio contra Cuba ou se obstinariam em atacar a América do Sul.
Anos-luz separam Obama de homens de verdade que dignificaram a humanidade e a cor da pele. Por isso, os mataram, mas Obama continua “vivinho” e passeando com os seus sapatos bem engraxados. Até o Prêmio Nobel lhe deram! “Pátria ou morte” ou “Todas as vozes, todas”, isto sim cabia com Malcolm XX e Martin Luther King, pois lutavam pela unificação, dignificação e exigência dos direitos. Já Obama, assalta países, custe o sangue que custar. Que dignidade ele pode dar aos afro-descendentes nos Estados Unidos?
É certo que a vida mudou para ele e para a sua família, quanto a isto não há dúvidas, mas não para a comunidade negra nesse país. Ali está a forma violenta com a qual a policia de todo os Estados Unidos arremete contra a comunidade negra e, se falamos da latino-americana sem documentos, este tratamento é ainda pior. Somente quem é negro ou sem documentos pode falar do que vivemos; o nível de descriminação está bem à frente e é repugnante.
Se Obama tivesse sido outro tipo de presidente, luxo seria honrar com um discurso a comemoração de Selma (cidade do estado de Alabama). Porém, com que cara se atreve a falar de direitos humanos se pretende destruí-los na América do Sul? (a América Central já é “mamão-com-açúcar”). Colocou uma base militar no Peru com todo o atrevimento para se aproximar da Venezuela, da Argentina e do Brasil, que foram uma pedra no sapato, mas que hoje são um bloco indestrutível.
Aqui mesmo, nos EUA, a comunidade afro-descendente continua sendo reprimida e nem é necessário ir tão longe: faz uns dias ocorreu o assassinato de um jovem negro de 19 anos pelas mãos da policia do estado de Wisconsin. Meteram-lhe cinco tiros e como eles são a lei, a verdade é a que eles queiram contar no relatório policial, mesmo que existam vídeos que demonstrem o contrário. Também não nos esqueçamos dos casos recentes de Nova Iorque, Florida e Ferguson, nos quais os assassinos estão livres porque as leis do país os absorveram. Nos Estados Unidos, um policial vai para a prisão se mata um cachorro; porém, se mata um negro, não (e não digo com isto que a vida de um animal não vale nada, mas comparada com a humana...).
Obama não pode se gabar falando de igualdade, respeito aos direitos humanos e conquistas porque não existem. Ele não pode se continua com o bloqueio a Cuba, pois o que demonstra é que é farinha do mesmo saco. Não pode estar jogando dos dois lados, a política interior deve ser igual a exterior. A América do Sul sabe disso e se alia a quantos países deseje unidade e progresso para todos (pois são socialistas). Vejamos os aliados dos Estados Unidos: o que é que procuram, de que forma se tornaram ricos e de que forma se impõem? Ele não pode falar de direitos humanos se o seu governo foi o que mais deportou imigrantes sem documentos.
Ficarão as suas fotografias caminhando junto à sua família na ponte Edmund Pettus e o seu discurso camaleônico. Entretanto, para que ele dignifique a sua raiz negra, que as suas palavras demonstrem que as leis respeitam a todos os seres humanos por igual sem importar a cor e que os Estados Unidos respeitam os direitos humanos de imigrantes sem documentos há anos-luz de diferença. A sua fachada de socialista é mais capitalista que os da Ku Klux Klan. O papel aguenta com tudo, mas é a ação que conta.
Louvor às vítimas do Movimento pelos Direitos Civis nos Estados Unidos, que o seu exemplo de integridade humana seja a luz que nos ilumine no mundo inteiro e que nos una em um só sangue vermelho.
PS: e como por aí anda uma pessoa mais capitalista que os próprios capitalistas, uma “tal” Hillary Clinton, que bem podia ser apelidada de Ku Klux Kan, não chega nem aos pés de Rosa Parks. Sem dúvida, se em algum momento consegue a presidência, vamos vê-la nessa mesma ponte, também com um discurso camaleônico ao melhor estilo da Casa Branca.
8 de março de 2015.
Estados Unidos.