Estamos às vésperas de duas manifestações, sendo uma delas contra um governo cuja popularidade está no chão. No Congresso Nacional, começaram os depoimentos da "Lava-Jato" que são capazes de jogar muito óleo sujo no ventilador petista.
E, diante desse desastrado senso de oportunidade, ainda há petistas que se assustam com ricos batendo panelas.
Não se trata do discurso da presidenta em si. Quem foi amassar baixela nas varandas nem se deu ao trabalho de ouvi-lo. Já aqueles que lavam as próprias panelas, só confirmaram a impressão de que vai sobrar pra eles de novo.
A possibilidade de um impeachment ou golpe está mais na boca dos petistas que do povão. A manifestação do dia 15 pode até atrair multidões, mas nem os tucanos admitem a ideia de se livrar de Dilma.
O senador Aloísio Nunes Ferreira, do PSDB, declarou que não quer "um país presidido por Michel Temer". Prefere "sangrar a presidente", diz ele. Para Fernando Henrique, o impeachment é como uma "bomba atômica". Serve "para dissuadir, não para usar".
E a dissuasão "nuclear" parece estar funcionando. Há gente do governo que defende um pacto político que inclui os tucanos. Tal como acontecia na Guerra Fria, as grandes potências acabam se entendendo, mesmo mantendo a cara feia.
O fato é que as medidas anunciadas por Levy e confirmadas por Dilma nem começaram a fazer efeito. Quando isso acontecer, os governistas podem sentir saudades da batucada promovida pelas madames.