Política de preços: A origem geopolítica
A queda no preço do petróleo apresenta em suas origens – veja que não afirmo como única causa – a política de segurança energética dos Estados Unidos. Esta política tem em seu fundamento a independência do país em relação ao petróleo importado do Oriente Médio.
Os EUA abandonaram os príncipes da Arábia?
Ao contrário. Este corte nos valores do petróleo não parece preocupar muito os príncipes proprietários da ARAMCO que participam alegremente, vejam o exemplo da refinaria Motiva Port Arthur, dos investimentos necessários à concretização da política de segurança energética dos EUA.
A refinaria Motiva Port Arthur é a maior e a mais moderna dos Estados Unidos está apta para refinar, inclusive, o óleo de xisto e metade desta empresa pertence aos príncipes.
O envolvimento da nobreza árabe em negócios nos Estados Unidos é amplamente conhecida e inclui a participação da oligarquia dos Bush e a família real "proprietária" do petróleo árabe.
Recordando: Durante o fechamento do espaço aéreo dos Estados Unidos em decorrência dos ataques de 11 de setembro somente um avião comercial recebeu autorização para decolar. Esta aeronave transportava dezenas de príncipes e princesas em direção aos seus respectivos palácios. Oligarquia e monarquia tudo a ver.
A segurança energética dos EUA inclui todo o continente americano
A política de segurança energética dos Estados Unidos não encontra limites territoriais. Vejamos:
a) No Canadá a produção de areia betuminosa foi dirigida para atender este objetivo embora desorganize a economia canadense atualmente voltada para a exportação de óleo aos EUA;
b) O governo mexicano, apesar da oposição popular, avança em seu intuito de privatizar a PEMEX garantindo novas áreas produtivas aos interesses de segurança e mercadológico dos EUA;
c) O controle das Ilhas Malvinas também surge como obstáculo à plena execução do projeto de segurança dos EUA. Um governo nacionalista não convém quando o assunto é petróleo.
d) A Venezuela, importante fornecedor dos Estados Unidos, enfrenta problemas para manter a política econômica do petróleo independente. Ao dirigir os recursos decorrentes da exploração ao projeto nacional de desenvolvimento.
A opção evidente dos Estados Unidos é promover a derrubada do presidente Maduro. Fato inédito na história?
Neste ponto precisamos observar que: O governo da Venezuela representa um entrave ao projeto de lucro máximo, mesmo com preços reduzidos, considerando as limitações decorrentes do controle estatal da produção petrolífera.
Nos Estados Unidos os petroleiros estão em greve por aumento de salários e garantias sociais. Este fato não ocorria há 30 anos e mostra o aumento na exploração da mão de obra. O menor preço compensado com maior exploração. A Venezuela representa sim uma barreira ao modelo econômico voltado aos interesses das oligarquias dos Estados Unidos.
Quanto ao aumento da exploração da mão de obra vejam a declaração do ex-diretor da Reserva Federal dos EUA Alan Greenspan: "A principal tarefa do setor petrolífero dos Estados Unidos consiste em reduzir os custos da produção para manter a sua posição de liderança no mundo".
A Petrobras na mira
Alguém ainda considera coincidência a campanha contra a Petrobras? Basta uma simples consulta aos grandes jornais para notar a movimentação descarada dos interessados em privatizar a empresa nacional. Perderam totalmente o pudor e assumem a condição de entreguistas oferecendo o patrimônio do povo brasileiro ao deus mercado.
Os jornais brasileiros apresentam a Petrobras como empresa falida ocultando a crise e números negativos das demais petrolíferas. Neste ponto o leitor pergunta: Está bem prof. Wladmir Coelho; Se todas as empresas encontram-se em dificuldades financeiras quem vai comprar a Petrobras?
Respondo: A política de segurança energética dos Estados Unidos apresenta como elemento executor as empresas privadas de petróleo. O Estado atua como entidade em condições de garantir as estratégias de concentração de mercado apoiando a empresa em melhor condição de controlar as demais. Esta operação é simples e funciona através de fórmulas como acordos comerciais, subsídios, empréstimos financeiros em condições especiais e redução dos encargos trabalhistas. Existindo qualquer entrave para execução destas medidas entra em cena o canhão.
Nenhuma relação com práticas de mercado como andam escrevendo, tentando confundir o povo, nos jornais do Brasil.
Recentemente um grande jornal dos Estados Unidos anunciou que a Exxon seria a empresa ideal para iniciar o processo de aprofundamento da concentração no setor petrolífero.
Vejam bem: A EXXON apresentou queda nos valores de suas ações, anunciou cortes elevados de investimentos, fechou projetos e jornal nenhum do mundo cobrou a troca da direção por nomes mais "identificados com o mercado". Ao contrário: Os executivos das grandes petroleiras reuniram-se e elegeram o presidente da empresa o melhor administrador do ano de 2014.
O retorno da múmia ou a Segurança Continental do general Távora
Nos anos de 1950 o general Juarez Távora defendia a mesma política ora desenvolvida pelos Estados Unidos. Acompanhado de entreguistas, fardados e civis, viajou o país afirmando o seguinte: O Brasil deve manter a propriedade do bem mineral, mas a exploração econômica deve ficar a cargo das empresas dos Estados Unidos. A alegação para fundamentar esta opinião era a Segurança Continental.
A doutrina defendida pelo general Távora entendia que os Estados Unidos, ao controlar a produção, teriam garantido o acesso ao combustível necessário a proteção e defesa do continente. Naquela época a ameaça de plantão eram os soviéticos.
O povo brasileiro não aceitou esta balela e foi às ruas exigir a criação de uma empresa nacional para garantir a auto-suficiência. 60 anos passaram-se e continuam os ataques contra a vontade popular.