Que opções tinha o governo Alexis Tsipras?
1-Poderia romper com a UE e, de bolsos absolutamente vazios, logo absolutamente incapacitado de cumprir promessas quanto a aumento de salário mínimo e readmissão de servidores, de áreas estratégicas, demitidos na base da tesoura sem critério, ver o país mergulhar no caos absoluto. Ver o país se encaminhar para os braços da direita fascista, ainda muito ativa no país.
2- Garantir, por acordo, o fluxo de divisas previsto no plano de austeridade, mas com cortes nas exigências de austeridade. Ou seja, conseguir que os recursos a serem aportados pelo BCE não se destinassem exclusivamente a manter o pagamento de juros de uma dívida, que não cessa de crescer, com os bancos alemães principalmente.
A discussão deve se dar então sobre as variáveis do ponto 2, porque não creio que alguma mente minimamente racional optasse pelo rompimento brusco e imediato.
De pronto, é sempre bom lembrar que, diferentemente do Brasil, a Grécia não possui petróleo; não possui um parque industrial de peso significativo. Não possui os recursos naturais, e os minerais estratégicos que o Brasil possui. É sempre bom lembrar que a Grécia vive de turismo e azeitonas.
Do que se sabe até agora sobre o acordo, é que o grande irritado; o que se considera derrotado porque se obrigou a entubar o que os parceiros mais vulneráveis aceitaram, é o ministro das finanças do IV Reich. Queria a submissão total e perdeu.
Só o futuro vai definir, portanto, se houve ou não alguma "carta aos gregos", a partir da forma como serão aplicados os recursos do BCE; a partir do confronto das autoridades gregas e os representantes da Troika. A partir daí, sim, vale uma avaliação sobre o caminho definitivo do governo Syriza. Serão mantidas as privatizações? Será mantido o arrocho salarial? Será mantido o desmonte dos serviços públicos essenciais?
De pronto, a sensação é que nada superou, em termos de concessão, aquilo que os revolucionários soviéticos assinaram com a paz de "Brest-Litovsk" ou com a "NEP".
Torcendo pelo sucesso do Syzira e não pelo fracasso salvífico para aqueles que por todos os meios tentam justificar as traições em Pindorama.
Luta que segue, portanto.