A manifestaçom tinha lugar em Compostela e congregava vários milhares de pessoas, algumhas centenas procedentes de fora da Galiza.
Alguns setores do nacionalismo e do independentismo, assim como parte do associacionismo cultural, decidírom dar resposta (cada qual polo seu lado, isso sim) à marcha ultra-espanholista encabeçada por Gloria Lago e secundada pola extrema-direita. Umha maioria das organizaçons políticas do soberanismo e a entidade maioritária de defesa da língua (a Mesa pola Normalización Lingüística) optárom polo silêncio. No caso da MLN, a reaçom foi posterior à manifestaçom de Galicia Bilingüe, com umha comparência horas depois perante a imprensa do entom presidente da associaçom, Carlos Callón. Outros figérom as suas avaliaçons nos dias seguintes, parabenizando-se do pretenso fracasso da marcha supremacista, nom sem aproveitar a oportunidade para desqualificar aqueles e aquelas que, no seu momento, decidíramos que nom podíamos aceitar umha demostraçom de ódio à nossa língua nas ruas da capital da Galiza.
Suponho que como cada quem sabe onde estava esse dia e porquê, nom será necessário deter-se em assinalar quem saiu à rua a contestar a marcha do ódio protagonizada polos acólitos de Gloria Lago, e quem ficou na casinha, comodamente resguardado da persistente chúvia daquele dia e da, aliás, nada suave repressom policial, na qual houvo paus para tod@s @s contra-manifestantes, além de várias detençons. No que sim porei o acento é em que a esquerda independentista tivo clara a necessidade de sairmos à rua desde o primeiro momento, apesar de que a sua decisom lhe valeu insultos, burlas, críticas despiadadas, acusaçons muito graves e absolutamente nengumha solidariedade, nom sendo algumha mostra individual de empatia e pouco mais.
A respeito do sucesso ou fracasso daquela manifestaçom, eu acho que um êxito sim há que reconhecer-lhe. Deu que falar e conseguiu criar contradiçons (ou onde nom, evidenciá-las) entre quem defende a nossa língua. A nossa derrota o foi flagrante "orsay" em que nos apanhou a convocatória dos galegófobos.
Também cumpre assinalar umha debilidade que fica ao descoberto, pola parte do nacionalismo maioritário: ter caído refém do discurso do falso consenso e nom poder libertar-se dele, apesar de o pretenso consenso estar roto. A Mesa pola Normalización Lingüística e Galicia Bilingüe acusam-se mutuamente de "criar um conflito onde antes nom havia"; surpreendentemente, nengumha das duas entidades reconhece que o conflito lingüístico estava soterrado e que o questionamento do corpus legal que "garantia" a presença pública do galego marcou foi umha fase de "campo aberto" para o confronto.
Tam a reboque se vai do discurso galegófobo, que as legendas das convocatórias ficam em vaguidades como "polo direito a viver em galego" ou "queremos galego" e sempre se fala de defender a liberdade e nom a imposiçom, de enriquecer, de dar opçons, enfim; joga-se à defensiva perante um rival que ataca sem trégua e sem complexos.
De NÓS-UP, o que defendemos é que a língua é inegociável e indiscutível; o galego é a língua nacional. Como no seu dia Castelao dixo: "somos galegos e galegas por obra e graça do idioma". Evidentemente, pertencer ao povo galego é umha questom além de umha circunstáncia geográfica ou administrativa. Atacar o galego pretendendo postergá-lo ao uso meramente coloquial, querendo expulsá-lo do ensino, da comunicaçom social, da cultura moderna, da administraçom, da justiça, da política, da empresa... é um ataque a quem fala, escreve e lê habitualmente galego, mas também a todo o povo galego. A língua é obra do povo, foi no seu seio que se formou e que evoluiu. Também é o que nos torna diferentes perante resto do mundo e é o elemento graças ao qual podemos considerar-nos naçom. Nom seria um facto inóquo a desapariçom do galego nas terras que o vírom nascer, nem ser galego significaria o mesmo, umha vez que se consumasse tal cenário.
Neste dia 8 de fevereiro de 2015, há manifestaçom em defesa da língua, convocada pola plataforma Queremos Galego. Eu acho em falta, sinceramente, maior contundência nas mensagens. E, sobretudo, maior conseqüência nos atos. Porque se escolhe o 8 de fevereiro para essa manifestaçom? Afinal, o 8 de fevereiro é reivindicável? E em que sentido é reivindicável? Nom fora um fracasso a convocatória do GB e nom estivera fora de lugar a reaçom dos diferentes coletivos e organizaçons que a contestárom?
Certamente, nós sim reivindicamos o 8 de fevereiro, estamos orgulhos@s daqueles companheiros e companheiras que sofrêrom a repressom: nom @s consideramos nem descerebrados que "fam o jogo" a Galicia Bilingüe, nem cousas piores que se tenhem escuitado e lido por aí adiante. Vam ser mencionados na hora de se ler o comunicado ou nalgum momento antes de dar por fechado o ato? Vai-se dar voz a algumha das organizaçons e coletivos que saírom à rua naquele fatal 8 de fevereiro de 2009?
Naquele 8 de fevereiro de há 5 anos, saímos à rua para defender nom outra cousa que o galego como língua da nossa naçom. Porque nom há nada que tolerar a aqueles que nos venhem insultar à nossa casa; nom se negocia, nem se discute, nem se debate com o fascismo. As equiparaçons a partir da retórica barata entre quem vem agredir e quem se defende, colide com essa estranha escolha de data, na qual, em princípio, e a julgar pola literatura produzida ao respeito, nada aconteceu digno de ser reivindicado por aqueles que decidirom nom contestar. Esta escolha de data é um reconhecimento de que alguns nom figérom o correto? É o reconhecimento de que os descerebrados "que faziam o jogo a..." ou que "pareciam pagos por..." na realidade tinham algumha legitimidade?
No dia 8 de fevereiro, nós estaremos para reivindicar a língua com a palavra e com as ideias, mas também para dizer que, se for necessário, daremos a batalha corpo a corpo com o fascismo. No dia 8 de fevereiro, estaremos para reivindicar a língua nacional da Galiza, e para lembrar que nom renunciamos a que o galego seja a língua em que se expresse a totalidade do nosso povo.
E, sobretodo, estaremos para recordar que aquele 8 de fevereiro de há cinco anos, alguns e algumhas ganhamos o direito a reivindicar essa data, para nós e para outros setores que nom tivérom umha atitude tam digna. Em todo o caso, graças a nós, o 8 de fevereiro de 2009 houvo mais do que umha manifestaçom de elementos galegófobos.
Fonte: Primeira Linha