Os aparatos de segurança e a grande mídia afirmam que os autores do atentado são muçulmanos. Eles teriam lançado gritos de louvor a Alá durante o atentado.
No entanto, são muitos os que teriam motivos para comemorar a tragédia que atingiu o periódico francês. O semanário costuma satirizar não apenas seguidores fanáticos de Maomé. Faz o mesmo com extremistas cristãos, altas autoridades do Vaticano, políticos conservadores e fascistas em geral.
Um dos mais recentes alvos do periódico foi o escritor Michel Houellebecq, que lançou o romance “Submissão”. A obra vem sendo acusada de jogar água no moinho do racismo contra os muçulmanos.
O jornal se definia como pluralista de esquerda. Mas para fanáticos, religiosos ou não, basta ser pluralista para se tornar alvo de seu ódio. Portanto, é possível que a invocação a Alá no momento do ataque tenha partido de um islamófobo para atingir a comunidade muçulmana.
Mas, ainda que os assassinos sejam islâmicos, nada autoriza a estender a condenação que merecem a todos os seguidores da fé muçulmana e a suas crenças.
É o que revela, por exemplo, Reza Aslan em seu livro “No god but God”. A obra mostra que o respeito às outras religiões e a preocupação com justiça social são valores presentes nos ensinamentos de Maomé.
A resposta a atos como este não cabe a governos, sacerdotes ou vingadores. Virá da mobilização social, plural e libertária.