Na frente do Planalto, apenas tropa mobilizada (cadê os 40 mil?), deixando saudades do maremoto de gente, que até a pé chegou a Brasília em 2002.
Não é por acaso.
A desmobilização crescente, deliberadamente organizada desde então, pelo próprio Lula, e que até sentiu certa recuperação durante a campanha do segundo turno, em função do risco de restauração predatória do mandarinato tucano-pefelista caso não houvesse o veto a Aécio [Neves], se explica.
Explica-se principalmente pelo desencanto crescente com o pacto conservador de alta intensidade, por conta de um reformismo débil, e que se sentiu reforçado - na contracorrente do que se prenunciava na campanha eleitoral - tanto pela indicação dos titulares da área econômica como pela mediocridade dos indicados pelos partidos da chamada "base aliada".
E isto é grave, tendo em vista a forma escancarada com que a direita mais reacionária do país hoje embandeira uma hostilidade institucional, para citar os porta-vozes no Congresso e na mídia mais conservadora, quando não golpista, a considerar segmentos crescentes e organizados na sociedade.
Quanto ao discurso, deixando de considerar o autoelogio na enumeração do que são consideradas conquistas do governo, o diferencial expressivo em relação ao que seria produzido pelo seu opositor, caso tivesse sido eleito, foi a reafirmação da prioridade latino-americana e caribenha como eixo da política externa. É muito se comparado ao que seria feito pelos tucano-pefelistas, mas quase nada diante do recuo diante de questões fundamentais do que se esperava da presença da legenda do PT no Planalto - Reforma Agrária; Reforma Tributária progressiva e anti-privilégios ainda concedidos, e certamente a serem mantidos, ao grande capital; um posicionamento corajoso sobre Auditoria da Dívida Pública, com destaque para menor submissão ao socialmente predatório superávit fiscal, território de esbórnia dos banqueiros e dos mega-especuladores dos "livres mercados".
Ou seja; expectativa de mais quatro anos de mais do mesmo. Comparação gestionária entre a administração lulopragmática e a administração FHC.
É muito pouco. É a derrota de uma geração.
Não há de ser nada. A despeito da vilania, Luta que Segue!