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Ramiro Vidal

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A república do verbo

Desinfetar o futebol de política? Nazis nos estádios e outras ervas

Ramiro Vidal - Publicado: Terça, 30 Dezembro 2014 16:58

O desporto, nom é política e os valores do desporto nada tenhem a ver com nacionalismos, racismos e ódios entre cidades, regions ou naçons.


O desporto liberta-nos de fronteiras políticas, lingüísticas, religiosas ou de qualquer outra índole. Ou isso teimam em transmitir-nos, ainda que com os factos nos demostrem o contrário.

É habitual ver, em qualquer estádio do estado espanhol, simbologia nazi nalgumha zona da bancada. Estamos afeitos e afeitas a vê-lo, e mais aló de que nos pareza melhor ou pior, nom nos sobressalta. É o mais normal do mundo. E nom é umha cousa nova; desde há décadas é assim. Swásticas, cruzes célticas, bandeiras espanholas com o escudo franquista...durante algum tempo houvo quem pensou que era umha questom meramente estética, que esta gente em realidade nom conhecia o verdadeiro significado de todos esses símbolos. Com o tempo foi-se sabendo que grupos de extrema direita controlavam certas claques de futebol e que faziam captaçom e mesmo negócio desde aí. Como chegarom a controlar determinadas zonas do estádio?

Como já assinalei no seu dia, os clubes nom som alheios à apariçom destas claques, que nom ocultam o seu signo ideológico e que som as que na imensa maioria das ocasions protagonizam os factos violentos nos estádios e nas suas proximidades. As “bancadas jovens” forom um invento para assegurar a afluência de um setor de público que acodisse incondicionalmente aos jogos e que animasse com intensidade, fosse qual for a trascendência do encontro ou for favorável ou adverso o resultado. E a fórmula para conseguir isso nom fai falta ser um grande génio para imaginá-la...bilhetes baratos, facilidades para viajar com o clube, e outros pequenos-grandes privilégios como liberdade de certos membros da claque para mover-se polo estádio, incluídas zonas de accesso reestrito como a cancha ou os vestiários, locais próprios nas dependências do próprio estádio...

Incoerência no discurso político

O que resulta bastante cínico é que se fale do fenómeno “ultra” como de umha cousa surgida por geraçom espontánea. Criarom-se as condiçons para que apareceram estas claques, e entregou-se-lhe a determinados elementos a gestom de um espaço do estádio. A eleiçom nom foi aleatória, nem casual, nem inocente. Alguém pescudou as origens dos homens fortes do futebol? De facto, quê som os clubes de futebol? A sua situaçom jurídica varia, uns som formalmente empresas e outros nom, mas todos aqueles que militam em categorias profissionais achegam-se mais a esse estátus do que ao de umha ONG ou umha associaçom cultural. Por de pronto, um trabalhador de Alcoa, umha dona de casa, umha funcionária de nível meio ou baixo, ou um empregado do comércio nom podem optar a ser presidentes de um clube de Primeira ou Segunda divisom. Polo geral, os presidentes dos clubes de Primeira e Segunda som empresários, e empresários de embergadura...nom som alguém que tem um bar ou umha lojinha num bairro operário. Abondam os construtores. E, ideologicamente? Conhece alguém a algum presidente de Primeira ou Segunda que destaque pola sua militança de esquerda? Por contra, de alguns sim que conhecemos um passado mais ou menos recente vinculado à extrema direita. Trascendeu recentemente que o Presidente da Liga de Fútbol Profesional foi militante de Fuerza Nueva, enfim, nom fai falta sequer ranhar demaisado, o próprio presidente do patronato do futebol vem de onde vem.

Mas como ultimamente os enfrentamentos entre claques de extrema direita e outras claques nom identificadas sob esse signo estám a intensificar-se e a ter freqüentemente resultados trágicos, patronato do futebol, mídia comercial e classe política estám a socializar um discurso tendente a legitimar medidas que pretensamente poriam couto a estas situaçons. E há umha especial preocupaçom pola simbologia e os cánticos. Como se a balsa de legitimidade que o próprio stablishment do futebol criou entorno a certas “cartas de apresentaçom” e certas atitudes nom fosse obra própria, e como se a correçom estética fosse esconjurar o demo da violência. Umha curiosa maneira de “matar o mensageiro”.

Resulta ingénuo pensar que a umha pessoa convencida politicamente lhe vaiam mudar a ideologia porque nom lhe permitam a entrada ao estádio portando determinadas bandeiras, cachecóis ou faixas. A mim esse tipo de medidas parecem-me de um paternalismo impróprio de um ámbito democrático. Umha pessoa com pensamento crítico nom se vai impregnar de ideologia nacionalsocialista por muito que veja simbologia dessa tendência num estádio ou onde for. Poderia ser coerente a medida, se vivíssemos num estado que deixa fora da legalidade plantejamentos de corte xenófobo ou predicadores da supremacia racial, que nom é o caso. Poderia ter sentido prohibir a simbologia nazi e fascista nos estádios, se se prohibisse na rua, noutro tipo de espaços públicos; no que é puramente domínio público como ruas, corredoiras e praças, prédios oficiais e demais, como en cemitérios públicos ou nom, adros de igrejas, fachadas de prédios privados...

Mas resulta que os mesmos políticos que falam de repremer simbologia “incitadora ao ódio” ou verbalizaçons discriminatórias nos estádios, depois em ámbitos que lhes competem mais diretamente nom agem em conseqüência para o que predicam a respeito do mundo do futebol. Nom cumprem nem fam cumprir com a legislaçom que ao respeito produz o estado que dim defender. Quantos elementos de imaginário fascista, com condiçom de monumentos ou sem ella, perduram nos nossos núcleos urbanos. Incontáveis. Amparando-se na reconciliaçom, na máxima de “nom abrir feridas”, numerosos presidentes de cámara municipal nom fam o que tenhem que fazer. Seguramente se lhe perguntam a Abel Caballero quê opina de prohibir simbologia fascista ou alegal nos estádios, ele concordará e manifestará a sua repulsom polos hooligans de umha ideologia ou de outra...agora, que se lhe perguntam quando vai retirar a Cruz do Castro, já sabemos o que vai responder. Responderá que em aras da convivência, da democracia, da concórdia...nom a vai retirar. O que nos leva a perguntar-nos, nom era Franco aliado de Hitler? Os nazis ibéricos que matavam galegos e galegas eram menos maus que os nazis mil vezes retratados por Hollywood, que chantavam campos de concentraçom por Europa adiante? Visom distorsionada e hipócrita é a que temos do fascismo.

Segundas intençons

Quando o sistema fala de pôr couto ao problema da violência censurando propaganda e atitudes incitadoras a exercer tal violência, fai-no com armadilha. Fai-no com a intençom de cortar a liberdade de expressom nos estádios. Equiparam a simbologia nazi com a simbologia patriótica galega ou com a simbologia anarquista ou comunista. Do que falam é de isolar os estádios da voz da rua, suprimindo um direito fundamental. Isto é hipócrita e arbitrário, porque até o momento todos os passos jurídicos que se derom no sentido de suprimir simbologia “nom correta” só serverom para pôr no alvo precisamente às claques antifascistas.

Mas é que é ilegal ser nazi? Nom pergunto se deveria sê-lo. Pergunto se é. E sobre tudo, haveria que perguntar-se, se ser nazi deveria ser ilegal, porque postula ideias contrárias aos valores supremos do estado, aos direitos humanos, etc, etc (falo desde a argumentaçom que se poderia dar desde o atual ordenamento jurídico do estado espanhol) entom, porquê as organizaçons políticas que abraçam a ideologia nazi som legais? Nom resulta um pouco falso plantejar nom permitir a simbologia nazi nos estádios, num estado onde organizaçons tais como Falange Española de las JONS, Democracia Nacional, España 2000 ou Movimiento Social Republicano se podem apresentar às eleiçons sem nengum problema? Tenhem prohibido estas organizaçons convocar comícios ou manifestaçons? Deveria-se começar por aí. Claro que, a certos níveis nom sei o que será mais perigoso, um grupo de nazis organizado que utiliza o espaço público para fazer propaganda das suas ideias, ou o fascismo institucional do PP, PSOE e adláteres que contribuim a fazer eterna a estela de Franco.

Cheira a podre tanta hipocrisia, porque dim que querem acabar com a violência e depois a única soluçom que implementam é a policial. Tratam-nos como gando; som umha manda de indivíduos amorais, que vivem do teto de um sistema cruel de exploraçom e terror. Som tam faltos de ética, moral e princípios, que se apoderam do cadáver de Jimmy, da dor da sua família e os seus amigos, insultam ao povo galego e à gente da Corunha, redessenham o seu retorzido esquema repressivo e dim que é pola nossa segurança. Por certo, de observáncia da lei, de respeito dos direitos fundamentais, ás instituçons e outros....vai velar por isso todo um presidente do Real Club Deportivo de La Coruña que se nega a adaptar o nome do clube à realidade legal, respeitando a toponímia oficial da cidade, por exemplo? Nom expressar-se em galego e negar-se a normaizar a língua num clube...nom é umha atitude de ódio lingüístico? Por exemplo...


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